No último dia 18 de janeiro foram divulgados os resultados da edição de 2017 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pelo Ministério da Educação (MEC). Em relação aos resultados da prova de redação, que teve como tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil“, foram corrigidos 4,72 milhões de textos.
Desse montante, apenas 53 dissertações-argumentativas obtiveram nota máxima (1.000 pontos), uma queda em comparação aos 77 textos que conseguiram atingir a nota máxima no Enem de 2016. Os números de redações que alcançam a nota máxima no exame sempre foram baixos, algo que não vai de encontro às correções dos vestibulares mais importantes do país, nos quais a correção cria uma curva de notas mais homogênea e distribuída.
No outro extremo, receberam nota zero 309.157 textos e a maioria foi devido a fuga do tema proposto, algo infelizmente já esperado devido a surpresa que o tema causou no primeiro domingo de provas. Para a grande maioria dos participantes e dos professores de Língua Portuguesa e de Redação, abordar a educação de surdos no Brasil foi algo surpreendente, apesar de necessário, pois quase ninguém imaginava a abordagem de algo tão específico, já que a inclusão normalmente é discutida de modo mais amplo nas escolas; isso quando é discutida, cá entre nós.
O número altíssimo de redações que fugiram do tema indica dois fatos: a escola, como um todo, precisa discutir e debater todas as formas de inclusão e não apenas de maneira abrangente e generalista, mas também separada, pois cada deficiência requer um modo de inclusão; esses participantes não são, infelizmente, leitores proficientes, pois não cumpriram o tema proposto.
A coletânea de textos apresentava algumas “pegadinhas”, como por exemplo, a menção ao Braile, o que pode ter confundido vários participantes que abordaram também ou exclusivamente as pessoas portadoras de deficiência visual.
Neste aspecto, houve um aumento de redações que obtiveram nota zero comparado ao Enem 2016. Naquele ano, 0,78% dos textos receberam nota zero; em 2017, foram 5,01%.
Porém, no geral, os participantes do Enem 2017 obtiveram melhor desempenho do que os de 2016. A média passou dos 541,9 pontos para 558 pontos, o que ainda é uma nota mediana.
Em relação ao desrespeito aos direitos humanos, segundo o MEC, 205 textos desrespeitaram os direitos humanos, mas não foram anulados de acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Em suma, os resultados da prova de redação do Enem 2017 mostram que existe uma realidade educacional heterogênea no nosso país, já que não existe uma qualidade padronizada de ensino e, deste modo, os alunos não têm acesso às mesmas oportunidades. Se a educação pública brasileira tivesse uma qualidade de ensino e de infraestrutura homogênea, sem dúvidas que os números seriam outros. Além disso, o universo de candidatos ao Enem é um universo muito mais diverso do que dos vestibulares tradicionais e isso deve ser levado em consideração.
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