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13 de julho de 2013

Para refletir

A retórica é a arte  da persuasão. É jogo verbal, construção de raciocínios, com fins determinados. Os sofistas eram tidos como indivíduos habilidosos que poderiam convencer as pessoas sobre qualquer coisa. Instalados, às vezes, em praças públicas, alugavam seus discursos a clientes que necessitavam de defesa em tribunais. Nos diálogos socráticos, o sofista Górgias - que viveu 109 anos - diz que o poder do orador é maior do que de um médico. Um orador pode, com a sedução de seu discurso, convencer alguém a tomar um remédio ou a fazer uma operação muito mais que um médico.
Essa metáfora médica revém nos textos filosóficos quando Sócrates e Platão, tentando mostrar os riscos do discurso persuasivo, compara o retórico, não ao cozinheiro que nos alimenta, mas àquele que nos faz ingerir produtos que engordam, ou seja, que produz coisas que nos agradam, porém danosas à saúde, muitas vezes.
Nesse fascínio pelo discurso, os gregos foram também os primeiros a usar  explicitamente a linguagem como esporte, a linguagem como jogo, e é interessante assinalar que, na palavra"convencer", está também a presença do jogo, de "vencer" o oponente. Assim, estabelecia-se um paradoxo, pois o vencedor não era necessariamente o que defendia a causa mais justa, mas o que apresentava o melhor discurso. Como nos tribunais ainda hoje, os grandes crimes exigem grandes e habilidosos advogados que verbalmente neguem esse crime. O discurso usado como encobrimento, como deslocamento da verdade.

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