Em São Roque (SP), ocorre nesta época do ano, em algumas adegas, a chamada Vindima (ou Pisa da uva). A vindima é a colheita das uvas para posterior produção de vinho. A uva e seu produto mais nobre, o vinho, tem importância ímpar na história da humanidade, na cultura e na alimentação, ao lado do pão. Não é à toa que são os dois símbolos dos mais marcantes no Cristianismo e retomados com frequência, de modo intertextual, em muitas músicas, como fez Chico Buarque em Cálice: “Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue”.
Esses dois alimentos são também icônicos em muitas culturas, como a portuguesa: Numa casa portuguesa, fica bemOu a italiana – os mais velhos talvez se lembrem de um filme muito famoso que apresenta esses elementos logo no título: “Marcelino, pão e vinho” Mas a questão linguística relacionada ao título provém de uma pergunta que me foi feita no evento da vindima: “Qual é a forma correta, vinicultura ou viticultura?” As duas estão certas, na verdade, mas cada uma se refere a uma produção específica. O nome científico da videira, planta que produz as uvas, é Vitis sp, e a espécie mais difundida é a Vitis vinifera. O latim é, por tradição, a língua das ciências, então vamos traduzir esse nome científico: vitis significa videira (a planta) e vinífera significa ‘que produz vinho’ (fero = que produz + vinum = vinho). Acredita-se que as uvas são originárias da Ásia e foram introduzidas na Península Itálica pelos gregos. Foram os romanos, porém, que transformaram a produção de vinhos em um comércio lucrativo, difundindo essa cultura por todo o Império. Daí termos o hábito de consumo da bebida e bons produtores de vinho em todas as regiões da Europa que fizeram parte do Império Romano. Voltando ao questionamento, temos então duas palavras corretas, como eu mencionei, mas a viticultura diz respeito à produção das uvas e a vinicultura refere-se à produção do vinho. E, no caso daquelas propriedades em que se planta e colhe a uva e posteriormente se faz o vinho numa sequência, temos a vitivinicultura. E por que falar tanto desse tipo de formação de palavras e seus significados? Ora, porque, entre outras coisas, esse conhecimento é cobrado nos concursos. Na prova da 2ª fase da Unicamp deste ano, havia uma questão que exigia dos candidatos o conhecimento da estrutura e formação de palavras, além do conhecimento do significado e função dos afixos (prefixos e sufixos) e radicais e da interpretação que estes têm na criação do sentido do texto. Bom motivo? Além é claro do fato de que, ampliando o vocabulário, sempre teremos maior facilidade na leitura e interpretação de textos em geral. |
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21 de janeiro de 2018
VITIVINICULTURA
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