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28 de janeiro de 2018

CONCURSEIROS !!


– Você quer ajuda, amiga?
– Não, obrigado. Você tem bastante coisas para fazer, eu tenho menas.
Que tal lhes parece o diálogo acima? Muito gentil, cheio de empatia, porém… com alguns desvios em relação à norma culta.
Temos, no trecho, três casos de concordância nominal que merecem atenção: as palavras ‘obrigado’, ‘bastante’ e ‘menos’.
O termo obrigado(a) é o particípio do verbo obrigar. Lembremos que o particípio é uma das formas nominais do verbo, assim denominadas porque funcionam às vezes como verbo (A mãe tinha obrigado o filho a tomar o xarope), às vezes como nome, neste caso um adjetivo. Esse termo faz parte da expressão “estou obrigado(a)”, ou seja, “eu devo obrigação de retribuir a gentileza, o favor que recebi”, e como adjetivo, precisa concordar em gênero e número com o termo a que se refere. Dessa forma, portanto, uma mulher dirá obrigada, um homem dirá obrigado e um grupo dirá ‘obrigados‘ se forem apenas homens ou um grupo misto e ‘obrigadas‘, se forem apenas mulheres (por mais estranho que possa parecer, o termo tem plural sim!).
Já a palavra bastante pode funcionar como pronome indefinido (e será variável quanto ao número – singular/plural) ou como advérbio de intensidade (invariável) e se comportará como o sinônimo muito. Assim, na dúvida, verifiquemos como o ‘muito’ se comporta:
  • Tenho bastante ou bastantes livros?
  • = Tenho muitos livros.
Nesse caso o termo funciona como pronome indefinido (expressa a quantidade de modo vago, impreciso) e deverá concordar com o substantivo a que se refere (livros), portanto vai para o plural: “Tenho bastantes livros.”
  • Estamos bastante ou bastantes cansados?
  • = Estamos muito cansados.
Agora o termo funciona como advérbio, intensificando a ideia do adjetivo cansados. Teremos, portanto, “Estamos bastante cansados.”
E por último, falemos do termo menos. Esse termo pode ser empregado como advérbio (Ele ganha menos do que a esposa); como pronome (Gosto de mais pimenta e menos sal na comida); ou substantivo (Às vezes o menos é mais) e em todos os casos é uma palavra invariável. Ocorre com certa frequência o fenômeno da hipercorreção (quando alguém ‘corrige’ o que já estava certo), pois a palavra aparenta ser do gênero masculino, mas não há informação de gênero nesse termo, ele será sempre usado na forma menos:
  • Há menos meninas do que meninos naquela turma.
  • Eu tenho menos fé na Justiça do que meu irmão.
  • Ele aparenta menos idade do que o amigo.

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