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27 de novembro de 2011

A reforma do ensino médio

Danilo Gandin - professor - escritor  conferencista 
O quarto congresso internacional de inovação, realizado na Fiergs nos dias 16 e 17 de novembro, começou com um painel chamado" Educação, Novos Fluxos de Conhecimento". Durante toda a manhã, falaram seis excelentes painelistas: dois pesquisadores da educação, uma da Alemanha e outro dos Estados Unidos, o criador da  escola da Ponte, de Portugal, o presidente do Instituto Alfa e Beto, o diretor regional da Abimag e a representante da Secretaria de Educação do RS. Todos convergiram em duas direções fundamentais: a primeira sobre a necessidade  de mudanças profundas nas escolas, para acompanhar as exigências feitas pelas realidades atuais; a segunda sobre as principais características dessas mudanças.
Nessa segunda linha de reflexão, há uma concordância entre o que eles disseram e aquilo a que chegam os estudos mundiais e brasileiros desde a década de 70. Tomo como paradigma, porque representaram muitas outras propostas, as conclusões da conferência mundial sobre ensino superior da Unesco, especialmente dirigidas ao século 21 e publicadas em As Demandas do Mundo do Trabalho, de Ulrich Teichler, Centro para Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de Kassel, Alemanha.
Embora essas conclusões refiram-se ao ensino superior, elas concordam com tudo que os teóricos pensam para o ensino médio. Lembro-me de uma reunião de empresários gaúchos e o então Departamento de Educação da SEC/RS, nos primeiros anos  de 70, em que os empresários disseram aos educadores: " Ensinem filosofia, o resto da profissionalização nós fazemos".
São como 10 mandamentos que reproduzo a seguir. Seja flexível, isto é, não se especialize demais. Invista na criatividade, não só no conhecimento. Aprenda a lidar com incertezas - o mundo está assim. Prepare-se para estudar a vida toda. Tenha habilidades sociais e capacidade de expressão. Saiba trabalhar em grupo, bons empregos exigem isso. Esteja pronto para assumir responsabilidades. Busque ser empreendedor, talvez você crie seu emprego. Entenda as diferenças culturais - o trabalho se globalizou. Adquira intimidade com novas tecnologias, como a internet.
O ensino médio nunca teve uma identidade própria, sempre representou um hiato entre o ensino fundamental e o ensino superior, suportando os conhecimentos formalizados do vestibular. Julgo serem estes 10 mandamentos um referencial suficiente para dar-lhes uma direção. Uma proposta deste tipo será, também uma vacina contra a ideia de profissionalização universal no ensino médio, sabemos que isso aprofundaria a diferença entre escolas para ricos e escolas para pobres. Uma proposta assim também evitará o erro da década de 70; vivemos uma situação parecida, com um crescimento econômico importante, com a consequente falta de mão de obra especializada. Não é hora de fazer DO ENSINO MÉDIO o lugar da profissionalização, mas de ter escolas técnicas, não muitas, mas de qualidade, de dar a todos um ensino transdisciplinar, não interdisciplinar, de retomar a vocação dos cursos mais rápidos do SENAC, SENAI, SENAR...e de abrir facilidades para que as empresas ofereçam cursos de preparação de profissionais, com rapidez e com destino já determinado. 


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