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30 de setembro de 2014

Ciências humanas e o ENEM

Seguindo a série do nosso Portal em que trazemos informações mais detalhadas sobre o conteúdo de cada uma das quatro provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), trataremos neste texto da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
No Enem, tal prova é aplicada no primeiro dia (sábado) e, a exemplo das outras, traz 45 questões que são divididas entre as disciplinas de filosofia, história, geografia e sociologia.
Entre as características da prova de Ciências Humanas, vale mencionar:
  • Maior frequência das disciplinas de Geografia e História nas questões;
  • A interdisciplinaridade, que exige o conhecimentos de mais de uma matéria para solução de determinado iten, é muito utilizada nos enunciados e textos de apoio;
  • Embora ainda em menor quantidade, questões de sociologia e filosofia vêm crescendo a cada edição, tratando assuntos como ética, cidadania, democracia, identidade e cultura;
  • Entre os conteúdos de Geografia, problemas urbanos, questões ambientais e relacionadas a agricultura / pecuária são os mais recorrentes nos últimos anos;
  • A disciplina de história costuma trazer sempre questões que abordam estado, direitos e território, avanços tecnológicos e sua relação com a Revolução Industrial, movimentos sociais ao longo do tempo e história do Brasil.
Após familiarizar-se com o perfil da área de humanidades do Enem, recomendamos que acesse as indicações abaixo para visualizar, em sequência, todo o conteúdo programático exigido nesta prova bem como sites e blogues que elegemos como os melhores do Brasil na oferta de conteúdo e informação de qualidade relacionados a cada uma das disciplinas.
Com a “faca e o queijo” em mãos, não lhe resta outra opção a não ser começar seus estudos e “devorar” a prova de Ciências Humanas!

Técnicas para entender melhor um texto do ENEM

Quem já prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou fez simulados nesse modelo já deve ter percebido que a prova tem textos de apoio e enunciados bem longos. Muitas vezes, inclusive, os candidatos não conseguem fazer todas as questões por falta de tempo. Por essa razão, preparamos algumas dicas para você conseguir ler e interpretar os textos do Enem com maior rapidez.

1) Leia a questão antes do enunciado

Ao ler um texto, já sabendo qual a informação que deseja encontrar, você conseguirá ler mais rápido as partes que não fazem tanta importância para responder a questão, e com mais atenção o trecho que contém a informação desejada.

2) Leia mentalmente

É claro que, por ser um vestibular, você não poderá ler em voz alta. Entretanto, muitas pessoas têm o costume de ler baixinho ou mexendo a boca como se imitasse a fala. Essa ação retarda a leitura, já que seu cérebro precisa processar a informação e distribui-la aos músculos responsáveis pela fala.

3) Use a caneta para acompanhar a leitura

Ao fazer isso, você evita perder em qual ponto parou a leitura ou se confundir com as linhas, economizando tempo em caso de algum tipo de distração, como o aviso de tempo restante pelo fiscal ou algum barulho na sala.

4) Não se aproxime muito da folha

Evite ficar com os olhos muito próximos da folha. Mantenha uma boa postura na cadeira e leia de longe. Isso irá aumentar o seu campo de visão. Caso tenha alguma deficiência visual, como miopia ou astigmatismo, não esqueça de usar óculos adequados na prova. Se ainda não tem ou está com grau defasado, aproveite essas últimas semanas para procurar um médico e corrigir isso.

5) Não se mexa muito

Não mexa muito a cabeça ou os olhos para acompanhar a leitura. Ao fazer isso por horas, pode te causar enjôo, tontura ou embaraço da vista, o que, além de atrapalhar a leitura, pode comprometer todo seu desempenho na prova.

6) Não leia sem entender

De nada adianta as dicas acima se você ler mais rápido do que é capaz de interpretar. Se isso acontecer, você acabará tendo que ler uma segunda vez, o que fará perder ainda mais tempo. Por isso, treine essas técnicas ao estudar e fazer questões, para que, no dia do exame, você saiba qual o seu tempo ideal de leitura

28 de setembro de 2014

Qual?

Foto: Vamos à Sessão, à Seção ou à Cessão de cinema?

Tangenciar ou fugir do tema de redação


O que é tangenciar o tema?

Considera-se tangenciamento ao tema a abordagem parcial, ou marginal do tema dentro do assunto. Assim, se a redação abordar outros aspectos relacionados à inserção da informática na vida cotidiana, como inclusão digital, internet de um modo geral, referindo-se de forma superficial e paralela às redes sociais e à questão da privacidade, poderá ser considerada como fuga parcial ao tema, ou tangenciamento.

Isso ocorre porque o autor partiu do assunto “tecnologia” (levando-se em conta que “assunto” é mais amplo do que “tema”) sem focalizar plenamente o tema “redes sociais e privacidade”. O tema foi abordado, portanto, apenas parcialmente, de maneira marginal, superficialmente. O tangenciamento também ocorrerá se a redação abordar a questão da privacidade sem relacioná-la às redes sociais ou se confundir a distinção entre público x privado com governamental x particular, gratuito x pago.

O que é a fuga total ao tema?
A abordagem de um tema completamente diferente do que foi proposto, não chegando sequer a tangenciá-lo, será considerada fuga total ao tema, sendo atribuída nota 0 (zero) à redação, mesmo que dentro do mesmo assunto, considerado no nível mais amplo. Por exemplo, dentro do assunto tecnologia, a não consideração dos limites entre o público e o privado na questão dos avanços em hardware, como tablets e smartphones, será considerada fuga ao tema. Será considerada também fuga ao tema a abordagem de temas relacionados a outros assuntos, como meio ambiente, saúde ou educação.

Reflexão

Foto: O importante é não desistir.

Locução verbal

Foto: Locução Verbal

27 de setembro de 2014

Foco, gurizada!!!!!

Foto: Isso aí, foco galeraa! Vamos com garra até o fim!! =)

Criatividade espetacular

Foto: Há recados que são geniais. Criatividade dez!
Curta LÍNGUA PORTUGUESA

Preposição a


“Procuradoria Geral da República não pretende liberar conteúdo das declarações feitas por Paulo Roberto Costa à Polícia Federal e ao MPF.”
Num veículo de comunicação impresso de Londrina, PR, havia essa frase na “linha fina” da manchete. A princípio, senti um ruído na comunicação, ou seja, senti dificuldade de entender o significado dela. O motivo disso está no uso da preposição “a” diante de “Polícia Federal”, representada pelo acento indicador de crase – à –, e de “MPF”, representada pela combinação dela com o artigo “o”. Vejamos o porquê:
Preposição é um elemento de ligação. Jamais uma preposição será usada sozinha; sempre será exigida por um termo da frase – denominado de regente – e se ligará a outro termo – denominado de regido – que lhe dará o sentido pretendido. Por exemplo, se se quiser dar o sentido de causa, pode-se unir o regente ao regido por meio da preposição “por”: “Preso por corrupção”; ou “de”: “Morreu de câncer”.
A preposição “a” é uma das mais ricas de significado da Língua Portuguesa. Ela se liga a centenas e centenas de termos e representa inúmeros significados. Na frase apresentada, há dois termos regentes da preposição “a”: “liberar” e “fazer”: Quem libera, libera algo a alguém; Quem faz, faz algo a alguém. E é aí que reside o problema de interpretação da frase. Leiamo-la novamente.

26 de setembro de 2014

Turma da ESSA - leia

Sutil... mas bastante útil!
A princípio, vamos relembrar uma das predicações que empregamos para nos referirmos ao "idioma nosso de cada dia", em nosso último artigo: Português é uma língua de "sutilezas"... éééé...
Bom, e perceber essas sutilezas é importante para uma compreensão mais profunda do vernáculo, o que deve superar o mero decoreba de regras e afastar o paralisante desespero que toma os mais impressionáveis à riqueza da língua. E uma dessas percepções sutis, mas bastante útil aos concurseiros, é a distinção entre adjunto adnominal e complemento nominal. A FCC tem abordado com relativa frequência esse tópico, naqueles concursos em que o edital faz menção à morfossintaxe de termos e orações. Todavia, ela nunca usa esses rótulos "adjunto adnominal" e "complemento nominal". Simplesmente sublinha os termos e solicita ao candidato que identifique aquele que possui função (sintática) semelhante ao destacado em uma frase proposta no enunciado, por exemplo.
Os conceitos de adjunto adnominal e complemento nominal são aparentemente simples. O primeiro diz respeito às palavras que modificam o substantivo, caracterizando-o ou determinando-o: artigos, numerais, pronomes adjetivos, adjetivos e locuções adjetivas .
Ex.: Nos programas da tarde, há dois canais com apresentações interessantes sobre regiões de turismo, com muitas informações inclusive sobre a culinária de cada lugar.
No exemplo acima, os termos destacados são - morfologicamente - artigo, locução adjetiva, numeral, adjetivo, locução adjetiva, pronome e pronome, respectivamente. E, do ponto de vista sintático, todos eles exercem o papel de ADJUNTO ADNOMINAL.
Por sua vez, COMPLEMENTO NOMINAL é o termo preposicionado que completa o sentido de um nome: substantivo, adjetivo ou advérbio.
Ex.1: A assistência aos aposentados ainda é bastante precária.
Ex.2: Os torcedores consideraram o técnico incapaz em sua ação.
Ex.3: Alguns hóspedes agiram contrariamente às regras.
Uma leitura atenta levará à percepção de que não haverá dificuldade para distinguir ADJUNTO de COMPLEMENTO quando houver um termo preposicionado vinculado a um adjetivo ou a um advérbio. Em casos assim, a locução preposicionada será sempre COMPLEMENTO NOMINAL. As situações-problema surgem quando ocorre de um substantivo vir acompanhado de um termo introduzido por preposição.
Na tentativa de facilitar a distinção entre essas duas categorias sintáticas, seguem algumas dicas:
* Substantivo concreto demanda ADJUNTO ADNOMINAL:
Ex.: Comprou xícaras de plástico
     Ainda que o substantivo seja abstrato, caso a expressão equivalha a um adjetivo, será ADJUNTO ADNOMINAL:
Ex.: Os carinhos dos avós são inesquecíveis. (ou avoengos... vixe! O nome é esse mesmo.)
* Caso a supressão do termo resulte em frase sem sentido completo ou altere o sentido dela, haverá COMPLEMENTO NOMINAL:
Ex.: Demonstrou força de vontade. (A supressão do termo modifica o sentido da frase).
* Na hipótese de que a palavra seja derivada de um verbo, o termo preposicionado será ADJUNTO, se ativo; COMPLEMENTO NOMINAL, se passivo:
Ex.: A criação da tevê transformou a maneira como as pessoas viam a Terra.
A tevê é o alvo da ação indicada no substantivo; logo da tevê é COMPLEMENTO NOMINAL.
A criação do músico encantou os apreciadores da arte.
     O músico foi o praticante do ato que encantou os apreciadores da arte; por isso, do músico é ADJUNTO ADNOMINAL.
A Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, do mestre Domingos Paschoal Cegalla, apresenta boas considerações distintivas da natureza do ADJUNTO e do COMPLEMENTO NOMINAL. Vale a pena conferir!
É isso aí, pessoal!
Um forte abraço e um ótimo estudo a todos!

Turma da ESSA - leiam!



Provavelmente você já se questionou sobre a semelhança e as diferenças entre o complemento nominale o adjunto adnominal, como também já enfrentou dificuldades em identificá-los nas orações. Portanto, este artigo pretende esclarecer todas as suas dúvidas sobre o assunto. 
Henrique tem a amizade de Lia.
Henrique tem amizade por Lia.
Repare que dentre as orações citadas, o termo destacado na primeira refere-se a um agente (Henrique) que demonstra afetividade pelo outro (Lia). Portanto, ao exercer essa função, o elemento em destaque é identificado como adjunto adnominal. Já na segunda oração, o elemento “por Lia” é entendido como paciente, isto é, aquele que sofre a amizade de Henrique, então, desempenha a função de complemento nominal. 
Exemplos:
  1. A greve dos professores é pertinente. (adjunto adnominal)
  2. O apoio dos pais é essencial. (adjunto adnominal)
  3. O receio dos especialistas é de que se torne uma pandemia. (adjunto adnominal)
  4. O medo da AIDS tomou conta das pessoas. (complemento nominal)
  5. O apoio aos grevistas é importante. (complemento nominal)

Dica!

Para diferenciar o complemento nominal do adjunto adnominal é reconhecer a que termo se relaciona. Será complemento nominal se o elemento se relacionar com adjetivo ou advérbio.
                                A mãe está feliz com a aprovação da filha no vestibular.
                                                    ↓                                   ↓
                                               Adjetivo            complemento nominal
 Sempre que se relacionar com um substantivo concreto, o elemento será adjunto adnominal.
                                              Os livros de minha avó são raros.
                                                      ↓                     ↓
                                                Substantivo       Adjunto
                                                  concreto         adnominal
 Exemplos:  
  1. Camisas de diversas cores foram usadas no desfile. (adjunto adnominal; refere-se ao termocamisas.)
  2. Todos tinham muito apreço pelo escritor. (complemento nominal; refere-se ao termo apreço.)

Analfabeto - analfabeto funcional

São duas as formas de Analfabetismo. Há o Analfabetismo absoluto e o Analfabetismo funcional. O primeiro refere-se àquelas pessoas que não tiveram acesso à Educação, nunca puderam ir para a Escola por mais de um ano.
O Analfabetismo funcional por outro lado, segundo definição da UNESCO, "uma pessoa funcionalmente analfabeta é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade".
No Brasil, há aproximadamente 14 milhões de Analfabetos absolutos e um pouco mais de 35 milhões de Analfabetos funcionais, conforme as estatísticas oficiais. Segundo dados do IBOPE (2005), o Analfabetismo funcional atingiu cerca de 68% da população. O censo de 2010 mostrou que um entre quatro pessoas são analfabetas funcionais (porcentagem é de 20,3%). O problema maior está na Região Nordeste, onde a taxa chega a 30,8%.
Em 2012, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa divulgaram o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF) entre estudantes universitários do Brasil e este chega a 38%, refletindo o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade durante a última década. Em alguns países desenvolvidos esse índice é inferior a 10%, como na Suécia, por exemplo.
Apesar da evolução positiva nos últimos anos, o quadro brasileiro é preocupante. Existem vários níveis de Alfabetização funcional: aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas. Outros, que conseguem ler textos curtos, mas não conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo. E por fim, aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas), que são minorias.
Esses índices tão altos de Analfabetismo funcional devem-se à baixa qualidade dos sistemas de Ensino público, ao longo de décadas.
De acordo com estudos do pesquisador Antenor França Júnior, da Universidade Federal do Paraná, apresentado em 2013, um amplo conjunto de medidas é necessário para reverter essa situação no Brasil. Maior abrangência de programas sociais que envolvam distribuição de renda, valorização de Professores e incentivos aos estudos são algumas das medidas necessárias.
O pesquisador mostra que o programa da Venezuela proporciona ao estudante a possibilidade de continuar os estudos até a universidade. Além disso, conta com formação voltada para o trabalho. Usando uma metodologia desenvolvida em Cuba, denominada "Yo sí puedo", o programa da Venezuela conseguiu alfabetizar cerca de 1,5 milhão de pessoas. Já no Brasil, o programa de erradicação do Analfabetismo apresenta números desfavoráveis. Ainda há cerca de 14 milhões de Analfabetos.
Para melhorar esse quadro, precisamos impulsionar nas Escolas políticas públicas onde as Escolas devem atender a diversidade, através de planos de ação que valorizem as habilidades e potencialidades de cada um. Ou seja, identificar o que cada um tem de potencial, em que pode colaborar com as experiências. Trabalhar a motivação dos Alunos, dando oportunidade aos mesmos. Sem deixar, é claro, de levar em conta a realidade social em que cada um vive. Quilombolas, por exemplo.
Segundo o conceituado Padre José Carlos Brandi Aleixo, jesuíta e Professor da Universidade de Brasília, o Analfabetismo não pode ser considerado uma doença individual e o Analfabeto não pode ser tratado de forma discriminatória, como se não servissem para nada. Disse Aleixo: "Eles são tão inteligentes; no início da civilização, foram os Analfabetos que ensinaram a alfabetizar os povos".
A verdade é que hoje, o Brasil está tendo que importar mão de obra para a indústria porque faltam trabalhadores qualificados. Isso tudo, porque o nosso Analfabetismo funcional é altíssimo.
É preciso repensar essa realidade!

Turma 301 - Ruyzão - vamos ler isso para a próxima produção textual

Analfabetismo funcional

Alarmante! A dificuldade para interpretar textos e contextos, articular ideias e escrever está presente em seletos ambientes do mundo corporativo e da academia


analfabetismo funcional
Em um mundo no qual a comunicação se dá por mensagens eletrônicas e tuítes, escrever com clareza não é mais importante
A condição de analfabeto funcional aplica-se a indivíduos que, mesmo capazes de identificar letras e números, não conseguem interpretar textos e realizar operações matemáticas mais elaboradas. Tal condição limita severamente o desenvolvimento pessoal e profissional. O quadro brasileiro é preocupante, embora alguns indicadores mostrem uma evolução positiva nos últimos anos.

Uma variação do analfabetismo funcional parece estar presente no topo da pirâmide corporativa e na academia. Em uma longa série de entrevistas realizadas por este escriba, nos últimos cinco anos, com diretores de grandes empresas locais, uma queixa revelou-se rotineira: falta a muitos profissionais da média gerência a capacidade de interpretar de forma sistemática situações de trabalho, relacionar devidamente causas e efeitos, encontrar soluções e comunicá-las de forma estruturada. Não se trata apenas de usar corretamente o vernáculo, mas de saber tratar informações e dados de maneira lógica e expressar ideias e proposições de forma inteligível, com começo, meio e fim.

Na academia, o cenário não é menos preocupante. Colegas professores, com atuação em administração de empresas, frequentemente reclamam de pupilos incapazes de criar parágrafos coerentes e expressar suas ideias com clareza. A dificuldade afeta alunos de MBAs, mestrandos e mesmo doutorandos. Editores de periódicos científicos da mesma área frequentemente deploram a enorme quantidade de manuscritos vazios, herméticos e incoerentes recebidos para publicação. E frequentemente seus autores são pós-doutores!
O problema não é exclusivamente tropical. Michael Skapinker registrou recentemente em sua coluna no jornal inglês Financial Times a história de um professor de uma renomada universidade norte-americana. O tal mestre acreditava que escrever com clareza constitui habilidade relevante para seus alunos, futuros administradores e advogados. Passava-lhes, semanalmente, a tarefa de escrever um texto curto, o qual corrigia, avaliando a capacidade analítica dos autores. Pois a atividade causou tal revolta que o diretor da instituição solicitou ao professor torná-la facultativa. Os alunos parecem acreditar que, em um mundo no qual a comunicação se dá por mensagens eletrônicas e tuítes, escrever com clareza não é mais importante.
O mesmo Skapinker lembra uma emblemática matéria de capa da revista norte-americana Newsweek, intitulada “Why Johnny can’t write”. Merrill Sheils, autora do texto, revelou à época um quadro preocupante do declínio da linguagem escrita nos Estados Unidos. Para Sheils, o sistema educacional, da escola fundamental à faculdade, desovava na sociedade uma geração de semianalfabetos. Com o tempo, explicou a autora, as habilidades de leitura pioraram, as habilidades verbais se deterioraram e os norte-americanos tornaram-se capazes de usar apenas as mais simples estruturas e o mais rudimentar vocabulário ao escrever, próprios da tevê.

Entre as diversas faixas etárias, os adolescentes eram os que mais sofriam para produzir um texto minimamente coerente e organizado. E o mundo corporativo também acusou o golpe, pois parte de sua comunicação formal exige precisão e clareza, características cada vez mais difíceis de encontrar. Educadores mencionados no artigo observaram: um estudante que não consegue ler e compreender textos jamais será capaz de escrever bem. Importante: a matéria da Newsweek é de 1975!
Quase 40 anos depois, os iletrados trópicos parecem sofrer do mesmo flagelo. Por aqui, vivemos uma situação curiosa: de um lado, cresce a demanda por análises e raciocínios sofisticados e complexos. E, de outro, faltam competências básicas relacionadas ao pensamento analítico e à articulação de ideias. O resultado é ora constrangedor, ora cômico. Nas empresas, muitos profissionais parecem tentar tapar o sol com uma peneira de powerpoints, abarrotados de informação e vazios de sentido. 
Na academia, multiplicam-se textos caudalosos, impenetráveis e ocos. Se aprender a escrever é aprender a pensar, e escrever for mesmo uma atividade em declínio, então talvez estejamos rumando céleres à condição de invertebrados intelectuais.

24 de setembro de 2014

Reflitam

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Dicas

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Dicas

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França

Foto: Giverny-France

Temas de redação a fim de treinar a escrita, gurizada, simbora!!!!!!