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27 de abril de 2018

COESÃO E COERÊNCIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL

Ao planejarmos e escrevermos um texto, seja de qualquer tipo e/ou gênero, devemos objetivar que ele seja, dentre outras coisas, fluido (que a sua leitura flua para o leitor tanto no sentido formal, de se estar bem escrito e bem pontuado, quanto no sentido semântico, isto é, em relação aos seus significados), bem organizado em termos de paragrafação (relação entre parágrafos, com as ideias bem estruturadas e “costuradas”) e objetivo (sem “enrolar” o leitor, ou seja, escrever, escrever e não dizer nada) e, para tanto, a coerência e a coesão são pontos fundamentais, tanto para se escrever textos em provas oficiais como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e os demais vestibulares quanto quando se escreve na escola, no trabalho, nos afazeres diários etc.
A coerência e a coesão são essenciais para escrevermos textos harmônicos e que façam sentido e, consequentemente, fluidos e que não tenham, pelo leitor, uma leitura truncada, que deve ser parada de parágrafo em parágrafo porque não houve entendimento. Por isso a analogia de que a coesão e a coerência são a agulha e a linha que costuram o texto faz sentido, já que por meio do uso dos conectivos (preposições e conjunções) ligamos termos, orações e conectamos parágrafos.
O texto, seja ele de que tipo e/ou gênero for, deve ser gostoso e fácil de ser lido e, para conseguir isso, não basta escrever bastante, pois há quem escreva muito na escola, por exemplo, e não consegue ter muita evolução de um texto para o outro.
Tenha, para quem ainda está na escola ou frequenta um cursinho, no professor, além de um corretor, um mediador, alguém com o qual você possa conversar abertamente sobre suas redações, ideias e estratégias de escrita. Se só escrever e ler adiantasse, bastaria trancar os alunos em uma biblioteca por alguns meses. Obviamente deve-se ler e escrever com certa frequência, inclusive reescrever os textos já corrigidos pelo professor para refletir sobre o que e como foi escrito e, claro, para buscar uma melhora, mas ter no docente um mediador, alguém que incentive e lhe ajude é muito importante.
Para quem não tem contato com um professor, busque esse mediador em um familiar ou amigo, já que mesmo em um diálogo cotidiano sobre um tema atual tentamos convencer, sempre, o nosso interlocutor sobre o que argumentamos, já que sempre respondemos ativamente a tudo o que ouvimos, lemos e vemos, mesmo que seja com um movimento de cabeça concordando ou discordando.
Depois desse parêntese, voltemos à coerência e à coesão. A redação no Enem deve ser coerente tanto externamente quanto internamente: externamente por ser verossímil com a realidade, com a sociedade atual, inclusive ao inserir a proposta de intervenção social (quinta competência), já que ela deve ser palpável, realizável e não utópica ou possível apenas em um filme de ficção científica, por exemplo.
O texto deve ser coerente externamente nos argumentos (principal e auxiliares) e não estar fundamentado em dados incorretos, inventados ou que expressem algum tipo de preconceito ou desrespeito aos Direitos Humanos.
A coerência interna, por sua vez, se dá em uma sequência lógico-racional das ideias, tecendo relações de continuidade entre os parágrafos e aí também entra a coesão para escrever com sentido. Um texto que falha na coerência possivelmente falhará na coesão.
Ao planejar uma redação, no rascunho por exemplo, deve-se mirar um texto que leve o leitor a uma conclusão através de uma lógica interna que ordena a linguagem que evita as lacunas e os deslocamentos. Uma boa redação não pode ter lacunas, isto é, espaços para dúvidas do leitor pela presença de quebras de partes fundamentais para o entendimento. O leitor não pode se perguntar: “como assim?”, “por quê?”, “o quê?”, “quem?”, “onde?” etc. Já os deslocamentos é quando uma parte essencial do texto está em um local inapropriado, ou seja, quando a redação possui problemas de paragrafação.
Um texto coerente e coeso não é redundante e não generalizante, não é repetitivo tanto no campo das ideias quanto em relação ao vocabulário, não possui digressões, ou seja, elementos soltos, sem relação com o texto em si, não tem ideias ambíguas e/ou com duplo sentido e sim traz bons exemplos, possui adequação ao tema e à proposta de redação, além de delimitar adequadamente este tema, ser claro e ter criticidade.
Nesse sentido, é fundamental e obrigatório estudar conjunções e preposições e atentar-se para as relações de sentido (causa e consequência, finalidade, oposição, contrariedade, adição etc.) que elas estabelecem para entender como a coesão e a coerência funcionam, já que o mais importante, além de saber para que cada uma delas servem, é que sentido elas irão estabelecer dentro do texto, já que a presença da incoerência ainda é, infelizmente, bastante forte nos textos dos candidatos, tanto do Enem quanto dos outros vestibulares.
Deve-se ter atenção e cuidado para manter o sentido ao longo de toda a redação e não se contradizer no fim do texto, contradizendo o que foi dito no início, inclusive em termos opinativos.
Um exemplo do que não fazer é o caso de uma redação sobre violência contra a mulher que criticava certos comportamentos femininos que, sob o ponto de vista da autora, causariam e provocariam a violência: uso de roupas curtas e justas, sair sozinha à noite, ingerir bebida alcoólica, não ser submissa ao homem como manda a Bíblia dentre outros. O típico argumento frágil de culpabilizar a vítima. Na conclusão, ao sugerir sua proposta de intervenção social, a autora afirmou que as mulheres deveriam aprender defesa pessoal e que devemos combater o machismo dos homens.
Deste modo, esta redação é completamente incoerente, já que a autora foi machista desde o início da dissertação-argumentativa! O machismo dela também deve ser combatido! Ou seja, ela se contradisse e com isso escreveu um texto totalmente incoerente.

26 de abril de 2018

TEMA DE REDAÇÃO

 escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir (título de um dos livros do educador Rubem Alves) inspira o tema desta proposta de produção de texto.
Seguindo as instruções abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, discorrendo sobre o que você considera ser a escola ideal. Seu texto deve, obrigatoriamente, RESUMIR e COMENTAR alguma parte de pelo menos um dos textos da prova, seja para concordar com ele ou para discordar de seu teor – acrescentando a devida referencialização. Além disso, pelo menos uma frase de um dos textos da prova deve ser inserida em seu texto, também com a inclusão do nome do seu autor. Dê um título criativo ao seu texto.

Texto 1 - A educação pelo ovo - José Castello

A educação não é um caminho em linha reta. Não deve ser confundida com a programação, ou a habilitação. Não é um adestramento. Diante dela, a literatura se torna um terreno de resistência. Encontro fortes exemplos disso em "Tempos de escola/ Contos, crônicas e memórias", volume do selo Boa Companhia (Companhia das Letras). Autores tão distintos quanto Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Sérgio Sant’Anna e Lima Barreto, entre outros, nos levam a encarar a educação não como um processo lógico, resultado só da aplicação coerente de métodos próprios, mas, também, como uma espécie de iluminação. Algo que se passa – ou não – dentro de cada um.
Começo pelos breves textos de Carlos Drummond. Em “A escola perfeita”, vários métodos educacionais são experimentados. Primeiro, imagina-se a criação de uma Escola de Pais, em que as famílias sejam adestradas na arte de adestrar os filhos. Não dá certo. A direção da escola decide deixar a tarefa, então, nas mãos dos próprios filhos, mas isso também não funciona. Em uma solução híbrida, imagina-se a criação de uma escola conjunta de pais e filhos, “sem programa definido”, mas mesmo o incerto não produz resultado algum.
A resposta só aparece na criação de uma escola que imita a natureza, “uma escola natural de coisas, em que tudo fosse objeto de curiosidade, sem currículo”. Surge assim uma Escola da Natureza, “sem mestres, sem alunos, sem decreto, sem diploma, onde todos aprendem de todos”. A nova escola – que anula a própria ideia de escola – é regida por dois princípios que, normalmente, excluímos do ensino: a alegria e a falta de cerimônia. Só assim, abdicando do caráter reto para imitar a incoerência da vida, o novo método funciona.
As palavras – Drummond nos alerta – têm um poder devastador que, em geral, desconsideramos. Leia-se, agora, “Poder da etimologia”. O professor Nemésio explica à aluna Cacilda que, segundo as teses de Zambaldi, seu nome quer dizer “a que combate com lança”. Antes uma menina doce, a revelação transforma Cacilda em uma criança “suscetível e mesmo agressiva”. A família toma satisfações com o mestre. Ele só consegue resolver o estrago quando nega sua própria afirmação. “Minha filha, isso de etimologia é muito discutível, cada uma diz uma coisa”. Garante, então, que as teses tradicionais de Zambaldi estão desacreditadas. “O verdadeiro significado do nome de uma pessoa é o que lhe confere a pessoa que o tem”. Cada um é dono de seu próprio nome. Novamente de posse de si mesma, ela volta a ser uma menina suave e gentil. É em nós mesmos, e não nos compêndios, que encontramos a origem de nosso nome.
Em “Nova carta de ABC”, Olavo Bilac relata a história de um menino que encontra um método invertido de alfabetização. Fascinado por cinema, ele aprende a ler sozinho decifrando os cartazes dos filmes. “Todos nós aprendemos a ler indo da parte para o todo, começando pelas letras, passando às sílabas e acabando pelas palavras e frases”. Mas agora o garoto inverte o processo e parte das frases prontas para, só depois, chegar às palavras e, enfim, às letras. “A paixão sempre opera milagres”. Graças a sua paixão pelo cinema, o garoto criou seu próprio método, que funciona muito mais rápido que o método tradicional. Mas que, provavelmente, só funciona para ele.
A história do menino desfaz um mito cultivado, com fervor, pela maioria dos educadores: o da simplicidade e retidão. Escreve Bilac: “há criaturas que nascem complicadas, (...), não podendo absolutamente compreender o que não é complicado”. Dá o exemplo extremo de um homem que só lê e escreve em uma língua que apenas ele entende. Especifica: “os seus caracteres não são pictográficos, nem ideográficos, nem chineses, nem cuneiformes”. A outro homem seria muito mais fácil aprender a escrita comum, pelos processos comuns. “Mas há gente que só é capaz de fazer o que é difícil”. Tudo depende, outra vez, da intuição.
No mais belo relato do livro, “A aula”, de Sérgio Sant’Anna, o ensino é visto como um propósito que ultrapassa as forças humanas. Ao lidar com o aluno, o mestre deve primeiro encontrar sua própria maneira de se aproximar dele. Para chegar a seu objetivo, um professor se vale de um ovo – símbolo da absoluta perfeição e também da origem da vida – e de um cartaz publicitário que traz uma faixa de luz dourada atravessando um fundo de trevas. Preparando-se para a aula, o mestre está desencorajado e chega a ter vertigens. “E, mais do que morrer, teve medo de desabar diante de todos, caindo no ridículo”. Vai dar a aula inaugural do semestre. Dele esperam clareza e lucidez. Conseguirá?
É mal visto pelos colegas. Os acadêmicos o tomam como um “empírico”, um daqueles “que fazem da imaginação e da fantasia uma realidade palpável”. Sua primeira frase anuncia o difícil caminho que escolheu: “Tomemos como princípio o Caos”. Ele também pode ser chamado de informe ou indiferenciado. Para chegar a esse objeto fluido, que está na origem de tudo, os métodos convencionais já não prestam. Agarra-se o mestre, então, ao ovo, “a vida em sua forma mais primária e perfeita”. Ilustra a aula com um ovo roubado de um sanduíche. Suas meditações a respeito desse núcleo primário despertam as risadas dos alunos. A certo momento, como em um mantra, e imitando o Om, Om, Om dos indianos, eles começam a repetir a palavra “ovo”, deixando o professor atordoado.
O mestre não se deixa abater. Apresenta, então, a tese paradoxal de que o Ovo Cósmico foi o gerador “inclusive de Deus”. O elo perdido da origem humana seria, assim, essa origem circular, em que o próprio criador é criado por seu objeto, em uma ruptura radical com a noção de tempo evolutivo. A resposta é, portanto, um círculo e não há mais o que transmitir. Resta-lhe lançar o ovo no chão, destruindo qualquer esperança de coerência. De uma forma ou outra, seu método intuitivo abriu uma ferida no espírito de seus discípulos. O professor de Sant’Anna nos ajuda a pensar que a transmissão do saber, muitas vezes, toma as formas mais imprevistas. É com o inesperado que o professor deve jogar, ou estará apenas a repercutir velhas verdades e a massacrar com elas seus alunos.



Texto 2 - Se a memória não me atrapalha - Letícia Novaes

[...] Tão engraçadas as convicções que carregamos pra vida. No colégio, sofrendo com aulas e metodologias que já desconfiava que não valeriam muito futuramente, eu me lembro de aprender a fórmula de Báskara e pensar até quando eu manteria aquilo para mim. Um dia meu pneu furou, olhei para o céu, tentei emitir a fórmula, e esperar um gênio, só que não. Só que nunca.
Esqueci muito da escola, lembro os professores mais humanistas, os devaneios que inventava pra tentar me manter sã naquele estabelecimento, mas o que me foi ensinado foi deletado ou enclausurado numa parte do cérebro que desconheço. Duvido que algum dia surpreenda a todos numa mesa de bar com algum comentário químico elaborado.
Mãeana, amiga-artista-UFO, diz que “foi a falta de investimento no subjetivo que deixou a vida assim, sisuda”. Enquanto os herdeiros tentam se achar no exterior, os sobreviventes cariocas tentam pagar um aluguel carésimo, e, nessas horas, juro que me falta uma memória: por que não tive aula de economia no colégio? Por que camuflam um assunto tão universal quanto nossas fezes? Por que raios não nos explicam o que é dinheiro no colégio? E mais: por que não tive aulas de expressão corporal? Não que educação física não fosse importante. Era, sempre foi: a prática do esporte coletivo, a competição, saber perder, saber como se comportar ao ganhar, tudo muito maravilhoso. Mas eu e meu gigantismo aceitaríamos bem uma aulinha de corpo. E aposto que tantos outros jovens, os sem jeito e os com jeito, adorariam. Num delírio bem forte também adoraria ter aula de astrologia, mas aí sei da polêmica além que causaria. Se é pra sonhar com uma escola ideal, vou longe. [...]

TEMA DE REDAÇÃO

A seleção de textos que você encontrará a seguir tem por objetivo apenas ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias sobre a questão abordada. Estes textos não devem ser reproduzidos na sua produção textual.

(...) De desígnio divino ou de limitações anatômicas, a beleza passou a ser um ‘ato de vontade’, ‘de esforço’ e um ‘denotativo do caráter’. Como aponta Baudrillard, a sociedade de consumo traz a mensagem de que ‘só é feio quem quer’, ‘moralizando o corpo feminino’ nas palavras do próprio autor. (...) Se o corpo até a sociedade industrial era o corpo ferramenta, observamos agora que o mesmo passou a ser o principal objeto de consumo. Das academias de ginástica, dos anabolizantes, esteroides e anfetaminas que são consumidos como jujubas, das inúmeras e infindáveis técnicas de correção corporal, o corpo ‘malhado’ entrou em cena. Beleza é artigo de primeira necessidade. Mas por ela você pagará um alto preço!(...)




“Toda rotina tem sua beleza, descubra a sua”

A ideia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O início é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto

A rotina do perfume é a lembrança
O pé é a rotina da dança
A rotina da mão é o toque
A rotina da garganta é o rock

Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio

A rotina do caminho é a direção
A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem sua beleza.
Linha Natura Todo Dia.



“Meu neto Bernardo é quem sempre me apresenta às tecnologias de última geração. Volta e meia chega do Rio de Janeiro com alguma novidade. Está parecidíssimo com meu pai José Custódio quando era mais moço. Neto faz bem à saúde. Se avô é pai com açúcar, neto é filho com proteínas, vitaminas e sais minerais. Um abraço de neto a cada 24 horas substitui perfeitamente qualquer tipo de medicamento. Só em saber que o Bernardo está perto, meu corpo agradece. E tem vontade de lhe fazer todo tipo de festa – festa de carícia, festa de celebração.
Bernardo me traz vida, juventude.
(...) Fiz ver a ele que não adiantam microondas com programação computadorizada, congelados, sopas instantâneas e tantas outras modernidades, sempre haverá sustos numa cozinha, sempre haverá aprendizados. Máquinas se reproduzem e evoluem com tamanha rapidez que nem há tempo para conflitos entre uma geração e outra. Mas nós, humanos – mesmo os de última geração –, somos lentos demais. Nossos progressos são imperceptíveis. Demoramos décadas para perceber êxitos e fracassos. Quando, depois de muito esforço, nos tornamos mestres na arte culinária, quando, de olhos fechados, acertamos o ponto do doce, muitos já se foram. A família que senta à mesa é outra. Já não somos netos, mas avós.”



Produza um texto dissertativo-argumentativo no qual você expresse de forma clara, coerente e bem fundamentada suas ideias acerca da relação entre o indivíduo e a beleza na contemporaneidade.
Você deverá contextualizar o tema, discutir posições e manifestar seu posicionamento.
Serão valorizadas a pertinência e a originalidade de seus argumentos

TEMA DE REDAÇÃO



Produza um texto dissertativo-argumentativo , discorrendo sobre a liberdade. .


Folha - Como se pode descrever o “Estado-babá”?
Eduardo Giannetti - O termo tradicionalmente usado nesse caso é “paternalismo”, em que o Estado age em relação à sociedade, aos indivíduos, como se fosse um pai; e eles, as crianças. Muitas vezes, a preservação da liberdade requer um cerceamento de aspectos dessa liberdade. O que precisamos chegar a um acordo é sobre quais são as restrições adequadas para que possamos exercer nossa liberdade, todos ao mesmo tempo, da forma mais criativa e promotora da realização humana. Quais seriam as regras do jogo para que todos possam realizar seu plano de vida com o máximo de liberdade? A fronteira disso não é fixa e imutável para toda e qualquer época. Situações de calamidade pública ou guerras, por exemplo, sempre provocam uma expansão da fronteira da ação coletiva, ou seja, do Estado. Quando se está vivendo uma situação de emergência coletiva, as pessoas abrem mão da sua liberdade em nome de um objetivo comum, que é a proteção, a segurança e a sobrevivência.

Folha - Qual o cenário futuro que podemos prever?
Giannetti - O conceito relevante nessa questão é o que os economistas chamam de “trade off”: sacrificar um valor como contraparte da obtenção de um outro. O “trade off” de que estamos falando aqui é aquele entre liberdade e segurança. Um mundo de total segurança é um mundo que sacrifica demais a liberdade; por outro lado, um mundo de liberdade anárquica é um mundo em que a segurança é muito precária. Aí se têm dois extremos: de um lado, a fogueira hobbesiana, a guerra de todos contra todos; e, de outro, o congelamento, a fossilização do Estado totalitário.

Folha - O Estado tem a função de proteger o indivíduo dele mesmo?
Giannetti - Muitas vezes são os próprios indivíduos que preferem ser cerceados em sua liberdade, eles demandam isso. É o caso imortalizado pela situação de Ulisses e a sereia: sabendo que não resistiria ao canto das sereias, que seria uma morte certa, ele manda tapar com cera o ouvido dos tripulantes do barco e ordena que o amarrem ao mastro do navio, para que ele não possa dirigi-lo até a ilha das sereias. Ou seja, para preservar sua liberdade e sua vida, ele cerceia temporariamente seu direito de escolha. Em muitas situações da vida prática as pessoas preferem não ter opção. Essa atuação do Estado é legítima, partindo dos indivíduos.

Folha - E onde fica o equilíbrio entre a prevalência da maioria e a liberdade de uma minoria?
Giannetti - Não há panaceia. Tudo tem que ser discutido e negociado. Em cada situação particular, os argumentos têm que ser pesados, e é importante lembrar sempre que a benefícios correspondem custos. É muito rara uma situação em que só haja benefícios.

Folha - De que outras formas, que não apenas a ação restritiva, o Estado pode incentivar essa atuação consciente dos indivíduos?
Giannetti - O ideal seria ter uma população em que cada indivíduo fosse preparado para responder de forma madura ao maior número de questões; mas, infelizmente, estamos muito longe disso. O problema é que muitas dessas restrições estão ligadas também a danos que se impõem a terceiros. Fumar em local público, por exemplo. Hoje eu me lembro das salas de aula da minha juventude, na USP, e fico estarrecido com o fato de que aceitávamos aquilo como parte natural da vida: salas em que se tinha dificuldade até mesmo de ver o professor, tal era a densidade da fumaça. Adam Smith dizia que a justiça está para a virtude como a gramática está para o estilo. Sem gramática não há linguagem, não existe interação social, todo o edifício da ordem social desmorona. Mas sem estilo não há grandeza, não há uma expressão do belo. O que falamos é do arcabouço de regras básicas para a interação humana. O ideal é constituir regras que permitam que todos vivam a melhor vida possível ao mesmo tempo. Existem, pelo menos, dois conceitos de liberdade. Isaiah Berlin define a liberdade positiva e a negativa. A segunda é a ausência de restrições na escolha e na ação de indivíduos. A primeira é a capacitação para o exercício efetivo de uma escolha. De que vale a liberdade de ler Joaquim Nabuco ou Machado de Assis para uma pessoa analfabeta? Se as pessoas não estiverem preparadas e capacitadas, essa liberdade é vazia.

Folha - O Sr. concorda que muitas das restrições impostas pelo Estado são impostas por pensamentos “puritanos” de parte da sociedade?
Giannetti - A opinião pública, como a ação do Estado, pode se tornar uma força tirânica e muito cerceadora. São dois mecanismos diferentes de coerção e de cerceamento. Na verdade, o que estamos aprendendo hoje é que o cérebro humano é modular, com motivações diferentes. Há um processo permanente de negociação entre áreas do cérebro que nos motivam a fazer coisas diferentes. O indivíduo está permanente e internamente cindido, renegociando consigo mesmo o que faz. E essa negociação é escorregadia. O que acontece é que, muitas vezes ciente dessa dificuldade de agir tal como ele preferiria, pede que alguma força de fora, o Estado, por exemplo, defina para ele os termos da transação, tentando fazer um contrato com ele mesmo, por meio dessa força externa.

TEMA DE REDAÇÃO


O ciúme parece fazer parte das inquietações humanas, já que é tratado, com frequência, nos consultórios sentimentais publicados em revistas e jornais, nas charges da internet, na música popular e na literatura. Abaixo você encontra alguns fragmentos de textos, os quais procuram retratar o ciúme em épocas diferentes.

Ciúme - Ultraje a Rigor

Eu quero levar uma vida moderninha
Deixar minha menininha sair sozinha
Não ser machista e não bancar o possessivo
Ser mais seguro e não ser tão impulsivo

(Refrão)
Mas eu me mordo de ciúme
Mas eu me mordo de ciúme
Meu bem me deixa sempre muito à vontade

Ela me diz que é muito bom ter liberdade
Que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade
Mas eu me mordo de ciúme
Mas eu me mordo de ciúme


“Fomos passar a noite no Flamengo, os dois casais e mais o José e a prima. Sucedeu uma coisa que me pareceu muito grave. Vou refletir sobre ela e depois decidirei o que fazer. Não tenho com quem discutir o ocorrido visto que envolve meu marido e minha melhor amiga. Por isso, após uma noite sem sono e antes de seguir para minhas orações na missa das nove, recorro agora a estas páginas, único desabafo possível. Não tenho dúvidas do que vi ontem – os segredos ao canto da janela, os suspiros, os olhares a se buscar durante toda a noite (ele à janela, ela ao pé do piano) o gesto de Santiago a ponto de beijar a testa de Sancha quando os surpreendi, o modo como ele mirava seus braços, a despedida lânguida, num aperto de mão demorado e esquecido... Não foram intrigas, ninguém me contou. Eu mesma vi, de repente. Não sei há quanto tempo isso já ocorre sem que eu visse ou suspeitasse. Meu coração ficou tumultuado como os vagalhões do mar bravio batendo lá fora. Não sei que fazer, se finjo que nada sei, se busco uma explicação com um deles ou com ambos. [...] No momento, só logro sentir. Raiva, desespero. Vontade de matar, de morrer....”


“Certa vez, Juno notou que o dia escurecera de súbito e imediatamente desconfiou que seu marido levantara uma nuvem para esconder algumas de suas façanhas que não gostava de expor à luz. Juno afastou a nuvem e viu o marido, à margem de um rio cristalino, com uma bela novilha ao seu lado. A rainha dos deuses desconfiou de que a aparência da novilha ocultava alguma bela ninfa de estirpe mortal, como , na verdade, era o caso. Tratava-se de Io, filha do rio deus Ínaco, a quem Júpiter cortejava, e a quem dera aquela forma, ao sentir a aproximação de sua esposa.
Juno foi-se juntar ao marido e, vendo a novilha, elogiou sua beleza e perguntou quem era ela e a que rebanho pertencia. Júpiter, para evitar que as perguntas continuassem, respondeu que se tratava de uma nova criação da terra. Juno pediu-lhe que lhe desse a novilha de presente. Que poderia Júpiter fazer? Não queria entregar a amante à esposa; como recusar-lhe, porém, um presente tão insignificante como uma novilha? Não poderia fazê-lo sem despertar suspeitas.”



Produza um texto dissertativo-argumentativo no qual você expresse de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada a sua visão sobre o ciúme nas relações humanas.

TEMA DE REDAÇÃO

TEXTOS DE APOIO
TEXTO I: Definição de arte segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
Produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para expressão da subjetividade humana, os nossos sentimentos e opiniões, assim como para retratar as nossas experiências, transmitir informações e semear beleza, divertimento e reflexão.
TEXTO II: A arte para Ferreira Gullar
Indagado sobre sua atividade como crítico de arte, o poeta Ferreira Gullar disse que, antes de pensar em ser poeta, queria ser pintor. “Depois a poesia tomou conta, essas coisas a gente não governa. Mas continuo pintando e pensando sobre artes plásticas até hoje. Sobre poesia eu não penso, eu simplesmente faço: a minha poesia nasce do espanto. Qualquer coisa pode espantar um poeta, até um galo cantando no quintal. Arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida. E quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo. A arte existe porque a vida não basta”

De acordo com o escritor russo Viktor Chklovski, o estranhamento seria o efeito criado pela obra de arte para nos distanciar (ou estranhar) em relação ao modo comum como apreendemos o mundo e a própria arte, o que nos permitiria entrar numa dimensão nova, só visível pelo olhar estético ou artístico.
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PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Como a arte pode transformar a vida das pessoas?”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. O texto não precisa ter título.

FRASES INACEITÁVEIS

A cartilha do Enem 2017 listava algumas ideias que “serão sempre avaliadas como contrárias aos direitos humanos, tais como: defesa de tortura, mutilação, execução sumária e qualquer forma de ‘justiça com as próprias mãos’, isto é, sem a intervenção de instituições sociais devidamente autorizadas (o governo, as autoridades, as leis, por exemplo); incitação a qualquer tipo de violência motivada por questões de raça, etnia,gênero, credo, condição física, origem geográfica ou socioeconômica; explicitação de qualquer forma de discurso de ódio (voltado contra grupos sociais específicos)”.
Confira exemplos de ideias que levaram os candidatos a zerar suas redações em 2015 e 2016. As de 2017 devem ser publicadas em breve pelo Inep, órgão que organiza a prova. 😉

Enem 2016

Tema: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”
  1. “para combater a intolerância religiosa, deveria acabar com a liberdade de expressão”.
  2. “podemos combater a intolerância religiosa acabando com as religiões e implantando uma doutrina única”.
  3. “o Estado deve paralisar as superexposições de crenças e proibir as manifestações religiosas ao público”.
  4. “a pessoa que não respeita a devoção do próximo não deveria ter direito social, como o voto”.
  5. “a única maneira de punir o intolerante é o obrigando a frequentar a igreja daquele que foi ofendido, para que aprenda a respeitar a crença do outro”.
  6. “que o indivíduo que não respeitar a lei seja punido com a perda do direito de participação de sua religião, que ele seja retirado da sua religião como punição”.
  7. “por haver tanta discriminação, o caminho certo que se tem a tomar é acabar com todas as religiões”.
  8. “que a cada agressão cometida o agressor recebesse na mesma proporção, tanto agressão física como mental”.
  9. “o governo deveria punir e banir essas outras “crenças”, que não sejam referentes a Bíblia”.


“deve sofrer os mesmos danos causados à vítima, não em todas as situações, mas em algumas ou até mesmo a pena de morte”;

  1. “fazer sofrer da mesma forma a pessoa que comete esse crime”;
  2. “deveria ser feita a mesma coisa com esses marginais”;
  3. “as mulheres fazerem justiça com as próprias mãos”;
  4. “merecem apodrecer na cadeia”;
  5. “muitos dizem […] devem ser castrados, seria uma boa ideia”.

22 de abril de 2018

ANÁFORA

Quando estudamos estilística, e mais especificamente as figuras de linguagem, encontramos, entre as figuras de construção, a chamada anáfora.
A definição de anáfora, de modo bem simples, aparece nas obras de referência como sendo a repetição “de uma ou mais palavras no início de duas ou mais frases ou de dois ou mais versos sucessivos de modo a dar ênfase a termo repetido” 1. É o que verificamos, por exemplo, na música “O que será – À flor da pele”, de Chico Buarque:
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita (…)

Percebemos, nos três conjuntos de versos destacados, a repetição da estrutura frasal e das palavras iniciais. Essa canção tem outra versão, “À flor da terra”, que gira em trono de outra temática, mas segue exatamente a mesma estrutura:
O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza(…)

Esse procedimento pode aparecer também na prosa, como percebemos em autores como Padre Vieira. Como o Barroco, escola literária do séc. XVII, caracterizava-se pelo rebuscamento da forma, algumas figuras eram muito apropriadas para tornar essa característica uma marca forte no texto. Mas não só essa escola lançou mão das repetições como forma de enfatizar ideias. Rui Barbosa, no início do séc. XX, nos seus textos, também o fazia, como neste trecho de discurso que se mostra incrivelmente atual:
Mentira de tudo, em tudo e por tudo. (…) e direis que hoje mente ao Brasil inteiro. Mentira nos protestos. Mentira nas promessas. Mentira nos programas. Mentira nos projetos. Mentira nos progressos. Mentira nas reformas. Mentira nas convicções. Mentira nas transmutações. Mentira nas soluções. Mentira nos homens, nos atos e nas coisas. Mentira no rosto, na voz, na postura, no gesto, na palavra, na escrita. Mentira nos partidos, nas coligações e nos blocos. (…) A Mentira geral. O monopólio da Mentira(…)
(discurso de campanha presidencial na Associação Comercial do Rio de Janeiro, 1919)
A anáfora tem alguns ‘parentes’, também empregados para obter efeito de estilo nos textos: a epanolespe (repetição no meio da frase), a epístrofe (no fim), a simplose (no início e no fim) e a anadiplose (no fim de uma oração e início da seguinte). De fato, são muitos nomes, mas todos os procedimentos têm um mesmo fim: enfatizar ideias.
Esses procedimentos aparentados com a anáfora estão dentro do âmbito da Estilística, porém encontramos o termo também em outra área de estudo, a coesão!
Quando estudamos coesão, encontramos anáfora como sendo o nome dado ao processo sintático por meio do qual um termo faz referência a uma informação anteriormente mencionada. Esse termo pode ser chamado de termo anafórico ou elemento anafórico e pode ser:
  • Pronome:
    João não está viajando. Encontrei-o ontem na escola.
  • Substantivo:
    A menina ganhou um cão. O animal a ajudou a vencer a depressão.
  • Advérbio:
    Estive no evento e  encontrei muitos companheiros.
O importante, nesse caso, é que contrariamente à ideia inicial de repetição (da Estilística), os anafóricos da coesão visam evitar a repetição de um termo, retomando-o de outra maneira.
É isso!

19 de abril de 2018

TEMA DE REDAÇÃO

“A crise hídrica global e seus impactos na população do planeta Terra” 
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema. Apresente uma proposta de intervenção para conscientização do consumo de água. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

A camada de água dos oceanos é muito fina e, por isso, a quantidade de água é relativamente pequena. Se a Terra fosse do tamanho de uma bola de basquete, toda a água do planeta caberia dentro de uma bolinha de ping pong.
E mais: dessa bolinha de ping pong, quase tudo, 97,5% é água salgada. E, desse pouquinho que sobra 70% é agua congelada nos polos e nas geleiras, 30% está debaixo da superfície da Terra e apenas 0,3% é água potável nos lagos e rios.
E essa água está mal distribuída. Sobra em algumas regiões e falta em outras. Some-se a isso o fato de várias regiões do mundo estarem passando por secas mais prolongadas

Tema de redação


Texto motivacional


O debate sobre o combate à pobreza às vezes cai na oposição entre “dar o peixe” ou “ensinar a pescar”. Na verdade, o que costuma funcionar é uma combinação das duas coisas. É essa a conclusão de um estudo conduzido por um grupo internacional de 9 economistas que incluiu Abhijit Banerjee, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Dean Karlan, da Universidade de Yale, e Jeremy Shapiro, da Universidade de Princeton.
O projeto “Graduation” envolveu cerca de 10.495 participantes identificados como “os mais pobres dos pobres”; metade vivia com menos de US$ 1,25 por dia. 6 países participaram (Etiópia, Gana, Honduras, Índia, Paquistão e Peru) e em cada um havia um grupo de controle e outro que sofria uma intervenção por 2 anos.
“A ideia é dar um “grande empurrão”, por um período limitado de tempo, com a esperança de destravar a armadilha da pobreza”, diz o estudo.
Em outras palavras: dar o peixe, a vara e o tempo para que a pessoa aprenda a pescar sem morrer de fome no caminho.
O resultado: um ano após o fim da intervenção e 36 meses após a transferência do ativo, 8 dos 10 índices monitorados – como ativos familiares e segurança alimentar – continuavam apresentando ganhos consideráveis.
Renda e receita eram significativamente maiores do que no grupo de controle e o consumo era maior em todas as famílias afetadas, com exceção daquelas em Honduras. E mais: o retorno sobre o investimento foi positivo, já que o dinheiro injetado na economia local superou o gasto inicial.
Agora, resta saber até que ponto os resultados se sustentam ao longo do tempo e qual é a possibilidade de fazer o programa em grande escala. O “Graduation” será expandido na Índia e no Paquistão e será incorporado à rede de proteção social nacional na Etiópia.
Mas quem disse que os programas sociais do governo brasileiro ensinam a pescar?
Se o bolsa família fosse eficiente, por que aumentou o número de dependentes do bolsa família nos últimos 12 anos? Neste programa social “Graduation” a ajuda cessou depois de 2 anos e as pessoas continuaram e evoluir, não se parece nada com a situação do Brasil, onde o bolsa família já está na segunda geração, sim, segunda geração, filhas de beneficiarias do bolsa família já tem filhos e se tornaram também beneficiarias do bolsa família e isso explica o aumento do número de dependentes do bolsa família.
E se a violência é causada pela desigualdade, sendo que o governo brasileiro se vangloria da diminuição da desigualdade, por que a taxa de homicídios aumentou principalmente no nordeste, onde dizem que a desigualdade teve a maior queda?

Considerando que os textos acima têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema:
Os programas sociais do governo brasileiro são a solução para a erradicação da pobreza?

TEMA DE REDAÇÃO


O desafio da mobilidade urbana no Brasil 
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema.
Apresente uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Não se esqueça de utilizar a gramática correta de acordo com o novo Acordo Ortográfico. Se não souber uma palavra a dica é substituir, combinado?

TEXTO I

A mobilidade urbana se apresenta como um desafio não só nos centros urbanos do Brasil, mas também nas grandes metrópoles do mundo. O deslocamento de pessoas, em busca de bens e serviços de qualidade, oportunidades de qualificação e empregos, acarreta, nas regiões metropolitanas e grandes capitais, localidades de concentração populacional.
O notório inchaço urbano obriga com urgência a harmonia e agilidade o deslocamento de bens e pessoas com eficiência, conforto e segurança além de mitigar os impactos ambientais, visuais e de poluição sonora e atmosférica, ressaltando também modelos de minimização da exclusão social.

TEMA DE REDAÇÃO

O fenômeno do tráfico de drogas se estendeu pela América Latina. É isso que confirmam números oficiais sobre o domínio ou a territorialização do narcotráfico. Cada país, de acordo com suas particularidades e com o papel que desempenha no negócio da produção e comercialização de entorpecentes, sofre de maneira diferente. Mas existe um consenso: estamos diante de um problema cada vez mais alarmante e que representa um enorme desafio para os governos e sociedades do continente. O consumo de droga aumentou na grande maioria das cidades, agravando a situação da segurança e da saúde pública. Comercializam-se cocaína e pasta base, a delinquência dispara, a evasão escolar cresce e a saúde da população (em especial a dos jovens) se deteriora rapidamente. 
Tendo a notícia acima como referência inicial e considerando-a unicamente como motivadora, redija um texto dissertativo a respeito do seguinte tema: DROGAS ILÍCITAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Ao redigir seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
1. motivos para a opção pelo trabalho com drogas ilícitas em detrimento da opção pelo trabalho lícito;
2. possíveis medidas e atitudes para enfrentamento do problema das drogas ilícitas;
3. o narcotráfico na economia global.

17 de abril de 2018

ENCCEJA 2018 - ENEM - INSCRIÇÕES ABERTAS


Nesta segunda-feira (16), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) abriu o prazo de inscrições no Encceja 2018 – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos, que desde o ano passado é usado para certificação do ensino fundamental e médio, neste último caso inclusive substituindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O prazo segue aberto até às 23h59min da data de 27 de abril, seguindo sempre o horário de Brasília. A seguir esclarecemos as principais informações e regras de participação no Encceja, cujas provas serão aplicadas em 5 de agosto, bem como mostramos como fazer cadastro gratuito pela internet.

Quem Pode Participar do Encceja 2018

Pode participar qualquer jovem ou adulto que não tenha concluído os estudos na idade apropriada. No caso daqueles que buscam a certificação para o ensnio fundamental, a única exigência é ter 15 anos completos na data de realização das provas. Já no caso do ensino médio, a idade mínima é de 18 anos, também completos até o dia da aplicação.

Como Realizar a Inscrição?

Conforme esclarecido anteriormente, o processo de inscrição é 100% online. Os candidatos devem fazer o procedimento pela página do participante, no endereço eletrônico enccejanacional.inep.gov.br/encceja.
Após breve cadastro inserindo CPF e a data de nascimento, o participantes deverão completar uma série de telas diferentes, conforme descrito na sequência abaixo:
  1. Dados Pessoais
  2. Endereço
  3. Atendimento Especializado
  4. Atendimento Específico
  5. Confirmação de Dados
  6. Opção de Prova – esta passagem merece atenção especial, pois o participante precisa fazer para conseguir a certificação. Aqueles que possuem a declaração parcial de proficiência, obtida em edições passadas do Enem ou do próprio Encceja, não precisam realizar questões de todas as áreas e ficam liberados de fazer aquelas nas quais já têm proficiência comprovada.
  7. Cidade da Prova
  8. Instituição Certificadora – também muito importante, pois é aqui que será indicado estado e em qual Secretaria Estadual de Educação ou Instituto Federal de Educação o inscrito irá solicitar seu certificado ou declaração parcial de proficiência caso consiga a nota mínima exigida.
  9. Confirmação de Dados
  10. Orientação do Questionário Socioeconômico
  11. Dados de Contato
  12. Senha
  13. Tela de Confirmação Final
O Inep inclusive preparou um arquivo digital no formato pdf para orientar os estudantes de como realizar o passo a passo da inscrição detalhadamente, o qual pode ser acessado aqui.

Modelo de Provas

De forma semelhante ao que ocorre no Enem, o Encceja é composto de 120 questões de quatro áreas, mais a redação.

Justificativa de Ausência no Encceja 2017

A principal novidade nesta edição é a necessidade de justificativa de ausência dos candidatos que desejam participar da prova deste ano, se inscreveram no Encceja 2017 e não compareceram as provas. Caso isso não ocorra, estes estudantes terão que reembolsar o Inep, como esclarece nota publicada pela assessoria de comunicação social do próprio instituto:
Para evitar mais prejuízos aos cofres públicos, a partir de agora, o participante que não comparecer à aplicação das provas das áreas de conhecimento para as quais se inscreveu e não justificar sua ausência deverá ressarcir ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) o custo despendido, acrescido da correção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), se tiver interesse em fazer o exame novamente.
Da mesma forma, aquele que se inscrever no Encceja 2018 e faltar na prova, deverá justificar caso queira prestar o exame novamente no ano que vem.

APENAS UMA LEITURA

Tenho refletido muito, e já há algum tempo, sobre a relação entre os elementos do título. Vários estudos sobre psicologia da educação se debruçaram, e ainda o fazem, sobre os processos de aprendizagem e a memória humana.
A memória humana é fundamental na compreensão oral e escrita, no cálculo e no raciocínio, exercendo um papel indispensável no sistema de aprendizagem e é considerada responsável por algumas diferenças importantes ao nível do desempenho dos indivíduos nas tarefas escolares, profissionais e do dia a dia. A memória, porém, é algo extremamente pessoal. A atenção e a concentração com que recebemos uma informação e a relação emocional ou sentimental que atribuímos a ela são essenciais para determinar o que guardaremos de modo mais “forte”.
Além disso, só conservamos uma pequena parte de toda informação a que somos expostos. O que fazemos ou como lidamos com essas informações é determinante para a retenção delas. É como o que ocorre com uma pessoa que pratica um instrumento musical. A cada aula ela melhora seu desempenho e quanto mais toca determinada música, mais lhe parece fácil, porque as sinapses e mecanismos envolvidos na aprendizagem dessa execução se fortalecem com a prática. Entretanto, se esse indivíduo passar um período sem se exercitar, provavelmente esquecerá a ordem das teclas ou das cordas que deve tocar para executar a peça musical, ou fará isso menos agilidade, pois as sinapses desse aprendizado foram enfraquecendo.
E o que isso tem a ver com a ortografia?
Embora a ortografia seja definida por um conjunto de regras, que aliás, sofreu algumas alterações a partir do Acordo Ortográfico  entre os países lusófonos, as pessoas ‘comuns ,digo isso em contraponto como os professores de Gramática, que são bem ‘incomuns’ hehe, não buscam o apoio das regras para empregarem a linguagem no seu cotidiano. Saber as regras de ortografia será útil apenas na resolução de alguns concursos e provas.
No dia a dia, as pessoas escrevem lançando mão de seu repertório de vocabulário, que foi sendo adquirido em seu contato com a convivência com falantes da língua portuguesa e com a prática da leitura. Aí é que começa o problema! Com o uso cada vez mais frequente das ferramentas da informática, a memória vem tendo menos ‘trabalho’. Quando digitamos, os programas de previsão de texto já dão uma série de sugestões a partir das primeiras letras e não temos o trabalho de escrever a palavra toda. Ou então, quando usamos um editor de texto, ele mesmo se encarrega de, automaticamente, corrigir a palavra que porventura tenha sido digitada com uma letra trocada. E assim, aquelas sinapses a que fiz referência no processo de prática e execução de peças musicais (e que funcionam de modo muito parecido com a aquisição e uso da linguagem dentro da norma culta) vão se enfraquecendo.
E desse modo, a memória vai ‘enferrujando’. O remédio para isso é mesmo a leitura. Leia, caro aluno! Quanto mais a leitura atenta for praticada -de bons textos, evidentemente-, mais a ortografia vai ficando registrada na memória. E estude as regras, se for fazer concursos, mas a regra ficará mais clara, se as palavras estiverem nítidas na sua memória.