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17 de novembro de 2013

Crase - que tormento!!!!!

1 – CRASE
A palavra crase vem do grego krasis e significa fusão, junção. Assim, há crase quando há fusão com vogais idênticas (a+a). Tal fusão é indicada, na escrita, por meio do acento indicativo de crase: à.
Sempre haverá crase quando ocorrer a fusão da preposição a com:
- o artigo feminino a ou as:
Fui a a escola = Fui à escola.
- o pronome demonstrativo a ou as:
Esta bolsa é igual a a que eu tinha.
Esta bolsa é igual à que eu tinha.
- o a dos pronomes aquele, aquela, aquilo:
Fui a aquela escola = Fui àquela escola.
- o a do pronome relativo a qual ou as quais:
A prova a qual nos referimos é esta.
A prova à qual nos referimos é esta.
 

CASOS EM QUE SE DÁ A CRASE
I – Teste do artigo ou regra do “ao”: Leva acento o a que vier antes de nome feminino, quando este puder ser substituído por palavra masculina (não necessariamente equivalente).  Vou à escola.  Vou ao colégio. // Vou sair à tarde. Vou sair ao entardecer. // Submeto o processo à opinião do Conselho. Submeto o processo ao parecer do Conselho.
II – Leva acento o a que antecede palavra feminina, quando, com exatidão, puder se substituído pelas contrações na, da, pela, bem assim pelas seguintes preposições seguidas de artigo: com a, para a, sob a, sobre a. #macete
Ex: Permanecia à (na) porta. // Tirai à (da) vida dos santos os bons exemplos. // Todos os bens sacrificou à (pela) educação da filha. // Agitou-se à (com a) voz da esposa. // Passou da euforia à (para a) depressão. // Deixou os filhos à (sob a) proteção de Deus. // Lançou muita água benta às (sobre as) beatas ajoelhadas.
III – Leva acento o a que precede nome de lugar feminino, colocado depois de verbos de movimento que puderem ser substituídos por outros de quietação e repouso, e quando, neste caso, se puder usar a partícula na.
Ex: Fui à escola.  Fiquei na escola. // Iremos à reunião. Ficaremos na reunião.
Observações:
a) Os topônimos (nomes próprios de lugar) às vezes são determinados por artigo; às vezes não o são. Por exemplo:
Com artigo a África, a América, a Ásia, a Europa, a França, a Argentina, a China, a Itália, a Bahia, as Antilhas, as Filipinas; a Gávea, a Penha, etc.
Ex: Iremos à África, à América, à Ásia; depois à Europa, à França, à Argentina, às Antilhas, às Filipinas, etc.// Iremos à Gávea e a seguir à Penha, etc.
Sem artigo: Atenas, Cuba, Honduras, Madri, Mônaco, Paris, Portugal, Roma; Alagoas, Belém, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Minas Gerais, Natal, Niterói, Sergipe, São Gonçalo, São Paulo; Copacabana, Ipanema, Grumari, etc.
Ex: Viajaremos a Atenas, a Cuba, a Madri, a Roma, etc. Depois iremos a Brasília, a Natal e a Niterói e, finalmente, a Copacabana e a Grumari, etc.
#DICA Faça o seguinte teste prático:
- Se vou a e volto da, crase há. Se vou a e volto de, crase pra quê? #macete
Ex. Vou a Vitória = Volto de Vitória (volto de, crase pra quê?)
Vou à Vitória da terceira ponte.
Neste último caso, quando o topônimo estiver seguido de um complemento especificativo, é obrigatório o emprego da crase.
Ex: Gostei de ir à Atenas de Sócrates. // Vou à Roma dos Césares. // Foi à Paris da Torre Eifel. // Iremos à Cuba de Fidel Castro, etc.
b) Na palavra casa, referindo-se a “prédio”, “edifício”, “estabelecimento comercial”, “instituição”, e com o significado determinado, leva crase o a que a precede.
Ex: Fui à Casa de Rui Barbosa. // Iremos à Casa França-Brasil. // Voltarei à casa materna. // Vou à casa de meu irmão.
Entretanto, se houver referência à “própria morada”, “lar”, “residência”, o a que a precede não leva crase
Ex: Voltei a casa.
c) A crase sempre será empregada quando a palavra terra indicar planeta, ou terra natal.
Ex: O agricultor tem amor à terra. // Voltarei à terra querida. // Viajarei em breve à terra de heróis.
Contudo, se a palavra for tomada em sentido oposto à expressão a bordo, não é acentuado o a que a precede.
Ex: Os passageiros do navio não dispunham de tempo de irem a terra. // Os marinheiros voltaram a terra.
Quando a palavra terra indicar chão, terra firme, ela só vai aceitar a crase se estiver acompanhada de uma palavra que a determine, por exemplo.
Os turistas chegaram a terra. (sem o uso de crase)
Os turistas chegaram à terra dos índios. (com o uso de crase)
IV. Palavra feminina oculta.
Ex: Esta conferência é igual à (conferência) que você escreveu. Este discurso é igual ao (discurso) que você escreveu. // A soma deve ser igual à (soma) do recibo. O total deve ser igual ao (total) do recibo.
V – Leva crase o a inicial dos demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, sendo estes demonstrativos substituídos, respectivamente, por a este(s), a esta(s), a isto.
Ex: Fazia referência àquele cidadão. Fazia referência a este cidadão. //Daremos trabalho àqueles homens. Daremos trabalho a estes homens. // Dirigiu-se com voz alta àquela aluna. Dirigiu-se com voz alta a esta aluna. // Entregou-se totalmente àquelas tarefas. Entregou-se totalmente a estas tarefas. // Dedicou-se àquilo com afinco. Dedicou-se a isto com afinco.
VI – Acentua-se o a posterior a determinados verbos de regência variada para evitar-se ambigüidade.
Ex: Bater à porta – dar pancadas para se abrir a porta. Bater a porta – fechar a porta. // Correr às grades – ir para perto das grandes. Correr as grades – fechar as grades. // Matar à fome – impor falta de alimentos a alguém. // Matar a fome – dar de comer, saciar. // Vender à vista – efetuar o pagamento no ato da compra. Vender a vista – Vender a paisagem, o quadro.
VII – Acentua-se o a em locuções femininas (adverbiais, prepositivas, conjuncionais):
à arma branca; à baila (a propósito); à bala; à banda (de parte a parte); à bandoleira; à bolina; à beça; à beira de; à boca pequena (em voz baixa, em segredo); à caça; à cata de; à chave; à colação; à conta de; à cunha (lotado de pessoas); à deriva (sem rumo); à direita; à discrição; à disposição – à disposição de; à distância; à doida; à escâncara – às escâncaras; à enxada; à escuta; à espreita; à esquerda; à exceção de; à falta de; à farta; à feição de; à fina força; à foice; à flor de (à superfície de); à fome, à força de; à francesa; à frente – à frente de; à fresca; à gandaia (sem sentido); à garra (á deriva); à grande (à larga); à guisa de (à maneira de); à imitação de; à larga; à luz (dar à luz); à mão – às mãos; à mão armada; à maneira de; à margem; à matroca (sem rumo); à medida que; à mercê de; à míngua (na miséria, em penúria); à míngua de (à falta de); à minuta; á moda de; à moda, à noite; à paisana; à parte; à porfia (à disputa) à pressa – às pressas; à primeira vista; à procura de; à proporção que; à prova de; à puridade (em segredo, em particular); à queima roupa; à rédea solta; à revelia; a risca; à roda – à roda de; à saciedade; à semelhança de; à socapa (disfarçadamente); à solta; à sorreita (furtivamente); à sorte; à sujeição; à surdina; à tarde; à tesoura; à toa; à toda; à tona; à traição; à tripa forra (à larga, em grande quantidade); à ultima hora; à uma (ao mesmo tempo, conjuntamente); à unha; à vaca fria; à vara; à vela; à ventura (ao acaso) ; à vista – à vista de; à viva força; à volta de; à vontade; às apalpadelas; às avessas; às boas; às cegas; às claras; às direitas; às escondidas; às furtadelas; às moscas; às ocultas; às ordens; às tontas; às turras; às vezes (por vezes, algumas vezes), etc.
#ATENÇÃO As expressões à moda, à maneira, desde que sejam locuções adverbiais, provocam o fenômeno da crase, mesmo estando subentendidas e antes de palavra masculina.
#ATENÇÃO BIFE A CAVALO, À MILANESA
BIFE A CAVALO – Sem crase. Usa-se crase quando se pode entender “à moda de”, como é o caso de “bife à milanesa” (à moda de Milão), “bife à portuguesa” (à moda de Portugal), “bife à Camões” (à moda de Camões), etc.
 
CASOS DE EMPREGO FACULTATIVO
I. Antes de pronome possessivos femininos: minha(s), tuas(s), sua(s), nossa(s), vossa(s).
Ex: Quero retornar à minha terra ou a minha terra. (… ao meu país ou a meu país). // Prestou atenção à sua oração (ou a sua oração). (… a seu discurso.)
No entanto, no plural o s indica a presença de artigo; logo, havendo preposição a, haverá crase. Ex: Continuo fiel a minhas convicções ou … às minhas convicções.
#ATENÇÃO: Quando o nome estiver particularizado por um adjetivo, a crase se torna obrigatória.
Referia-me à simpática Andréia.
II. Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me à (a) Sofia.
#MUITA ATENÇÃO:
a) Num tratamento cerimonioso, não haverá acento crase. Ex. A Marilda, com respeito.
b) Num tratamento íntimo, haverá acento crase. À Lucinha, com afeto.
III. Depois da preposição até:
Fui até à quitanda. // Fui até a quitanda.
IV. antes de senhora e senhorita - a senhora/ à senhora...

CASOS EM QUE NÃO OCORRE CRASE
I. Antes de verbo.
Ex: Ele está apto a dirigir.
II. Antes de substantivos masculinos.
Ex: Vendas a crédito. // Abateu-o a facão. // É bom andar a pé. //Vou a Portugal.
Frise-se que se houver palavra feminina subentendida, isto é, quando, embora omissa, esteja expressa pelo artigo a, haverá crase. Ex: Foi à São José (Casa de Saúde) para visitar um parente. // Salto à Luiz XV (à moda de Luiz XV).
III. Antes de pronomes pessoais, relativos (a quem, a cuja), demonstrativos (exceto: aquela, aquela, aquilo) e indefinido.
Entreguei meu carro a este segurança. // Quero que todos obedeçam a ela. // Não vou mostrar a nenhum de vocês. // Dê seu coração a quem merece
IV. Antes de sujeito oracional, mesmo que feminino.
Ex: Acuada, a caça fugiu rapidamente.
V. Que antecede a verbos no infinitivo.
Ex: Começou a falar. // Preço a combinar. // Contrato a assinar.
VI. Antes de pronomes pessoais (casos reto e oblíquo): Dei a ele um presente. “Mas não servia ao pai servia a ela” (Camões). A mim me parece justo. A ti peço desculpas.
Ex: A nós entregou o recibo. // A vós entrego este tesouro.
VII. Antes de possessivo feminino que se pospõe a nomes de parentesco e pronomes de tratamento.
Ex: A minha mãe, estas flores. // Comunico a V. Exa. que… Encaminho a V. S.A. o presente requerimento. // Peço clemência a Vossa Majestade. // Dirijo-me a Vossa Mercê, a vosmecê, a você…
Fazem exceção: Dona, Madama, Senhora e Senhorita. Ex. À senhora rogo-lhe paciência. // Dedico à senhorita Rosana estas páginas.
Outros exemplos de pronomes que repelem o artigo:
Fiz alusão a ela. // Isso não pertence a ninguém.
VIII. Antes das palavras: alguém, alguma(s), cada, certa(s), determinada(s), cuja(s), essa(s), esta(s), muita(s), nada, nenhuma(s), ninguém, outra)s), pouca(s), qualquer, quaisquer, quanta(s), quem, tamanha(s), tanta, tal, toda(s), uma(s), várias.
Ex: Dirigiu-se a cada candidata sobre o assunto. // Aludiu a certa questão da prova. // Aquela casa, a cuja planta os arquitetos ficaram ligados… // Passo a essa diretoria o resultado dos exames. // Não era a pessoa a quem se referia. // A tanta dedicação jamais poderei dar o meu empenho. // A toda provocação corresponde uma tolerância.
IX. Em expressões formadas por palavras repetidas:
Ex: Cara a cara. // Face a face. // Frente a frente. // Gota a gota.
X. Que se acha sozinho antes de palavra no plural, em sentido indeterminado.
Ex: O depoimento foi tomado a folhas … // A palestra foi dirigida a pessoas cultas. // Matou-a a punhaladas.
XI. Antes de numerais cardinais relacionados a substantivos e tomados em sentido indeterminado.
Ex: Assisti a duas palestras. // Daqui a sete dias voltarei a te ver. // De dez a vinte deste mês saberemos dos resultados.
XII. Antes de artigos indefinidos.
Ex: Eu entreguei a uma atendente os meus documentos. // Conversava com o coordenador referente a um aluno.
XII. Antes de Nossa Senhora e de nomes de santas.
Ex: Em minhas orações recorro sempre a Nossa Senhora e a Santa Rita.
XIII. Quem vem depois das preposições: ante, após, com, contra, conforme, desde, durante, entre, mediante, para, perante, sob, sobre, segundo.
Ex: Ante a cena dantesca, ficou parado. // Após a conferência, saiu da sala. // Perante a autoridade, ficou calado//. Sob a proteção da lei, todos ficarão tranqüilos. Permaneceu sobre a rochadurante a tarde toda. // Segundo a opinião geral, a cena deveria terminar ali.
XIV. Antes de substantivos femininos usados em sentido indeterminado, rejeitando, por isso, o artigo definido. Por elegância de estilo, muitas vezes se omite o artigo definido uma que ficaria colocado antes do substantivo feminino, quase sempre antecedido de adjetivo.
Ex: O candidato foi submetido a rigorosa (a uma rigorosa) sabatina. // A empresa submeteu-se a meticulosa (a uma meticulosa) inspeção fiscal.
XV. Que vem antes de nomes de lugares (cidades, estados, países) – topônimos.
Ex: Quero chegar a Campinas ainda hoje.
XVI. Antes da palavra “casa”, quando se referir à própria morada, ao próprio lar.
Ex: Preciso voltar a casa.
XVII. Antes da palavra ”terra” em oposição a ”bordo”.
Ex: Os passageiros precisavam voltar a terra.
XVIII. Crases com pronomes relativos
a) Que, quem, cujo, cuja, cujos, cujas – JAMAIS admitem crase (porque não admitem artigo).
b) A qual, as quais – Admitem crase (porque aceitam artigo), quando regidos por um verbo (ou substantivo) que exija preposição “a”. Para se saber se há crase com o pronome relativo o qual e sua flexão as quais, basta que você troque o antecedente feminino por uma palavra masculina. Ser der ao haverá crase.
c) a que – neste caso, pode-se verificar se há ou não crase pelo recurso da substituição do antecedente feminino por uma palavra masculina.
Ex: Sua blusa era igual a que eu tanto desejava. Seu sapato era igual ao que eu tanto desejava.
(Se deu ao com o masculino, há crase).
Sua blusa era igual à que eu tanto desejava.
#ATENÇÃO Quando o a da expressão a que (preposição + relativo) corresponde ao qual, à qual, não leva acento.
O funcionário a que (ao qual) se refere o documento…
A funcionária a que (à qual) se refere o ofício…
A prova a que (à qual) se submeteu o candidato…

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