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30 de novembro de 2013

Pra rua me levar- Ana e Seu Jorge


Ana Carolina & Seu Jorge - É isso Aí


Conto de Lévi-strauss

O avô tinha morrido na primavera, daí que andasse vestido de frésias, uns fórmios ao comprido das pernas, folhas verdes, outras secas, pelos braços e mãos. Todo arcimboldo, todo rendilhado, ipoméias surgindo no meio da pele armada aos grandes pedaços de cascas de árvores, tiras de couro coladas na quase invisível terra vermelha sob o paletó. Das costuras do casaco saíam uns brotos clarinhos, sutis dobras barrocas, inflorescências branco- azuladas, galhos miúdos, capins cinzentos. Uma flor na lapela, desmedida no figurino em si mesmo exagerado. Montada a dentadura com marfim, aros de tartaruga nos óculos sem lentes desnecessárias a quem usa olhos de vidro. Os cabelos, fios de espiga de milho. Como não poderia faltar, no lugar da orelha esquerda, uma concha pequena, imitativa da função coclear, e onde figuraria a direita, um buraco causando o efeito de falta, o espaço de qualquer coisa propriamente dita, a sensação de ausência e essência ao mesmo tempo. Mesmo assim via e ouvia perfeitamente como pudemos comprovar. Parecia, é verdade, um espantalho, um títere recém saído de uma caixa de brinquedos velhos, um boneco surrado, enquanto, de fato, era homem, mesmo velho como estava, mesmo todo arranjado, mas ainda inteiro com aquilo que se podia colher da natureza.
 
G. Arcimboldo, Primavera, 1563
G. Arcimboldo, Primavera, 1563
Agnes tinha trinta anos naquela época. Faz uns dez anos, pouco menos, pouco mais. Tempo para ter se acostumado com a ausência do avô. A vida depois da morte seguia como a mais corriqueira das etapas da existência, inclusa a incompreensão do seu mistério, para ela que, à meia-sombra dos muros universitários, menos ensinava antropologia, como sempre fizera seu avô, do que se escondia, fingindo- se mais uma peça no grande muro entijolado das inteligências educadoras. Desde que o velho resolvera voltar à universidade ela abandonara a pesquisa com grupos de jovens de periferia que levava a sério desde a conclusão do doutorado e, entre a pena e o dever, de braços e ombros sempre a postos, conduzia o avô pelo campus.
Pode nos parecer, a cada um de nós que a observamos, que ela alucina. Conduz pacientemente
o velho pelos atalhos que levam à biblioteca onde ele vasculha os livros sem tocá-los, ao restaurante onde olha com espanto para as bandejas dos estudantes, à fotocopiadora onde pede todos os dias que imprimam a imagem de sua própria mão posta vagarosamente sob a luz focada dentro da luva que lhe organiza as falanges, ao guichê do departamento de pessoal onde dão informações aos professores e, no entanto, desnecessárias para ele que já não pertence ao quadro dos ativos ou inativos.
Pode parecer a cada um de nós que ela alucina, ainda que o objeto de sua ilusão também seja nosso. E saibamos não estar enganados. Ou que, muito antes, finja, usando as supostas necessidades do velho professor assim exposto nesta incrível forma de Golem, para esquivar-se aos deveres burocráticos do dia a dia acadêmico. Aqueles de preencher formulários como quem enche caixões de ossos, ou cestos de papel reciclável como quem põe os olhos no lixo, ou plataformas virtuais, esses crematórios de ideias, das quais todos, pelo menos os que não desesperaram, queremos, sem dúvida, fugir. Mas também nós que simplesmente olhamos, sem ter o que fazer além de seguir na direção de nosso objetivo, podemos recolher as flores e as folhas que caem pelo caminho por onde passam os dois andarilhos carregando uma vida de encantamento. Ou mesmo guardar ao bolso um pequeno besouro que ora se desprende do senhor tão estranhamente apessoado. Com um pouco de paciência, podemos observar o trabalho dos marimbondos no organizado ninho que o velho leva à nuca, e pensar um pouco na vida, coisa que não temos feito por motivos que escapam ao que cabe expôr na forma desse relatório.
G. Arcimboldo, Outono, 1573
G. Arcimboldo, Outono, 1573
De todos os fatos que cuidadosamente anotamos neste ano de observação acurada em que não medimos esforços na intenção da neutralidade, podemos dizer que o momento culminante da pesquisa deu-se quando esse avô todo avariado e todavia resistente que é o próprio Lévi-Strauss – nome cuja numinosa aparição não é de anotar sem medo – proferiu sua aula inaugural no curso de zoologia. Tudo o que tínhamos observado caiu por terra resumido quando de sua conferência. Sinto um pouco de vergonha, e talvez meus colegas também, porque aquilo que eu e eles, que toda a nossa equipe podería tentar compreender levando algumas vidas, ele o explicou em minutos, menos de quinze, logo passando a falar de aspectos curiosos da vida de animais como moscas e cobras, coleópteros e moluscos. Foi no momento dos comentários, ao incluir a questão central que, como uma bomba, acabou com nossas intenções, que ele revelou o núcleo capital de sua mais nova teoria – ainda que póstuma, é bom lembrar – e que reza simplesmente: a zoologia é a única ciência humana.
Depois de aplausos desmesurados dos estudantes presentes, vi uma moça tatuada no rosto ser levada pela polícia ao gritar seus sentimentos. Um rapaz com a camiseta inteiramente furada atirou-se na direção do púlpito aos prantos. Percebendo que as emoções encandeciam, achei melhor tomar providências. Ofereci à dupla familiar uma carona ao hotel onde o velho estava hospedado desde que voltou à vida. Não era minha obrigação ser gentil, de qualquer modo não atrapalharia o que eu porventura tivesse a fazer, tal era a sensação estupefaciente em que me encontrava e que me impediria de concentrar-me nos dados matemáticos dos relatórios a cujo trabalho eu destinaria o resto da noite. Agnes preferiu entrar com o avô, os sensores da porta automática não se acionavam com a presença do velho, do mesmo modo como ele não conseguia andar sem o amparo da neta. No caminho, pude perceber o orgulho que Agnes sentia pelo velho avô que mesmo morto resolveu, segundo palavras que me soaram um pouco singelas demais, voltar à vida para nos ajudar a entender o mundo. Com o cuidado de não ofendê-lo e tampouco mentir sobre a verdade dos fatos, Agnes explicou-me que o avô estava para transformar-se em papel, fato inevitável na tanatografia de certas pessoas, mas que preferiu esforçar-se um pouco mais sentindo-se ainda útil à sociedade humana e, por isso, com este jeito meio estranho que nos faz lembrar um zumbi, elegante é verdade, mas ainda um zumbi, ele voltou ao mundo assemelhando-se a um arranjo floral rústico.
G. Arcimboldo, Verão, 1563
G. Arcimboldo, Verão, 1563
Voltei pelo caminho de plátanos que levava à universidade, convicto com o fato de que o vagar de ambos pelo campus não é problema tão grande desde que não os percamos de vista, o que atrapalharia a metodologia que, com tanto custo, conseguimos justificar perante a comissão científica que aprovou esta investigação. Não podemos interferir em sua liberdade de ir e vir, não podemos fundamentar a escolha de Agnes, menos ainda julgar sua conduta. Tampouco está em nosso poder mandar o velho Lévi-Strauss de volta ao seu mundo, pois um dos limites de nossa pesquisa é que não conseguimos entender do que se trata exatamente quando aplicamos o quesito “mundo”.
G. Arcimboldo, Inverno, 1563
G. Arcimboldo, Inverno, 1563
Temos apenas que cuidar de seus passos esperando que não perturbem a vida do ensino e da pesquisa no campus, correndo o risco de serem convidados a retirarem-se pelos administradores do espaço. Assim, cada um na sua, cada macaco no seu galho, cada rato em sua toca, poderemos continuar a observação cujo objetivo não é outro que o mero visar, o contar por contar. E, por fim, com a declaração pura e simples do caráter único de tudo o que há, providenciar o retorno às coisas mesmas, a saber, ao intento mimético de nos tornarmos iguais a eles, seguindo a regra mais do que antiga, e sempre cientificamente desaprovada, de que cada um se torna aquilo que contempla.
E por que faríamos isso se, no fundo, no fundo, reprovamos o que fazem? É que temos inveja ao mesmo tempo que amor, misturamos nosso ressentimento ao desejo de vida, nosso niilismo ao senso de justiça e, assim, meio prepotentes, meio atrapalhados, só o que buscamos é uma ocasião para chorar. Suspeitamos, eu e meu grupo de pesquisa, do qual não me separo desde aquela perigosa carona, que poderemos chorar muito olhando para Agnes acompanhando Lévi-Strauss no êxtase que, com ele, ela também compartilha, até que o mistério das coisas mortas e vivas se torne insuportável e nos leve para fora de nós mesmos.

Exercícios de colocação pronominal

 

01. (NCE) A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais. Em “Temos a ver com o político que morreu varado a tiros”, a palavra em destaque pertence à mesma classe gramatical que a sublinhada em:

a) “...à menina brasileira que furtou o pão.”

b) Anda que anda e não para.

c) A palavra queijo deve ser escrita com quê.

d) Quase que a menina caiu.

e) Que calor! Hoje está insuportável!



02. (UEPG) Todas as orações abaixo apresentam casos de próclise, exceto:

a) Isso nos preocupa muito.

b) Não me faça esperar demais.

c) Irritou-se com o cinismo de sua resposta.

d) Faremos o que nos parecer melhor.

e) Confesso que não me esforcei muito.



03. (NCE) “...pagam um tributo à sociedade.”; as formas dos pronomes pessoais que podem substituir os termos sublinhados são, respectivamente:

a) o / lhe;

b) lo / lhe;

c) no / a ela;

d) o / a ela;

e) lhe / a ela.



04. (Unirio) Assinale a frase em que a norma culta recomenda a próclise, como ocorre em “uma força que nos alerta”.

a) Maria, diga a verdade (nos).

b) Informaram da dor de Maria (nos).

c) Revelarias o sonho de Maria? (nos)

d) Encontraremos com Maria (nos).

e) Ninguém falou de Maria (nos).



05. (UEFS) “Eles _________ com o que venha a acontecer _________ mesmos”.

a) se importarão com nós.

b) importar se ão conosco

c) importarão se conosco.

d) importarão se conosco.

e) se importarão conosco.



06. (NCE) Nos versos “Com quantos gigabytes / se faz uma jangada”, o se funciona como:

a) pronome reflexivo.

b) índice de indeterminação do sujeito.

c) pronome apassivador.

d) pronome integrante do verbo.

e) pronome recíproco.



07. (UFJF) Assinale a opção em que a colocação do pronome pessoal átono está incorreta:

a) O resultado da prova agradou lhe.

b) Darei te uma nova oportunidade.

c) Não lhe quero mostrar o livro.

d) Nunca lhe podemos contar a verdade.

e) Ninguém deve aborrecer nos durante a prova.



08. (EFOA) (UFMA) Indique a oração correta quanto à colocação pronominal:

a) Encontrarei o amanhã, após o jantar.

b) Fui eu que ajudei te.

c) Onde lê se isto, leia se aquilo.

d) Os operários tinham se revoltado.

e) Tudo fez se para teu conforto.



09. (NCE) A frase em que os pronomes sublinhados foram usados corretamente, dentro dos padrões da língua culta, é:

a) Aguarde um momento, que eu quero falar consigo;

b) É chato, mas isso sempre ocorre com nós dois;

c) O processo está aí para mim examinar;

d) Vossa Senhoria chegou com vossos acompanhantes;

e) Já há entendimento entre eu e ela.



10. “Não me deixo tapear”.

Empregou se a colocação proclítica do pronome átono, pelo mesmo motivo por que ela foi empregada na citação acima, em:

a) Cada qual se ajeite como puder.

b) De modo algum me afastarei da cidade.

c) Logo que o vi, chamei a polícia.

d) Alguém lhe disse que havia perigo.

e) Oxalá a morte vos encontre preparado.



11. (FEC) Está em desacordo com as normas da língua culta o emprego do pronome relativo na frase:

a) A Conferência Rio + 10 entre cujos participantes havia pessoas do mundo inteiro realizou se na África do Sul.

b) A proposta brasileira cujo conteúdo era de interesse de todas as nações não conseguiu aprovação.

c) A carta de intenções de cujo conteúdo os países depositavam confiança foi uma decepção.

d) O discurso em que o presidente anunciou a proposta brasileira foi bastante aplaudido.

e) Tomaso de Lampedusa a respeito de quem foi feita a referência deixou uma obra de mérito.



12. (UEBA) “Entre eles e ________ existe um compromisso que só ________ se ________ ao sacrifício”.

a) eu se cumprirá dispusermo nos.

b) mim - cumprir se á nos dispusermos.

c) mim - cumprirá nos dispusermos.

d) eu cumprir se á dispusermo nos.

e) eu se cumprirá dispuser mo nos.



13. (UFSE) “Os projetos que ________ estão em ordem; ________, ainda hoje, conforme ________”.

a) enviaram me devolvê los ei lhes prometi.

b) enviaram me os devolverei lhes prometi.

c) enviaram me os devolverei prometi lhes.

d) me enviaram os devolverei prometi lhes.

e) me enviaram devolvê los ei lhes prometi.



14. (NCE) A frase “Devo lhe um grande favor, mas não lhe poderei recompensar tão cedo”, quanto à regência, em razão do emprego dos pronomes oblíquos, está:

a) inteiramente correta;

b) inteiramente incorreta;

c) parcialmente incorreta, pois o verbo dever se constrói com o pronome o;

d) parcialmente correta, pois o verbo dever é apenas transitivo direto;

e) parcialmente incorreto, pois o verbo recompensar se constrói com o pronome o.



15. (EFOA) “___________ nossos escritores filiaram¬-se ao naturalismo”.



A colocação do pronome átono empregada com a forma verbal destacada acima tornou se incorreta em:

a) Nossos escritores filiar se ão ao naturalismo.

b) Nossos escritores jamais se filiarão ao naturalismo.

c) Oxalá nossos escritores se filiem ao naturalismo.

d) Nossos escritores talvez filiem se ao naturalismo.

e) Nossos escritores filiavam se ao naturalismo.



16. (UFMA) Assinale o item em que a colocação está conforme a norma vigente:

a) Aquilo não parece me brincadeira.

b) Poderá se resolver o problema?

c) Levantei me logo que vocês partiram.

d) Teriam lhe falado sobre o assunto?



17. (FFOD) Ocorre sintaxe popular em:

a) “A minha previdência fez com que eu tirasse xerox das cartas que lhe escrevi”.

b) “ Me prenda, coronel, me rebaixe de posto, mas uma coisa dessas eu não faço”.

c) “Não sei nada do que se passa naquelas esferas fora do consciente”.

d) “ Não acredito nessas coisas, coronel, como não acredito em almas do outro mundo”.

e) “ E ele lhe entregou a letra?”



18. (UFPB) Quanto à colocação de pronomes átonos, está conforme a norma da língua escrita o período:

a) “... ninguém me venha dizer que a imaginação não é outra realidade”. ( A. Nery)

b) “Foi o Araguaia que facilitou lhe a viagem”. (Mário de Andrade)

c) “Não ter se á o leitor esquecido de que AG ficara às voltas com os tamoios”. (Ararípe Jr.)

d) “Me vejo dividida em duas...” (Lygía Fagundes Teles)

e) “Conheci que não amava me, como eu desejava”. (José de Alencar)



19. (UFPA) Assinale a alternativa correta quanto à colocação do pronome átono:

a) Quando se estuda, não se acha difícil a prova.

b) O candidato que prepara se dificilmente fica reprovado.

c) A matéria, eles tinham revisado a toda.

d) Que aprovem-no é o meu desejo!

e) O assunto, o passei a entender depois de muitas leituras.



20. (UFES) A única alternativa que foge às possibilidades de colocação do pronome oblíquo átono é:

a) Não venham dizer me que a morte oferece vantagens.

b) Não me venham dizer que a morte oferece vantagens.

c) Alguém tinha lembrado me que a morte oferece vantagens.

d) Vieram me dizer que a morte oferece vantagens.

e) Ter me iam lembrado que a morte oferece vantagens.



21. (UECE) Como em “... esperou que ele se levantasse”, o pronome oblíquo átono, conforme a gramática, está colocado corretamente na opção:

a) A espingarda de Fabiano não havia partido se.

b) Contaremos lhes os problemas da seca no Brasil.

c) Os encontraram bem perto do rio seco.

d) Ninguém o estava maltratando na fazenda.



22. (UFV) Assinale a alternativa que completa corretamente a seguinte frase:

“Se ______________ creio que ______________ com prazer”.

a) tivessem me pedido - teria os recebido.

b) me tivessem pedido - os teria recebido.

c) tivessem pedido me - tê los ia recebido.

d) tivessem me pedido - teria os recebido.

e) me tivessem pedido - teria recebido os.



23. (NCE) “...os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privilégios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso.”; nesse segmento do texto ha uma série de vocábulos que se referem a elementos anteriores. O item em que a correspondência entre os dois não está perfeita é:

a) “...por mais hediondos que tenham sido...” – seus crimes;

b) “...entre eles...” – privilégios;

c) “...o de determinar...” – privilégio;

d) “...um micrograma que seja...” – micrograma;

e) “...o de determinar onde cada um deles...” – presos.



24. (Mackenzie) Assinale a alternativa que apresente a incorrera substituição dos termos destacados pelo pronome átono associado à forma verbal:

a) A criança ofertou o carinhoso presente à mãe. (ofertou-¬lho)

b) Repõe, por favor, os livros na biblioteca. (repõe los)

c) Esse ato negligente provavelmente irá retirar você do quadro de funcionários. (irá retirá lo)

d) Tu superaste os obstáculos da vida com relativa facilidade. (superaste os)

e) Os empregados consideraram o chefe como autoridade injusta. (consideraram no)



25. (PUC) Assinale a opção em que a próclise do pronome oblíquo é facultativa, segundo a NORMA CULTA:

a) Ninguém o convenceu o falar.

b) Quem me levará até a sala de vídeo?

c) É comum este amigo nos socorrer nas dificuldades.

d) Deus o abençoe, meu filho!

e) Se ele se empenhou na leitura, será recompensado.



26. (FEC) A frase em que, segundo o uso culto escrito, são lícitas tanto a próclise quanto a ênclise do pronome oblíquo átono é:

a) “afoga se o corpo em álcool e gorduras”;

b) “no ato de se empanturrar à mesa”;

c) “Mudemos nós e o Natal”;

d) “Aquele que se fez pão e vinho”;

e) “Deixemo nos, como Maria, engravidar”.



27. (Unirio) “Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim”.

A substituição de “os estranhos”, no enunciado em destaque, pelo pronome pessoal adequado resulta em:

a) poder los ia enganar.

b) poder lhes ia enganar.

c) poderia enganá los.

d) poderia enganar lhes.

e) poderia lhes enganar.



28. (FEC) “...que se ignoram e se temem.”; o item abaixo em que o se aparece também como pronome de valor recíproco é:

a) A negação da miséria começa a se realizar neste momento;

b) A solidariedade se opõe a tudo que se produziu até agora;

c) A campanha traz uma força capaz de contagiar quem menos se espera;

d) Se a distância perpetua a miséria, a solidariedade a interrompe;

e) Os homens e mulheres se contagiam na campanha.



29. (FEC) No segmento “A conquista desta posição expressa se mais evidentemente...” o pronome sublinhado também poderia estar expresso em posição proclítica ao verbo, sem que se infringissem as normas gramaticais. Entre os itens abaixo, o único em que o pronome que acompanha o verbo não admite outra colocação é:

a) O empregado, a empresa o contratou para serviços temporários.

b) Os empregados lhe queriam apresentar suas reivindicações salariais.

c) Contratar se iam novos trabalhadores, caso a produção aumentasse.

d) A empresa o estava contratando para prestar serviço nos canaviais.

e) O contrato dar se ia por força das novas demandas de trabalho.



30. (PUC) “Os lugares que os não procuravam era um belo dia...”. Por esse trecho, observamos que a colocação de pronomes oblíquos tem apresentado mudanças ao longo da história de nossa língua. Hoje em dia, em norma culta, se diria “Os lugares que não os procuravam”.



Assinale, dentre as opções a seguir, aquela em que a colocação do pronome oblíquo é INACEITÁVEL, de acordo com o padrão culto da língua (embora muito comum na linguagem informal):

a) Encontraram se por acaso à porta da loja.

b) Quem o recriminou por seu ato impensado?

c) Não quero incomodá-lo.

d) Tem certeza de que ele saiu se bem no concurso?

e) O diretor resolveu criticar se na frente dos colegas.



31. (FEC) O item em que o pronome que tem seu antecedente erradamente indicado é:

a) “Construiu as cidades cheias de gente e de muros que as separam...” = pessoas;

b) “Como um olhar novo que questiona todas as relações...” = olhar;

c) “...confronto com a realidade naquilo que nos parece mais brutal...” = aquilo;

d) “...a solidariedade interrompe o ciclo que a produz...” = ciclo;

e) “...por sorte ou virtude de um povo que ainda é capaz...” = povo.







32. (Unirio) Assinale o único exemplo em que há ERRO indiscutível na colocação do pronome átono.

a) Quem lhe teria contado o segredo?

b) Quem teria lhe contado o segredo?

c) Ter lhe iam contado o segredo?

d) Quem teria contado lhe o segredo?

e) O segredo, ter lho iam contado?



33. (FCC) A substituição do segmento grifado pelo pronome correspondente está feita de modo INCORRETO em:

a) produzem um composto - produzem-lhe.

b) parecem guardar as respostas - parecem guardá-las.

c) que ocupa a maior parte da superfície da Terra - que a ocupa.

d) oferece outros tipos de riqueza - oferece-os.

e) revelaram numerosas substâncias - revelaram-nas.



34. (FCC) ... cujas belezas naturais desertaram os fazendeiros para as oportunidades do turismo. (final do texto)



O termo grifado na rase acima está corretamente substituído pelo pronome correspondente em

a) lhes despertaram.

b) despertaram eles.

c) despertaram-lhes.

d) despertaram-los.

e) os despertaram.



35. (FCC) Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse.



Pode-se substituir corretamente o segmento sublinhado, sem prejuízo para o sentido da frase acima, por:

(A) onde suas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem lhes bebesse.

(B) de cujas águas se garantiria pleno rejuvenescimento a quem nelas bebesse.

(C) em que suas águas garantiriam pleno rejuvenescimento quem delas bebesse.

(D) em cujas águas estaria a garantia de pleno rejuvenescimento para quem delas bebesse.

(E) de cujas águas estaria a garantia de pleno rejuvenescimento para quem lhes bebesse.



RESPOSTAS:



01. A 11. C 21. D 31. A

02. C 12. A 22. B 32. D

03. C 13. E 23. A 33. A

04. E 14. E 24. B 34. E

05. A 15. D 25. C 35. D

06. C 16. C 26. B

07. B 17. B 27. C

08. D 18. A 28. E

09. B 19. A 29. C

10. B 20. C 30. D

29 de novembro de 2013

Drummond

 

 
 
 
 

A Máquina do Mundo      -  
Carlos Drummond de Andrade


E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.


Este poema foi escolhido como o melhor poema brasileiro de todos os tempos por um grupo significativo de escritores e críticos.

 

 
 
 

Exercícios - simbora

 
 
1- (BANRISUL) – Assinale o único período em que a mesóclise é inadequada:
 
a) Nada contenta-lo-á enquanto não tiver a paz interior.
b) Dir-se-ia que pairava sobre nós uma divindade funesta.
c) Se mergulhares um pano vermelho neste rio, retira-lo-ás cheio de piranhas.
d) Sentir-me-ia mais aliviado, se conseguisse chorar um pouco.
e) Por este processo, chegar-se-ia a melhores resultados.
 
Resposta: A
 
A mesóclise só é usada quando o verbo está no futuro do presente ou futuro do pretérito, desde que não haja necessidade da próclise.
 
2 – (BANCO DO BRASIL) – Na ordem, preenchem corretamente as lacunas:
 
1. Justiça entre os homens é ...
2. É ... a entrada de pessoas estranhas.
3. A água gelada sempre é ...
 
a) necessário, proibida, gostosa.
b) necessária, proibida, gostoso.
c) necessário, proibida, gostoso.
d) necessária, proibido, gostoso.
e) necessário, proibido, gostosa.
 
Resposta: A
 
As expressões “é preciso, é necessário, é proibido” possuem duas construções:
 
- com sujeito sem elemento determinante, nesse caso são invariáveis;
- variáveis se houver elemento determinante.
 
Na primeira oração não há elemento determinante, logo, “é necessário” fica invariável.
 
Na segunda e terceira orações há elementos determinantes: ... a entrada ...; a água ... O elemento determinante na segunda e terceira orações é o artigo a. Nesse caso, há variação das palavras.
 
3 – (BANRISUL) – Assinale a opção em que a concordância nominal está incorreta:
 
a) As matas foram bastante danificadas pelo fogo.
b) Ele trazia muito bem tratados a barba e os cabelos.
c) O carro tinha um dos faróis queimados.
d) Há muitos anos que coleciono selos e moedas raras.
e) Nesta circunstância, Vossa Excelência está enganada, Doutor Juiz.
 
Resposta: E
 
Sendo o sujeito representado por um pronome de tratamento, a concordância se efetua com o sexo da pessoa a quem se refere. Logo, o correto é: Vossa Excelência está enganado...
 
4 – (UFRGS) – Prezado Dom Gaspar, ... V. Exa. Revma. que eu chame ... atenção para um fato que ... interessar.
 
a) permitais, vossa, vos deve.
b) permita, vossa, vos deve.
c) permita, sua, lhe deve.
d) permitais, vossa, lhe deve.
e) permiti, sua, vos deve.
 
Resposta: C
 
Os pronomes de tratamento são da 2ª pessoa, mas exigem que os demais pronomes e verbos sejam usados na 3ª pessoa.
 
5 – (UPF) – Assinale a melhor opção, considerando os períodos propostos.
 
Período n.º 1 – “Enquanto corria, um único pensamento: vou ser campeão da equipe.”
 
Período n.º 2 – “Negrinho do Pastoreio, o escravo humilde, que por humilde, foi louvado e é cantado eternamente.
 
- Os termos grafados, nos períodos 1 e 2, são respectivamente:
 
a) aposto, adjunto adverbial de modo.
b) aposto, adjunto adverbial de tempo.
c) objeto direto, agente da passiva.
d) sujeito, adjunto adnominal.
e) vocativo, sujeito.
 
Resposta: B
 
Aposto é o termo que explica outro termo da oração. Geralmente, é destacado por pausas, representadas por vírgulas dois pontos ou travessões.

O adjunto adverbial se refere a um verbo, adjetivo ou a outro advérbio, indicando-lhes uma circunstância. Nesse caso uma circunstância de tempo.
 
6 – (UERJ) – Assinale o par em que os vocábulos fazem o plural da mesma forma que a palavra cristão.
 
a) capelão, razão.
b) tabelião, vulcão.
c) grão, melão.
d) questão, irmão.
e) cidadão, bênção.
 
Resposta: E
 
Os substantivos terminados em –ão formam o plural com o acréscimo de –s, uns mudam –ão em –ões, outros trocam –ão por –ães e vários substantivos em –ão não encontraram uma forma definitiva para o plural.

Os substantivos cidadão, bênção e cristão fazem o plural apenas com o acréscimo de –s.
 
7 – (FMU) – Vai ... à carta minha fotografia. Essas pessoas cometeram um crime de ... patriotismo. Elas ... não quiseram colaborar.
 
a) incluso, leso, mesmo.
b) inclusa, leso, mesmas.
c) inclusa, lesa, mesmas.
d) incluso, lesa, mesmas.
e) incluso, lesa, mesmo.
 
Resposta: B
 
Incluso, leso, mesmo são palavras que concordam em gênero e número com o nome a que se referem. Logo, devem ser grafadas inclusa, leso e mesmas.
 
8 – (FMU) – Vão ... aos processos várias fotografias. Paisagens as mais belas ... Ela estava ... narcotizada.
 
a) anexas, possíveis, meio.
b) anexas, possível, meio.
c) anexo, possíveis, meia.
d) anexo, possível, meio.
e) anexo, possível, meia.
 
Resposta: A
 
A palavra anexo concorda com o nome a que se refere. Na oração concorda com fotografias. Logo, deve ser grafada anexa.
 
Possível pode aparecer invariável, quando usado em expressões superlativas com o artigo no singular. Caso o artigo apareça no plural será variável. Na oração possível sofre variação porque o artigo está no plural.
 
Meio pode aparecer como advérbio, nesse caso é invariável. Se for adjetivo ou numeral fracionário é variável. Na oração meio é advérbio.
 
9 – Assinale a alternativa incorreta:
 
a) Pio XII (décimo segundo)
b) João Paulo II (segundo)
c) página 21 (vinte e um)
d) XV salão do automóvel (décimo quinto)
e) capítulo XVI (dezesseis)
 
resposta: A
 
O numeral quando empregado para designar capítulos, papas, séculos, reis, etc. usam-se: 1 a 10 ordinal e de 11 em diante cardinal.
 
10 – Assinale a alternativa incorreta:
 
A ênclise ocorre:
 
a) Nas frases iniciadas por verbo desde que não esteja no tempo futuro.
b) Nas frases imperativas afirmativas.
c) Sempre que há palavras que atraiam o pronome para antes do verbo.
d) Nas orações reduzidas de gerúndio.
e) Nas orações reduzidas de infinitivo.
 
Resposta: C
 
Palavras que atraem o pronome para antes do verbo devemos usar a próclise.
 
11 – Quanto à concordância do particípio com o substantivo, assinale a alternativa incorreta:
 
a) Ninguém havia anotado as questões.
b) Terminadas as aulas, os alunos saíram.
c) Todos haviam anotados os números incorretamente.
d) Dado o sinal, os pilotos partiram.
e) Todas as alternativas estão corretas.
 
Resposta: C
 
O particípio não varia  quando forma o tempo composto. O correto é: Todos haviam anotado ...
 
12 – Assinale a alternativa que possui uma oração coordenada explicativa.
 
a) Não vou sair à noite, porque vou fazer uma prova importante amanhã.
b) Ora estudava matemática, ora estudava português.
c) Não só estudava como também ensinava.
d) Viajou para Londres, contudo não esquecia Recife.
e) Conseguimos bater a meta, portanto podemos comemorar.
 
Resposta: A
 
A oração coordenada explicativa expressa uma justificativa, contida numa outra oração coordenada.  A justificativa para não sair à noite é uma prova importante.
 
13 – Com relação ao emprego do verbo, assinale a alternativa incorreta.
 
a) o pretérito perfeito é usado para indicar um fato passado concluído.
b) o futuro do presente é usado para expressar um acontecimento posterior a um outro acontecimento passado.
c) o modo subjuntivo expressa fatos duvidosos, hipotéticos, incertos.
d) o pretérito imperfeito, do modo subjuntivo, é usado em orações subordinadas substantivas e adjetivas.
e) o presente do indicativo é usado para enunciar um fato momentâneo, para expressar um fato que ocorre com freqüência.
 
Resposta: B
 
futuro do presente usado na indicação de um fato realizado num instante posterior ao que se fala. Para expressar um acontecimento posterior a um outro acontecimento passado empregamos o futuro do pretérito.