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26 de fevereiro de 2018

Schubert "Serenade"

25 de fevereiro de 2018

NORMATIVA OU DESCRITIVA?


Na escola, estudamos gramática. Não é comum ouvirmos falar em “gramáticas”, mas a verdade é que existe, sim, mais do que uma! Já ouviu falar em gramática normativa e gramática descritiva? Vamos ver quem são elas e quais as diferenças que as caracterizam.
Antes, confira um trecho da obra Sítio do Picapau Amarelo, do Monteiro Lobato, para introduzir tal discussão.
“Pilhei a senhora num erro!”, gritou Narizinho. “A senhora disse: ‘Deixe estar que já te curo!’ Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não admitem. O ‘te’ é do ‘Tu’, não é do ‘Você'”…
“E como queria que eu dissesse, minha filha?”
“Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: ‘Deixa estar que já te curo’.”
“Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases ficam muito mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?”
“Acho, sim, vovó, e é como falo. Mas a gramática…”
“A gramática, minha filha, é uma criada da língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática – o que tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer…”
“Eu sei o que é que ela tem a fazer, vovó!”, gritou Pedrinho. “É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas…”
Dona Benta aprovou. (…)
(Monteiro Lobato. Obra Completa. “Fábulas”, São Paulo, Editora Brasiliense)
No trecho, podemos analisar duas definições de gramática. A primeira é a que Narizinho diz que não admite certo tipo de fala e considera-o um erro. A segunda é a que Dona Benta diz que deve se adequar aos falantes. Pois bem, a gramática de Narizinho é a gramática normativa; a de Dona Benta, a gramática descritiva.
Normativo vem de norma. Isso é, a gramática normativa é aquela que aprendemos na escola como sendo a norma culta da Língua, e é utilizada na modalidade escrita formal.
Já a gramática descritiva tem como preocupação registrar a língua como ela realmente é falada. Isso não significa que ela não tenha regras ou que seja errada. Não existe linguagem certa ou errada. Existem erros dentro de uma certa convenção linguística, o que é diferente.
Como Dona Benta sugere, a língua sofre modificações em sua fala de acordo com o tempo e contexto social em que vivemos. E realmente, a gramática normativa tende a ir se modificando e se adequando à linguagem descritiva. A função da gramática descritiva é identificar todas as formas de expressão existentes e compreender quando, onde e por quem são produzidas, ou seja, realizar um estudo sociolinguístico.
O importante, para nós falantes e escritores, é identificar o contexto de nossas falas e registros para saber quando devemos usar a gramática normativa ou a descritiva.

GERUNDISMO

Gerúndio e gerundismo – entenda a diferença


Atendendo ao pedido da leitora Júlia Maria, vamos abordar a questão do emprego do gerúndio. Observemos a tirinha do Grump, que apareceu no vestibular do ITA:
– No lugar de reclamação, ação! Comprei um livro com tudo sobre a Reforma Ortográfica. Vou estar lendodiariamente. Vou estar aprendendo cada vez mais. Vou estar me superando a cada dia.
– Bem que podiam ter aproveitado a Reforma para estarem limando o gerúndio.
***
Temos, nos quadrinhos, uma crítica a um vício de linguagem que virou “modinha”, o gerundismo. Trata-se do emprego inadequado da forma nominal gerúndio. Muitas pessoas confundem gerúndio e gerundismo e, das duas uma: ou empregam equivocadamente o verbo no gerúndio ou evitam-no a todo custo, achando que é errado usá-lo.
Para evitar as confusões, vamos definir cada um dos termos:
  • Gerúndio: forma nominal dos verbos que indica ação em processo, ou seja, a ação já teve início e ainda está em andamento, não foi encerrada: “Os alunos estão fazendo a prova, enquanto a professora observa.”
  • Gerundismo: vício de linguagem que consiste na construção de locução verbal exagerada, com excesso de verbos e um deles no gerúndio, na tentativa de reforçar a ideia de continuidade de uma ação no futuro: “Vou estar fazendo a lição de casa após o almoço”.
Como diriam meus alunos, ‘o que pega’ é que há falta de objetividade na construção, pois não há necessidade de tantos verbos na locução. A mensagem ficaria mais objetiva e clara, por exemplo, assim:
  • Vou fazer a lição de casa após o almoço.
Além da falta de objetividade, há também outro problema: ‘vou fazer’ é pontual, assertivo, ao passo que ‘vou estar fazendo’ transmite a ideia de que o processo vai ser iniciado, mas nada se sabe quanto ao término…
Então é melhor não usar locuções com verbo no gerúndio? Não! Essa forma nominal é útil, mas deve ser empregada apenas quando a intenção for indicar que a ação não terminou, ainda está em curso, isoladamente ou em relação a outra ação, como nesta frase:
  • A velhinha estava fazendo palavras cruzadas enquanto esperava o médico atendê-la. (ação iniciada e não concluída)
Como iniciei o texto com uma tirinha, vou encerrá-lo com outra – o cartunista Laerte fez bom uso do gerúndio na tirinha abaixo:
Resumindo: evite o gerúndio desnecessário, mas continue a empregá-lo em locuções verbais que expressem ação iniciada e ainda não concluída.
E quando vocês estiverem empregando corretamente essa forma verbal, ficarei satisfeita por auxiliado.

PAREM DE FAZER MODA DA LINGUAGEM NA PRODUÇÃO TEXTUAL

Sabemos que o idioma sofre inúmeras alterações, causadas, entre outros fatores, pela passagem do tempo e pela influência de outras culturas. Isso ocorre também com outros aspectos da sociedade, como o modo de se vestir, por exemplo. E é dessa área que vamos tomar o termo ‘moda’ emprestado e vamos falar um pouco sobre ‘modismos linguísticos‘.
Algumas expressões não reconhecidas pela Gramática Normativa surgem (a mídia é uma das fontes) e são empregadas com frequência tamanha que acabam caindo nas graças dos falantes. E quando surgem na boca ou pelas mãos de jornalistas ou apresentadores de TV, os leitores/espectadores ficam com a certeza de que são adequadas, afinal, onde já se viu a TV errar?
Selecionamos aqui algumas expressões que “estão na moda”, mas que apenas empobrecem o texto, já que são absolutamente inexpressivas e desnecessárias:
  • A nível de:
  • Embora muito empregada, a expressão não tem significado e geralmente é utilizada para preencher vazios vocabulares, passando assim a impressão de certo nível de erudição na fala. Podemos empregar em nível (=na esfera, no âmbito), como em Em nível estadual, não existe legislação sobre esse assunto. Ou ainda, ao nível (= na mesma altura), como em Aquela rua está ao nível do mar.
  • Colocar = expor, propor
  • Colocar é sinônimo de pôr. Para indicar que se vai apresentar uma ideia, estão disponíveis no idioma expor, propor, explanar, argumentar, esclarecer entre outros.
  • Gerúndio inadequado:
  • É comum ligarmos para uma empresa para resolver um problema e ouvir um “estaremos resolvendo seu problema” ou “vou estar transferindo sua ligação”. Muitas pessoas empregam essa forma verbal que desloca o gerúndio para um tempo futuro, mas que é admitido apenas na língua inglesa, mas em português não é adequada, pois há um excesso de verbos auxiliares e o ideal é buscar a concisão.
Como regra, pode-se dizer que o gerúndio está bem empregado quando há predominância do caráter verbal ou adverbial; quando o caráter durativo da ação está claro; e quando a ação expressa é coexistente ou imediatamente anterior à ação do verbo principal.
Observe o bom uso do gerúndio:
Gerúndio modal: Chegou cantando.
Gerúndio temporal (Indica simultaneidade entre a ação expressa pelo verbo principal e o gerúndio): Vi as crianças passeando.
Gerúndio durativo: Ficou fazendo a lição.
Gerúndio cuja ação é imediatamente anterior à do verbo principal: Levantando a caixa, deixou-a cair porque era muito pesada.
Gerúndio condicional: Tendo sido publicada a lei, cumpra-se!
Gerúndio causal: Conhecendo sua personalidade, não acreditei no que me disseram sobre ele.
Gerúndio concessivo: Mesmo chovendo muito, haveria churrasco.
Gerúndio explicativo: Vendo que o freio não funcionava, o motorista chamou o mecânico.
Essas expressões são “tipo assim” aquelas que devem ser evitadas nos bons textos, mas não são as únicas. No próximo artigo, veremos mais alguns modismos que empobrecem o texto e, por isso, devem ser evitados.

23 de fevereiro de 2018

A PRAGA DOS CLICHÊS

O clichê é o "senso comum" das expressões. São aquelas expressões que todo mundo usa e que todo mundo está cansado de ouvir. Então, aí vai uma listinha com alguns exemplos de clichês que você deve, acima de tudo, evitar em sua redação:

desde os primórdios da humanidade
nos dias de hoje
nos dias atuais.
atualmente
com base nos fatos mencionados, conclui-se que
para concluir
luz no fim do túnel
no fundo do poço
um caso de amor e ódio
é preciso que todos se conscientizem
caixinha de surpresas
como o diabo foge da cruz
a pergunta que não quer calar
agradar a gregos e a troianos
pedras no sapato
faca de dois gumes
se cada um fizer a sua parte
fechar com chave de ouro
voltar à estaca zero
aparar as arestas
nós, brasileiros
nós, seres humanos
é conveniente para o governo que
crítica construtiva
nunca antes na história da humanidade
nunca antes na história do Brasil
só assim conquistaremos a vitória
nos quatro cantos do mundo
tocar corações e mentes
correr atrás do prejuízo
obra faraônica
a todo vapor
dar a volta por cima
em alto e bom tom
preencher uma lacuna
deixou a desejar
do Oiapoque ao Chuí
quem tem boca vai a Roma
começar com o pé direito
antes de mais nada
inserido no contexto
rota de colisão
mão na roda
está na moda


E algumas citações, por serem usadas demais, também caíram no caso dos clichês:

Só sei que nada sei (Sócrates)
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena (Fernando Pessoa)
Da onde eu vim? Para aonde eu vou? 



Além dos clichês, você deve evitar informalismos (onde, a gente, etc...) gírias e expressões vagas (todo mundo, sempre, nunca, todos, etc...).

CONCLUSÃO


Nos artigos anteriores, nós escrevemos três parágrafos: um parágrafo de introdução (veja aqui) e dois de desenvolvimento (veja aqui). Agora, precisamos escrever o último parágrafo da dissertação, que é a conclusão.

A função básica do parágrafo conclusivo é reafirmar o que foi dito ao longo da redação, ou seja: no parágrafo de conclusão, nós reafirmamos a tese (que é a ideia principal da redação). 

Claro que a questão do parágrafo de conclusão depende do tipo de concurso que você está fazendo. No Enem, por exemplo, nós precisamos problematizar o tema ao longo da redação e fazer uma proposta de solução no parágrafo de conclusão. Em outros vestibulares isso não é necessário e, nesses casos, há várias estratégias para fazermos a conclusão. Uma delas é trabalhar com definições, conceitos e características, como por exemplo:

Assim como todos os avanços tecnológicos, a internet pode trazer benefícios ou malefícios à sociedade e isso dependerá dos propósitos de quem a usaIndependente desse fato, é inegável dizer que a internet está presente no cotidiano das pessoas e faz parte da cultura moderna.

A expressão em azul faz a retomada de tudo o que foi exposto na redação (reafirmação da tese). A parte em vermelho segue a estratégia de se trabalhar com definições, conceitos ou características, já que expressamos as características da internet (está presente no cotidiano das pessoas e faz parte da cultura moderna).

Também podemos usar a estratégia da projeção, trabalhando com perspectivas e projeções para um futuro próximo:

Assim como todos os avanços tecnológicos, a internet pode trazer benefícios ou malefícios à sociedade e isso dependerá dos propósitos de quem a usaIndependente desse fato, é inegável dizer que a internet continuará presente no cotidiano das pessoas, influenciando a sociedade e moldando as características de nossa cultura.

Independente da estratégia que usarmos, devemos sempre reafirmar o que foi dito ao longo do texto sem acrescentar ou desenvolver novos argumentos. Se acrescentarmos algum argumento, o parágrafo de conclusão poderá se transformar num novo parágrafo de desenvolvimento, ou seja: a sua redação ficará sem conclusão (ela acabará "do nada", sem ter um fechamento decente). 

DESENVOLVIMENTO DE UM TEXTO



No artigo anterior, nós falamos a respeito do parágrafo de introdução (veja aqui). Agora, continuando o modelo anterior, vamos escrever os parágrafos de desenvolvimento. Você viu que a introdução apresenta as ideias que vão originar os dois parágrafos de desenvolvimento (ou um, ou três... depende da quantidade máxima de linhas permitidas).

Observação: esse é apenas um modelo de parágrafo de desenvolvimento que estamos sugerindo a você. Não existe um padrão específico e rigoroso para escrever uma dissertação. Você desenvolve o seu próprio estilo de escrita. 

Vamos rever a introdução que criamos no artigo anterior:

A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da cultura atual.  O seu principal aspecto positivo é a facilidade de acesso ao conhecimento e à informaçãoentretanto o seu mau uso pode prejudicar os seus usuários de inúmeras formas. O que a caracteriza como benéfica ou maléfica é o modo que ela é usada”.

Observe que a introdução apresenta duas ideias junto com a tese (uma está na cor azul e a outra está na cor verde). Cada uma dessas ideias dará origem a um parágrafo de desenvolvimento. 

O desenvolvimento é o parágrafo que vai desenvolver a ideia que foi apresentada junto com a tese lá no parágrafo de introdução. Essa ideia deve aparecer no primeiro período do desenvolvimento (ou seja: da letra maiúscula até o primeiro ponto) e ela será a ideia principal do parágrafo de desenvolvimento, recebendo um novo nome: tópico frasal

Portanto, o tópico-frasal é a ideia principal do parágrafo (é a ideia que resume o parágrafo inteiro em uma ou duas linhas). Depois do tópico-frasal aparecem os argumentos (que irão desenvolver a ideia principal do parágrafo) e, por fim, temos o encerramento (ou "fechamento") do parágrafo (para evitar que o desenvolvimento acabe "do nada", sem ter um "fechamento"). 

Com base nisso, vamos fazer o primeiro parágrafo de desenvolvimento.

Ideia: “O seu principal aspecto positivo é a facilidade de acesso ao conhecimento e à informação

Parágrafo correspondente (sugestão):

Dentre tantos aspectos positivos, o que mais se destaca entre os benefícios da internet é o caráter de sua acessibilidadeÉ simples publicar e acessar conteúdos dos mais variados campos do conhecimento, o que representa um poder de acesso à informação nunca antes testemunhado na história tecnológica do mundo. Por meio da internet, o usuário pode encontrar grandes acervos de livros digitalizados, visitar páginas de conteúdos especializados e também acompanhar informações atualizadas por meio de grandes portais de notícia. Sendo assim, pode-se afirmar a internet inaugurou uma nova geração e uma nova cultura, que é caracterizada pela globalização e pela acessibilidade universal da informação nunca vista antes.

Em vermelho, nós temos o tópico frasal, estrutura que concentra a ideia principal do parágrafo (que foi apresentada na introdução da redação, junto com a tese). Na parte destacada em azul, que é o “miolo” do parágrafo, nós argumentamos e desenvolvemos a ideia central do parágrafo, ou seja: preocupamo-nos em convencer o leitor de que o grande benefício da internet é o acesso à informação e ao conteúdo. E, por fim, a parte roxa representa o fechamento do parágrafo, onde concluímos que a internet passou a caracterizar uma nova geração, caracterizada pelas pessoas que têm o poder de acesso à informação de um modo nunca visto antes. O fechamento é a parte do parágrafo que dá um tom de conclusão (para ajudar, você pode começar o fechamento com algum elemento conclusivo, como "sendo assim", "portanto", "dessa maneira", "logo", "então", etc). 

Perceba que o parágrafo de desenvolvimento é realmente uma “redação em miniatura” composta por introdução (tópico frasal), desenvolvimento (argumentos, ou seja: o "miolo") e conclusão (encerramento ou fechamento). 


Vamos, agora, para o segundo parágrafo de desenvolvimento:

Ideia: entretanto o seu mau uso pode prejudicar os seus usuários de inúmeras formas. 

Parágrafo correspondente:

Entretanto, o grande problema da internet é o fato de ela ter falhas que comprometem a segurança de seus usuários. Por ser pública e global, ela é usada por muitos tipos de pessoas e elas podem ter diferentes propósitos e objetivos, o que compromete a segurança da rede. Esse fato é agravado ainda pela questão do anonimato, que facilita crimes como racismo, pedofilia, roubos de informações pessoais, falsas identidades e plágio. Além disso, a rede é vulnerável a ações de hackers, que são capazes de invadirem contas de empresas, de pessoas físicas e até mesmo do próprio governoTudo isso demonstra que a internet, apesar de facilitar o acesso à informação, é um ambiente inseguro e que, portanto, exige cautela por parte de seus usuários.



Assim como no parágrafo anterior, em vermelho nós apresentamos o tópico frasal, que revela a ideia central do parágrafo. Em azul nós temos toda a estrutura argumentativa, que foi construída de modo a convencer o leitor a aceitar a ideia principal apresentada pelo tópico frasal. E, por fim, temos o fechamento do parágrafo (na cor roxa), onde concluímos e reafirmamos que a internet realmente é insegura, fato que exige cuidado por parte dos usuários que nela navegam. 

Você percebeu que, para desenvolver, é preciso argumentar. Para tanto, existem algumas técnicas de argumentação, como por exemplo: Causa e ConsequênciaExemplificaçãoCitaçõesContra-Argumento e Fatos e Conceitos

INTRODUÇÃO DE UMA REDAÇAÕ

Introdução = Apresentação do Tema + Apresentação da Tese

introdução é o primeiro parágrafo da dissertação e ela deve conter, pelo menos, duas estruturas: apresentação (ou contextualização) do tema e apresentação da tese (que é formada pelas ideias principais de cada parágrafo de desenvolvimento). 

Observação: também podemos considerar que os argumentos formam uma terceira estrutura, separando-os da tese. Essa é apenas uma maneira de definir os conceitos. O que importa é que a introdução deve apresentar o tema e a tese (ideia ou ideias principais da redação). 

Vamos supor que o tema esteja relacionado com “internet”. Então, eu preciso começar a minha redação apresentando esse tema, contextualizando-o e o apresentando de alguma forma. Veja alguns exemplos:

1) “A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da geração atual”.
2) “A internet é o reflexo do avanço tecnológico promovido pelo homem, que transcende as barreiras físicas e passa a viver num universo virtual sem fronteiras”.
3) “Assim como muitas invenções mudaram a história do homem, a internet se revelou como o marco de uma nova geração e de uma nova cultura”.

Observe que há diversas maneiras de se apresentar o tema. Geralmente, a melhor estratégia é trabalhar com definições e com conceitos e, para tanto, basta se perguntar: o que é internetO que ela proporciona à sociedade? Pense em tudo o que você sabe a respeito do tema e procure o que você sabe de melhor dele. 

Vamos adotar o item 1: “A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da cultura atual”. 

Agora que já apresentamos o tema, nós precisamos nos posicionar a respeito dele, ou seja: nós precisamos de uma tese (opinião).

O tema “internet” é muito amplo e podemos falar muita coisa ao seu respeito. Porém, de modo geral (em minha opinião), eu acredito que ela pode servir tanto para o bem quanto para o mal. Logo, a minha opinião é: “a internet serve para o bem e para o mal”. A partir dessa opinião eu irei formular a minha tese:

“A internet possui tanto aspectos positivos quanto negativos e isso depende de seu uso”.

Veja que a minha opinião é: “a internet é boa e também é má e isso depende do internauta”. Agora, eu preciso convencer o leitor da melhor maneira possível a aceitar essa opinião. Para tanto, precisamos de ideias (argumentos) e cada argumento será explicado e desenvolvido em cada parágrafo de desenvolvimento. Uma boa maneira é pensar na tese como a união das ideias principais de cada parágrafo de desenvolvimento. Por isso que, para começar a escrever a redação, nós precisamos planejar o texto, pensando no que vamos escrever em cada parágrafo. 

Como a redação geralmente tem dois parágrafos de desenvolvimento, então eu preciso de dois argumentos que me ajudem a convencer o leitor a aceitar a minha opinião.

Argumento 1: “a internet é boa porque facilita o acesso ao conhecimento e à informação”.
Argumento 2: “a internet é ruim porque ela não é muito segura, o que dá margem a diversos problemas”.

Bem, então nós já temos a apresentação do tema e da tese (junto com os argumentos). Isso quer dizer que já temos a nossa introdução:

A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da cultura atual.  O seu principal aspecto positivo é a facilidade de acesso ao conhecimento e à informaçãoentretanto o seu mau uso pode prejudicar os seus usuários de inúmeras formasO que a caracteriza como benéfica ou maléfica é o modo que ela é usada”.

Roxo: apresentação do tema
Azul: argumento 1 (dará origem ao primeiro parágrafo de desenvolvimento)
Verde: argumento 2 (dará origem ao segundo parágrafo de desenvolvimento)
Vermelho: opinião (tese)

Claro que isso não é regra, pois cada pessoa tem o seu próprio estilo de escrita. 

Observe que temos nesse parágrafo todos os elementos necessários para fazer uma introdução. Apresentamos tanto o tema como a tese e indicamos os dois argumentos principais que vão dar origem aos dois parágrafos de desenvolvimento. Logo, para escrevermos a introdução, é preciso termos uma ideia do que vamos escrever e também precisamos ter uma ideia de quais argumentos serão usados para defender a nossa opinião. Não podemos começar uma redação sem saber direito o que vamos escrever.

Portanto, antes mesmo de começar o parágrafo introdutório é importante que você faça um esquema com todas as suas ideias, arquitetando o conteúdo de seu texto, separando os argumentos principais e a tese. A introdução deve revelar ao leitor, de modo claro e objetivo, o tema, a tese e, junto com a tese, os argumentos que serão desenvolvidos ao longo da dissertação. Lembre-se: você irá apenas apresentar e indicar os argumentos. Ou seja: você não vai desenvolver nem explicar nada na introdução.