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29 de dezembro de 2009

Redação

Perceberam que os temas de redação em cidades maiores ou com um número maior de candidatos sempre é mais difícil. Por quê? Concorrência. Vejam esse de São Paulo.
TEXTO I
Depois Daquele Beijo
Fábio Cordeiro, 27 anos, seis de profissão, é um paparazzo que pelo menos três vezes por semana frequenta a praia do Leblon em busca de celebridades para fotografar. O Rio de Janeiro é uma espécie de Hollywood brasileira, em parte por abrigar os artistas da rede Globo, só que com belas praias, o que deixa as pessoas naturalmente mais expostas. Naquela sexta-feira 25 de fevereiro, Cordeiro não precisou esperar muito-às vezes faz plantão de até oito horas. Uma babá deu a dica. Chico Buarque de Holanda estava na área e ela também queria fotografá-lo. Ele ficou observando o cantor tirar o tênis, cumprimentar uma moça e ir para o mar. Logo em seguida, a moça mergulhou, eles conversaram, se abraçaram, se beijaram e saíram da água de mãos dadas. E o fotógrafo registrou tudo."Invasão de privacidade é quando você tem que vencer um obstáculo ou entrar em propriedade privada."
Ao lado de Cordeiro há opiniões de peso. Edson Vidigal, presidente do STJ, diz que, realmente, o fato de uma pessoa pública ser fotografada em local público não caracteriza invasão de privacidade. Ele cita o Carnaval de 1994, em que a modelo Lilian Ramos foi fotografada sem calcinha ao lado do presidente Itamar Franco. Vidigal adverte que fotos tiradas por cima de muros, com teleobjetivas, estas sim, são claras violações de privacidade. Antônio Carlos de Almeida Castro, um dos advogados de Brasília, lembra que não há diferenças entre pessoas famosas e desconhecidas em lugares públicos."Se um casal é flagrado junto num jogo de futebol, e outros não poderiam saber, trata-se de uma infelicidade, e não de violação de privacidade.
TEXTO II
Sob o Olhar do Twitter
Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Público e privado começam a se confundir. Privacidade vai mudar ou desaparecer.
O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensagem curta que tenta encapsular uma ideia complexa. Não é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas de milhões de pessoas o praticam diariamente. No mundo todo são disparados 2,4 milhões de SMS por mês, e neles cabem 140 toques ou pouco mais. Também é comum enviar e-mails, deixar no orkut, falar com as pessoas pelo MSM, tagarelar no celular, receber chamadas em qualquer parte, a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados, na verdade, de várias formas. Há 1,57 bilhão que usam a internet e 3,3 bilhões com celulares-e as duas redes estão se fundindo. Há uma nova sintaxe em construção, a das mensagens. Práticas da internet migraram para o mundo do celular invadiram a rede de computadores. A difusão de informação digital iniciada em 1995 está se aprofundando e traz com ela mudanças radicais de costumes. As pessoas não param de falar e não querem parar de receber. Elas querem se exibir e querem ver. Tudo.
O mais recente exemplo da demanda total por conexão e de uma nova sintaxe social é o Twitter, o novo serviço de troca de mensagens pela internet. Criado em 2006, decolou no ano passado e já tem 6 milhões de usuários no mundo. O twitter pode ser entendido como uma mistura de blog e celular. As mensagens são de 140 toques, como os torpedos dos celulares, mas circulam pela internet como os textos de blogs. Em vez de seguir para apenas uma pessoa, como no celular ou MSM, a mensagem do Twitter vai para todos "os seguidores"- agente que acompanhao emissor.
Outro aspecto do Twitter que provoca controvérsia é a invasão de privacidade. AS conversas que se travam no serviço são públicas. Basta se registrar como seguidor de alguém-não é preciso autorização para acompanhar as conversas. Mas qualquer pessoa pode ler a página de alguém no Twitter sem ter conta. Coisas pessoais acabam tornadas públicas, de maneira ingênua."Aqueles que não entendem suas vidas públicas on-line estarão um dia à mercê daqueles que entendem e sabem como cavar aquelas maravilhosas histórias que as pessoas estão deixando na internet", diz John Grohol. Essa é uma questão que não tem o mesmo valor para diferentes gerações. É possível que os adolescentes e jovens de hoje se arrependam de seus perfis abertos no Twitter e no Orkut. Mas é possível , também, que eles construam uma nova relação com suas personas digitais, uma relação muito mais aberta e permissiva do que a geração anterior seria capaz de admitir. A nova ideia de privacidade em construção convive com o exibicionismo e o voyeurismo da rede.

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