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29 de julho de 2018

ITA

Para cumprir a lei, ITA adota cotas raciais no vestibular
O ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) vai aderir pela primeira vez ao sistema de cotas raciais em seu vestibular. A instituição de ensino, localizada em São José dos Campos (SP), vai reservar 22 das 110 vagas nas seis graduações em engenharia já para o ingresso de 2019. São elas: aeroespacial, aeronáutica, civil-aeronáutica, computação, eletrônica e mecânica. O ITA é conhecido nacionalmente por ter o vestibular mais difícil e disputado do país. Em 2017, 11.135 candidatos concorreram às vagas da instituição. É ligado ao Comaer (Comando da Aeronáutica), que é subordinado ao Ministério da Defesa. O instituto vai abrir as inscrições para o processo seletivo 2019 no dia 1º de agosto. Os interessados terão até o dia 15 de setembro para garantir participação.

A entrada do ITA no rol de instituições públicas de ensino com oferta de cotas raciais demorou e só ocorreu após determinação judicial. Em 2015, o MPFDF (Ministério Público Federal do Distrito Federal) ajuizou na Justiça uma ação civil pública exigindo que as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) incluam a reserva de vagas para negros e pardos em seus processos de seleção. Para a Promotoria, as Forças Armadas fazem parte da estrutura da União e o ingresso nessas instituições deve seguir a política de cotas prevista na lei 12.990/2014. Mediado pela Justiça, um Termo de Ajustamento de Conduta entre a Promotoria e as Forças Armadas foi firmado para garantir o cumprimento da medida.

O candidato autodeclarado negro que pretende ingressar nas instituições das Forças Armadas terá a inscrição analisada por uma comissão, que será a responsável por confirmar se o pretendente é negro ou pardo. O procedimento será filmado. Além do ITA, os concursos ofertados pelo Colégio Naval, pelo Instituto Militar de Engenharia e pela Academia da Força Aérea também vão adotar a medida. Segundo o Ministério Público Federal, se o acordo não for cumprido, as Forças Armadas terão que pagar multa diária de R$ 20 mil.

28 de julho de 2018

REDAÇÃO DO ENEM

Estamos caminhando para o final do mês de julho e provavelmente, a estas alturas, a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está sendo finalizada, se é que já não foi concluída.
Você pode estar se perguntando o motivo da antecedência, já que as provas do Enem 2018 serão só nos dias 04 e 11 de novembro, sendo que a prova de redação é aplicada no primeiro dia do exame.
Essa antecedência é altamente recomendada e necessária devido ao volume de trabalho que a banca elaboradora e a logística do exame têm, já que estamos falando de um montante de 5.513.662 participantes aptos.
Em relação às questões de todas as disciplinas abordadas nos dois dias de exames, professores de todo o país trabalham em bancos de questões que alimentam um grande banco de dados de perguntas de múltipla escolha que é utilizado para produzir as provas do Enem . Além disso, tais provas são testadas, em amostras menores, a fim de comprovar a funcionalidade das questões.
Norma culta e seu antigo debate
O mesmo ocorre com a prova de redação, que também é testada. Se pegarmos as últimas provas de redação do Enem, isto é, as edições passadas, podemos comprovar que os textos motivadores das coletâneas textuais foram acessados de suas fontes em meados dos meses de junho e julho, mais tardar no mês de agosto. Isso significa que os temas abordados, normalmente, são temas que estiveram em destaque, no caso desta edição, de julho de 2017 a julho de 2018.
Afirmamos com tanta certeza, pois isto tem sido uma constante nas provas de redação do Enem, até porque não há tempo hábil para elaborar uma proposta de produção textual e testá-la em tão pouco tempo.
Além disso, há ainda os processos de impressão e distribuição de todos os exemplares das provas, além da elaboração de provas B e C, versões diferentes que devem estar prontas para serem aplicadas caso haja algum problema, como já aconteceu em anos anteriores.
Desse modo, recomendamos que vocês, estudantes, pesquisem temas que foram destaque dentro deste período de um ano mencionado acima; possivelmente, o tema da redação do Enem 2018 estará entre eles. Inclusive, há uma grande chance de o foco do tema ser algum grupo minoritário, pois tem sido mais uma constante: mulheres, religiões de matrizes africanas (intolerância religiosa), surdos etc.

ENEM E O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS

O desrespeito aos Direitos Humanos não anulará a redação do Enem 2018 – Exame Nacional do Ensino Médio. Utilizada até a edição de 2016, a regra deixou de ser válida dias antes da prova do ano passado após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) acatar solicitação da Associação Escola Sem Partido e suspendê-la. 
Conforme matéria publicada no Portal G1 de notícias, o Ministério da Educação (MEC), em conjunto o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), já se pronunciou informando que seguirá respeitando a decisão final Supremo Tribunal Federal – STF – que negou o pedido de Suspensão de Tutela Antecipada após tentativa de recorrer dos órgãos do governo.
Na oportunidade chegou-se inclusive a criar certa polêmica sobre o assunto, pois o Inep recorreu da decisão em 3 de novembro de 2017, apenas dois dias antes do primeiro dia de aplicação do Enem, quando os candidatos iriam fazer a redação. A negativa do STF, por sua vez, foi dada no dia 5, horas antes do início da avaliação.

Então Posso Desrespeitar os Direitos Humanos?

Pela mudança da regra e sua análise crua, pode, pois você não terá sua dissertação anulada. No entanto, conforme esclarecem professores e especialistas na redação do Enem, o desrespeito aos Direitos Humanos segue sendo um dos critérios de avaliação, de forma que o participante que o fizer perderá pontos preciosos em seu texto.
Como as cinco competências avaliadas continuam as mesmas , assim como todas as outras regras e critérios de correção e atribuição de notas, o candidato que não respeitar os Direitos Humanos irá zerar a referida competência (descrita abaixo), que vale até 200 pontos. Uma vez que a dissertação tem nota numa escala de 0 a 1.000, este estudante não poderá fazer mais que 800 pontos.
Competência V: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Portanto, na prática, a manutenção da regra que suspende a anulação de uma dissertação por desrespeito aos Direitos Humanos não muda nada nos estudos dos milhões de inscritos no Enem 2018, pois devem se preparar considerando este critério de forma a respeitá-lo para obter pontuação máximo nesta quinta competência.

26 de julho de 2018

TREINANDO A ESCRITA

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Publicidade na internet: os limites entre o estímulo ao consumo e a perseguição inconveniente, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Das inconveniências secundárias da vida contemporânea, a publicidade na internet está nos top five. Quanta perturbação! A ficha caiu dias atrás, quando habituais objetos de desejo se tornaram alvos de antipatia aguda. A paixão por sapatos é antiga, histórica, vai longe no tempo. Tem a ver com a infância pobre e a lembrança de um armário que abrigava não mais que um par de sandálias para festas e outro de tênis para a escola. Modelo extra, só por motivo de força maior: pés crescidos. Da abstinência forçada do passado nasceu a compulsão da vida adulta. Meu nome é Flávia e sou viciada em sapatos. Ou era.
Não foi preciso recorrer aos Sapatólatras Anônimos ou a qualquer outra entidade de tratamento do consumo compulsivo. A aversão emergiu discretamente, três semanas atrás, após consulta inocente ao site de uma varejista de calçados. Seria a primeira compra do tipo via web. Sou dessas que preferem a experiência ao vivo e em cores. Ir à loja, examinar opções, escolher com atenção, provar, caminhar diante do espelho, cair de amor, pagar, levar para casa.
Mas o carnaval se avizinha, e uma das agremiações do desfile principal no Sambódromo carioca exigiu sapato branco. Bateu, na hora, o desespero: “Dessa cor não tenho”. E corri para o computador. Entrei no site, dei o clique. Foi o fim.
Dali em diante, a sandália — na origem, interessante — fez-se perseguidora implacável. Passou a se materializar, invariavelmente, em todos os passeios por redes sociais ou sites. A qualquer tentativa de leitura ou postagem, surge a foto do calçado. No canto superior direito, no alto ou no fim da tela, lá está a sandália branca. Em geral, vem sozinha. Mas já se fez presente na companhia de outros pares.
A persistência inconveniente do anúncio virtual lembra aquele cobrador, dublê de leão de chácara, contratado por administradoras de cartão de crédito para constranger o inadimplente. Ou o traficante à espreita, que espera pôr no mundo mais um usuário compulsivo. Remete ao onipresente inimigo imaginário das crianças e dos delirantes.
E como incomoda. Tanto que, em vez do encantamento renovado pelo par de sandálias, do desejo incontrolável de compra, brotou a irritação. Como diriam os mineiros: “Eu ‘garrei implicância com a sandália”, fato inédito no currículo de consumidora compulsiva. Foi culpa do tal remarketing, que promete reapresentar ao internauta as mercadorias que o interessaram, mas não foram compradas de imediato.
Poderia ser saborosa a experiência de, subitamente, se deparar com o sonho de consumo, numa reprodução virtual da passagem pelas vitrines das lojas da vida real. Mas a estratégia comercial, que persegue e encurrala e desgasta e tortura o potencial cliente, tem como efeito colateral a irritação. Em vez de prazer, aversão;; no lugar da paquera, o assédio.
O fenômeno, por recorrente, já foi até batizado. Chama-se síndrome de perseguição o malestar provocado pela onipresença virtual de anúncios e fotos de produtos, após o acesso a sites de buscas e mídias sociais. É assim que uma marca, antes respeitada e querida, pode acabar desgastada, malvista e odiada.
A saga da sandália branca nem chegou ao fim (a perseguição, informam os marqueteiros, dura em média 30 dias), e outra já começou. A origem foi um pesquisa sobre o ano de lançamento do DVD “Uma palavra”, de Chico Buarque. Advinha quem não sai mais da tela? A internet, desse jeito, acaba túmulo das paixões de uma brasileira.
D
TEXTO II
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TEXTO III
As propagandas que aparecem na “sua” internet muitas vezes não estão ali por acaso: elas têm ligação com alguma pesquisa ou acesso feito anteriormente. Esse tipo de publicidade, chamado “remarketing”, promete mostrar apenas anúncios que realmente interessam àquele usuário específico – uma sandália para quem procurou calçados ou ração só para quem tem bicho, por exemplo. No entanto, esse formato pode ter o efeito contrário e causar no internauta uma espécie de “síndrome de perseguição”.
O conhecimento do interesse dos internautas é feito com o uso dos chamados cookies. Tratam-se de arquivos de texto que os sites depositam em cada máquina, indicando que aquele usuário já acessou determinada página.
“Quando você quer comprar algo no mundo real, você vai até uma loja física. Com a internet ocorre o mesmo, mas o estabelecimento sabe de seu interesse e fica atrás do consumidor quando ele não compra. Isso fará com que a propaganda desse produto específico apareça, para que o internauta não se esqueça dele”, explicou Caio César Oliveira, coordenador do curso de produção multimídia da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica).
O lado positivo desse monitoramento é ter promoções personalizadas. Ao saber, por exemplo, que determinada pessoa quase comprou uma passagem aérea para Miami, um site de viagens poderá oferecer descontos para esse destino, pois sabe que houve interesse prévio.

TREINANDO A ESCRITA

Com  base  na  leitura  dos  textos  motivadores  seguintes  e  nos  conhecimentos  construídos  ao   longo  de  sua  formação,  redija  um  texto  dissertativo-­argumentativo  em  norma  padrão  da  língua   portuguesa  sobre  o  tema  Justiça  com  as  próprias  mãos:  problema  ou  solução?,  apresentando   proposta  de  ação  social  que  respeite  os  direitos  humanos.  Selecione,  organize  e  relacione,  de   forma  coerente  e  coesa,  argumentos  e  fatos  para  defesa  de  seu  ponto  de  vista.
TEXTO  I    
O  físico  Stephen  Hawking  se  tornou  assunto  nos  últimos  dias  por  ter  inspirado  o  filme  “A   teoria  de  tudo”,  que  rendeu  ao  britânico  Eddie  Redmayne  o  Oscar  de  Melhor  Ator  neste  domingo.   Mas  o  próprio  cosmólogo,  que  é  considerado  um  dos  mais  importantes  cientistas  da  atualidade,   também  deu  o  que  falar  com  uma  declaração  impressionante.  Hawking  disse  que  a  agressividade   é  maior  falha  da  raça  humana  e  que  ela  “ameaça  destruir  todos  nós”,  antes  de  pedir  que  as   pessoas  sejam  mais  compreensivas.
—  A  falha  humana  que  eu  mais  gostaria  de  corrigir  é  a  agressividade  —  disse  o  astrofísico   à  menina.  —  Ela  pode  ter  sido  uma  vantagem  na  época  dos  homens  das  cavernas,  para  que  eles   pudessem  obter  mais  comida,  território  ou  uma  parceira  com  quem  se  reproduzir,  mas,  agora,  ela   ameaça  destruir  todos  nós.     J
á  a  qualidade  humana  que  o  cientista  gostaria  de  ampliar  seria  a  empatia.  —  Ela  nos  une   de  uma  forma  amorosa  e  pacífica  —  opinou  Hawkin 
TEXTO  II    
A  violência  aumenta,  o  sistema  de  segurança  pública  falha  e  a  sensação  de  impotência  e   insegurança  cresce.  Diante  disso,  grupos  de  pessoas  resolvem  se  reunir  para,  elas  mesmas,   julgar  e  penalizar  suspeitos  de  cometer  crimes.  Se  auto  intitulam  como  “justiceiros”,  que  buscam   fazer  a  justiça,  que  aparentemente  não  é  feita  pelo  poder  público,  com  as  próprias  mãos.  As   “penas”  vão  de  amarrar  suspeitos  a  postes,  humilhação,  espancamento  e,  em  alguns  casos,  até   execução.  O  Brasil,  no  entanto,  é  um  Estado  Democrático  de  Direito,  ou  seja,  um  país  regido  por   leis  que  defendem  o  direito  ao  julgamento  pelo  sistema  judiciário  e  à  aplicação  de  penas  não   degradantes  e  que  também  não  incluem  a  pena  de  morte.  Portanto,  justiceiros  também  estariam   cometendo  crimes,  de  acordo  com  a  lei.   
TEXTO  III
Num  país  que  ostenta  incríveis  26  assassinatos  a  cada  100  mil  habitantes,  arquiva  mais  de   80%  de  inquéritos  de  homicídio  e  sofre  de  violência  endêmica,  a  atitude  dos  “vingadores”  é  até   compreensível.
O  Estado  é  omisso.  A  polícia,  desmoralizada.  A  Justiça  é  falha.  O  que  resta  ao  cidadão  de   bem,  que,  ainda  por  cima,  foi  desarmado?  Se  defender,  claro!
O  contra-­ataque  aos  bandidos  é  o  que  eu  chamo  de  legítima  defesa  coletiva  de  uma   sociedade  sem  Estado  contra  um  estado  de  violência  sem  limite.  E  aos  defensores  dos  Direitos   Humanos,  que  se  apiedaram  do  marginalzinho  no  poste,  lanço  uma  campanha:  “Faça  um  favor  ao   Brasil.  Adote  um  bandido!”

TREINANDO A ESCRITA

A partir da leitura dos textos motivadores, e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija uma redação sobre violência urbana. Vale lembrar que o texto deve ser dissertativo e argumentativo e de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Além disso, apresentando uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Textos sugeridos para a produção da redação sobre violência urbana

Para embasar o seu texto, sinta-se à vontade para ler e reler os textos abaixo como se estivesse, de fato, fazendo uma redação do ENEM ou de concursos.

Texto I

A violência urbana também consiste em um tipo de violação da lei penal. Consiste na prática de crimes diversos contra pessoas (assassinatos, roubos e sequestros), e contra o patrimônio público, influenciando de forma negativa o convívio entre as pessoas e a qualidade de vida. Esse tipo de violência manifesta-se particularmente nas grandes cidades.

Texto II

Guerra nas ruas

Texto III

Um homem morreu após ser baleado na Estação Uruguaiana do Metrô, no Centro do Rio, no início da tarde desta sexta-feira (10). Segundo a polícia, ele foi vítima de latrocínio – roubo seguido de morte. Depois de ferido, foi socorrido por funcionários do metrô e guardas municipais. A vítima foi identificada como Alexandre O., de 46 anos. Ele teria levado três tiros. O outro usuário, que ficou ferido na perna, é Diogo P. Muinhos, de 34 anos.
Segundo testemunhas, por volta das 12h57, a vítima foi abordada por três assaltantes. Houve pânico e correria. Depois dos tiros, os criminosos fugiram com a bolsa da vítima. A estação Uruguaiana é um dos lugares mais movimentados do Centro do Rio. Até as 14h30, ninguém havia sido preso.
Pessoas que trabalham na região afirmam que a insegurança é constante. “Tem assalto aqui todo dia”, disse um ambulante que preferiu não se identificar. Vilma Ferreira, que tem uma barraca de biscoitos no local, afirma que nos três anos em que trabalha na região nunca viu algo tão violento, mas que os casos de assaltos são constantes.

Texto IV

Desde o dia 19 de maio, duas pessoas morreram assassinadas a facadas durante um assalto no Rio. Na tarde de quarta-feira (17), Gustavo Alves, de 35 anos, foi morto em Del Castilho, Subúrbio do Rio, durante uma tentativa de assalto. Segundo parentes e policiais da Divisão de Homicídios da Capital (DH), apenas um celular e R$ 20 foram roubados. O rapaz trabalhava como repositor de um supermercado e foi morto perto de uma passarela da Linha Amarela.
Outra pessoa morta a facadas no Rio foi o médico Jaime Gold, de 56 anos. Ele foi atacado noite da terça (19) quando andava de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas, ponto turístico da Zona Sul do Rio, e morreu.

TREINANDO A ESCRITA


TEXTO I

Liberdade
Houve um diálogo difícil. Aparentemente não quer dizer muito, mas diz demais.
— Mamãe, tire esse cabelo da testa.
— É um pouco da franja ainda.
— Mas você fica feia assim.
— Tenho o direito de ser feia.
— Não tem!
— Tenho!
— Eu disse que não tem!
E assim foi que se formou o clima de briga. O motivo não era fútil, era sério: uma pessoa, meu filho no caso, estava-me cortando a liberdade. E eu não suportei, nem vindo de filho. Senti vontade de cortar uma franja bem espessa, bem cobrindo a testa toda. Tive vontade de ir para meu quarto, de trancar a porta a chave, e de ser eu mesma, por mais feia que fosse. Não, não “por mais feia que fosse”: eu queria ser feia, isso representava o meu direito total à liberdade. Ao mesmo tempo eu sabia que meu filho tinha os direitos dele: o de não ter uma mãe feia, por exemplo. Era o choque de duas pessoas reivindicando – o que, afinal? Só Deus sabe, e fiquemos por aqui mesmo.

TEXTO II

Nos períodos de maior escravização do indivíduo, Grécia, Egito, artes e ciências não deixaram de florescer. Será que a liberdade é uma bobagem?… Será que o direito é uma bobagem?… A vida humana é que é alguma coisa a mais que ciências, artes e profissões. E é nessa vida que a liberdade tem um sentido, e o direito dos homens. A liberdade não é um prêmio, é uma sanção. Que há-de vir.

TEXTO III

Liberdade
O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre
é mesmo estar morto
Os textos da coletânea apresentam diversas visões do que conhecemos como o ato de ser livre. Considerando as suas experiências cotidianas e leituras a respeito do assunto, produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 30 e 35 linhas -, discorrendo sobre a sua concepção de liberdade. Ao compor a sua redação, você pode incluir, por discurso indireto ou paráfrase, algumas das ideias apresentadas nos textos de apoio, fundamentando pertinentemente as suas opiniões, desde que a devida fonte seja mencionada na sua produção. Dê um título ao seu texto.

TREINANDO A ESCRITA

A  partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Os desafios da sexualidade na adolescência, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto 1

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita com mais de 100.000 alunos do 9º ano do ensino fundamental, entre 13 e 15 anos, mostra que, em 2015, 66% tinham usado camisinha na última relação sexual — uma redução preocupante em relação a 2012, quando 75% revelaram ter posto o preservativo.
O infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, afirma: “Os jovens estão deixando de se cuidar porque simplesmente não temem as doenças transmitidas pelo sexo”. O dado assustador: no Brasil, os casos de aids nos adolescentes entre 15 e 19 anos cresceram de 2,8 para cada 100 000 habitantes em 2006 para 5,8 a cada 100 000 pessoas em 2015

Texto 2

Os estímulos para o sexo estão cada vez mais presentes no dia a dia. São letras de músicas, danças, programas de televisão. Por outro lado, na urgência do cotidiano, os pais encontram cada vez menos tempo para conversar com os filhos. A educação sexual então acaba sobrando para a escola ou para os amigos, quando deveria começar em casa, ser complementada pela escola e encaminhada por um profissional de saúde.
É fundamental que a família preste atenção nas mudanças que acontecem nessa fase do desenvolvimento. Quanto mais próximos estiverem pais e filhos, menores serão os riscos de informações indevidas, além de sempre ser possível perguntar alguma coisa. A internet também é uma boa fonte de consulta. O importante é que as dúvidas sejam sempre esclarecidas e dialogadas. Se necessário, sob intervenção médica.
Nas escolas, os programas disciplinares que envolvem sexualidade geralmente dão o assunto de forma mais ampla e sem espaço para tirar dúvidas. Para ampliar o assunto, fica a necessidade de complementar o que foi ensinado com projetos envolvendo profissionais da área. Participar de oficinas de educação sexual, bem como ter consultas médicas periódicas, dá aos adolescentes um espaço para conversar de forma mais pessoal. Bem-informados, eles podem prevenir as DSTs.

Texto 3

Pouco mais de duas décadas atrás, quando um grupo de adolescentes se reunia no vestiário da escola ou do clube, o máximo de erotismo a que eles tinham acesso era uma revista que mostrava fotos de mulheres com os seios de fora. Nu frontal, só em publicações estrangeiras. Imagens de sexo explícito só apareciam nas histórias pornográficas desenhadas por Carlos Zéfiro. Hoje, quando o sinal do intervalo dispara e um grupo de alunos deixa a sala de aula para colocar em dia a conversa com os colegas, muitos têm algo bem mais picante para mostrar no visor do celular. O que os excita são as cenas de adolescentes nuas ou praticando sexo. Não se trata de cenas baixadas da internet, mas gravadas por colegas e distribuídas por tecnologias a que todo celular hoje em dia tem acesso, como o Bluetooth. O fenômeno de fotografar ou filmar a si próprio em momentos de intimidade e transmitir as imagens por celular nasceu nos Estados Unidos, onde é chamado de “sexting” – neologismo que une sex (sexo) e texting (a troca de mensagem de texto pelo telefone). Em pouco tempo, a mania se espalhou como vírus.

23 de julho de 2018

PALAVRAS ORIUNDAS DA CULTURA INDÍGENA

No nosso dia a dia, empregamos diversas palavras oriundas da cultura indígena, sem ter noção de sua origem. São na maior parte substantivos, mas também há adjetivos e alguns verbos. É difícil precisar o tamanho dessa contribuição, mas calcula-se que só do Tupi herdamos por volta de 10.000 palavras, além da contribuição dada por outros grupos linguísticos, como o karib, o aruak, o  entre outras. 1
Os termos relacionados à flora, à fauna e aos hábitos alimentares brasileiros são naturalmente originários da cultura nativa, uma vez que muitos deles não existiam nas terras já exploradas pelos portugueses, nem existiam na Europa. Assim, por falta de termo adequado para tradução, a palavra nativa passou a ser utilizada.
Entre eles encontramos (numa listinha bem modesta) na nossa flora:
  • Abacaxi: ïwaka’ti derivado de(o) ï’wa  ‘fruta’ + ka’ti  ‘que recende’
  • Açaí: ïwasa’i  ‘fruto que chora, isto é, que deita água (ou seja, que dá sumo);
  • Aipim: aipĩ – ‘o que nasce ou brota do fundo’
  • Caatinga: kaa-tínga = ka’a  ‘mato, vegetação’ e ‘tinga  ‘branco, esbranquiçado, claro’
  • Capim: ka’a  ‘mato, erva, planta em geral, mata’ + pii  ‘fino, delgado’;
  • Jabuticaba: ïwapotï’kaba no sentido de ‘fruta em botão’
  • Jerimum: do tupi iurumún, abóbora
  • Mandioca: mandióka, casa (oka) de Mani (a índia que deu origem à planta na mitologia indígena)
  • Pitanga: pytánga a cor vermelha
  • Samambaia: çama-mbai, ‘trançado de cordas’, referente ao emaranhado das raízes dessa planta
A alimentação também dá mostras da contribuição indígena em alguns termos como:
  • Maniçoba: mandi’sowa  ‘folha da mandioca, maniva’, p.ext., ‘comida preparada com a folha da mandioca’
  • Mingau: minga’u – ‘comida que gruda’
  • Moquear: de mokaen – assar , deixar seco – processo pelo qual as carnes eram assadas, para que se conservassem
  • Moqueca: segundo Silveira Bueno, peixe assado embrulhado em folhas (de bananeira ou de caeté)
  • Paçoca: pa’soka,  de po-çoc no sentido de ‘esmigalhar com a mão’
  • Pipoca: pi’póka, grão que estoura
E há ainda aquelas palavras de uso geral, que aparecem nas conversas do cotidiano, em diferentes âmbitos:
  • Arapuca: ara-púka, armadilha
  • Biboca: ymby-mbóka ‘buraco, local de difícil acesso’, do tupi ï’mbï no sentido de ‘terra, solo, chão’ e’mboka no
    sentido de ‘abertura, fenda’ ou ‘oka no sentido de ‘casa, toca’
  • Capenga: de akanga, ‘osso’ + penga ‘quebrado’, o que puxa a perna, que é manco
  • Carioca: de kara’ïwa ‘homem branco’ + ‘oka ‘casa’
  • Catapora: de ta’ta no sentido de ‘fogo’ e ‘pora no sentido de ‘ o que salta’
  • Inhaca: de yakwa no sentido de ‘odoroso’, que cheira forte
  • Jururu: yuru-ru ‘pescoço pendido’, ou seja, quem está triste fica de cabeça baixa
  • Nhenhenhém: de nheeng-nheeng-nheeng no sentido de ‘falar-falar-falar’; blá-blá-blá, conversa fiada
  • Pereba: de pe’rewa  ‘ferida, chaga’
  • Peteca: de  pe’teka  ‘bater com a palma da mão’
  • Pindaíba: segundo Silveira Bueno, de pi’nda  ‘anzol’ + ‘ïwa  ‘haste, vara’,  ‘vara de pescar’ ou ainda, segundo Teodoro
  • Sampaio, ‘aíba’, feio, ruim, daí anzol ruim, que não fornece peixe, indica que há miséria.
  • Sapecar – a origem provável é do tupi sa’pek ‘chamuscar’,
  • Tocaia – de to’kaya ‘pequena casa rústica em que o indígena se recolhia sozinho para aguardar a oportunidade de atacar o inimigo ou matar a caça’
Assim, podemos verificar, mais uma vez, como a língua é viva, adaptando-se aos novos contextos e aceitando as mais diversas contribuições, mesmo que a maioria das pessoas não se dê conta disso…

20 de julho de 2018

PUC - TEMA DE REDAÇÃO




Análise da Redação do Vestibular de Inverno PUC-SP 2018





Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, uma das mais prestigiadas universidades privadas do Brasil.

Com essa análise, nosso intuito é oferecer a você mais uma oportunidade de fazer uma proposta de redação real, ou seja, aplicada como prova de redação de um grande vestibular.

Caso você seja aluno do Ensino Médio ou cursinho, pode pedir ao seu professor de Redação que trabalhe com essa proposta em sala de aula; já se você estuda sozinho, pode fazê-la em casa a fim de estudar para a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, lendo nossas análises, você fica por dentro dos temas cobrados nas principais provas de redação dos mais importantes vestibulares do país, tanto de universidades públicas quanto de universidades privadas.

Então, vamos lá!

O vestibular de inverno 2018 da PUC-SP é composto por 81 questões de múltipla escolha e por uma prova de redação que exige a produção de um texto dissertativo-argumentativo, o mesmo gênero exigido na prova de redação do Enem. O tema da proposta de redação em análise é A produção de lixo.

Neste ano, a proposta de redação usou como coletânea textual os três textos-base das questões de Língua Portuguesa, algo muito recorrente nas propostas de redação dos vestibulares da PUC-SP. Desse modo, o candidato teve de lidar duas vezes com os mesmos textos, isto é, a primeira vez no momento de responder as questões de múltipla escolha de Língua Portuguesa e a segunda vez para produzir a dissertação-argumentativa na prova de redação – ou até vice-versa, dependendo da ordem que o candidato prefere fazer as provas.

O primeiro texto base é o seguinte:



O primeiro texto-base aborda a abundância nos dias atuais. No início, o autor contrapõe a ideia de que, hoje em dia, temos tudo em excesso enquanto no passado a escassez tomou conta de grande parte do mundo. Num passado não muito recente, a fome assolava uma parte maior do mundo do que assola hoje e, neste mesmo presente, em alguns lugares, há abundância de desperdício e de comida jogada fora, o que também resulta numa abundância de lixo.

O autor também aborda outros tipos de abundância: abundância de carros, que resulta em congestionamentos no trânsito; abundância de alimentação não regrada, que resulta em obesidade; abundância de tempo que as crianças ficam em frente da televisão, abundância do uso do celular pelos adultos… abundância de problemas. Problemas esses causados, segundo o texto, pelo consumismo, pelo imediatismo e pelos desejos rápidos, que também geram mais lixo, já que, a cada compra feita, mais lixo é produzido de embalagens, recipientes e de itens velhos, fora de uso, que descartamos.

Segundo o autor, será necessária, no futuro, uma educação para essa abundância, pois precisaremos ter autocontrole, ou seja, pensar em um consumo consciente.

O candidato, em relação a esse texto, deveria refletir sobre o paralelo entre consumismo e produção de lixo. Por exemplo: quando um celular novo é comprado, o que normalmente acontece com o antigo? Às vezes, o dono pode vendê-lo, dá-lo de presente, mas muitas vezes ele fica guardado numa gaveta e, tempos depois, é descartado de maneira errada, ou seja, não é devolvido ao fabricante para ser reciclado e sim vai parar nos aterros sanitários.

O segundo texto-base é a seguinte charge:



Trata-se de um texto híbrido que apresenta linguagem verbal (as falas das personagens e a escrita no jornal que o homem está lendo) e linguagem não-verbal, isto é, o desenho propriamente dito.

Podemos ver um casal ilhado no telhado de sua casa que está rodeada por lixo. A mulher, nesta situação, afirma que eles terão de mudar (provavelmente se referindo à mudança de casa) e o homem concorda, mas reitera que eles terão de mudar os hábitos, isto é, consumir menos e produzir, assim, menos lixo.

Com essa charge, o candidato deveria refletir sobre quais hábitos podemos e devemos mudar, como por exemplo, passar a consumir de maneira mais consciente, a fazer a reciclagem do lixo, a compostagem do material orgânico dentre outros.

O terceiro e último texto-base é o seguinte:



Este texto relaciona o consumo e o consumismo com o capitalismo, já que um dos símbolos da prosperidade capitalista é o poder aquisitivo das pessoas e o quanto elas consomem.

Consumir em demasia ou consumir itens que não são obrigatórios ou necessários são atitudes consumistas, que podem até indicar um transtorno psiquiátrico. Diferente do consumo racional, isto é, dos itens de necessidade básica.

O que a autora coloca em evidência – e era dever do candidato refletir sobre – é que o que é consumo racional e o que é consumismo está intimamente ligado às características culturais da sociedade a qual pertencemos. O que é tido como básico para uns, pode ser supérfluo para outros e vice-versa.

Tendo tudo isso em mente, o candidato deveria cumprir a seguinte proposta de redação:


Em decorrência da abundância de diferentes naturezas de que dispõe parte da sociedade deste século, o consumismo desencadeou problemas que precisam ser enfrentados para o bem-estar de todos. Um desses problemas é a produção de lixo.

Como precisamos de soluções para lidar com o consumo crescente, construa um texto dissertativo-argumentativo que apresente o que pode ser proposto para a redução do desperdício que tem gerado o excesso de lixo.

Justifique seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto.

Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: criticidade, adequação do texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo, o uso adequado de elementos coesivos e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Sujeito indeterminado

Tradicionalmente, o estudo do sujeito indeterminado no português é tratado de maneira muito superficial pelas gramáticas, as quais limitam-se a dizer que o sujeito indeterminado é aquele que não se conhece ou não se quer identificar, podendo ser expresso ou pela 3ª pessoa do plural dos verbos, ou pela 3ª pessoa do singular dos verbos seguida do pronome ou índice de indeterminação do sujeito se, ou ainda, de acordo com uns poucos gramáticos pela 3ª pessoa do singular sozinha.
O objetivo deste trabalho é levantar os diferentes tipos de sujeito indeterminado que ocorrem no português, seus fatores determinantes e suas funções, bem como tópicos relacionados. Além disso, intentamos fazer um estudo comparativo das expressões do sujeito indeterminado no português.

2 - SUJEITO INDETERMINADO EXPRESSO PELA 3ª PESSOA DO PLURAL
Esse tipo de sujeito indeterminado distingue-se dos demais pelo fato de não admitir a inclusão da 1ª e da 2ª pessoas do verbo como possibilidade de determinação do sujeito. É como se o falante dissesse: “alguém, que não eu ou você, é o responsável pela situação descrita no predicado” ou “mesmo que eu ou você sejamos o responsável pala situação descrita no predicado, eu me isento e isento você, tacitamente, desta responsabilidade, imputando-a, necessariamente, a uma outra entidade”, ou ainda “eu acho que foi você o responsável pela situação descrita no predicado e, ao usar este tipo de sujeito indeterminado, estou fazendo uma acusação indireta, que me poupa dos dissabores associados a uma acusação direta” (nesse caso, o sujeito indeterminado é geralmente seguido de uma pergunta inquisitiva, do tipo: “Você tem alguma idéia de quem foi?”) . Observe-se os exemplos a seguir:
1) Quebraram a vidraça da Dona Maria.
2) Roubaram meu talão de cheques.
3) Andam pichando os muros lá de casa. Você tem alguma idéia de quem poderá ser?
4) Não votaram no FHC, agora ’guenta!
No exemplo nº 1, provavelmente foi o próprio falante que quebrou a vidraça; no entanto, ele usa o sujeito indeterminado de 3ª pessoa do plural para se eximir da culpa e de uma possível punição.
No exemplo nº 2, o falante está relatando um fato lastimável que lhe aconteceu; a exclusão do ouvinte como possibilidade de determinação do sujeito faz-se necessário, porque sua inclusão seria por demais ofensiva.
No exemplo nº 3, o falante suspeita do ouvinte ou de alguém a ele ligado, porém opta por uma acusação indireta, reforçada pela pergunta final.
No exemplo nº 4, o falante se posiciona decididamente como não pertencendo ao grupo que votou no FHC, o que é reforçado pela ironia final, expressa através de um outro tipo de sujeito indeterminado, que admite a inclusão do falante como possibilidade de determinação do sujeito indeterminado, como veremos mais adiante.

3- SUJEITO INDETERMINADO EXPRESSO PELA 3ª PESSOA DO SINGULAR + SE
Ao contrário do tipo anterior, o sujeito indeterminado expresso pela 3ª pessoa do singular do verbo acompanhada do pronome ou índice de indeterminação do sujeito se como que enfatiza a inclusão da 1ª e da 2ª pessoas do verbo como possibilidade de determinação do sujeito. É como se o falante dissesse: “qualquer um, inclusive eu ou você, poderia ser o sujeito da situação descrita no predicado” ou “mesmo que eu ou você não sejamos o sujeito da situação descrita no predicado, eu me sinto envolvido, ou sinto que você está envolvido, emocional e psicologicamente, na situação descrita pelo predicado”. Observe-se os seguintes exemplos:
5) Precisa-se de empregados.
6) Vive-se bem aqui.
7) Espera-se para breve a retirada dos militares indonésios do Timor Leste.
8) Note-se como eles são semelhantes.
No exemplo 5, o sujeito indeterminado praticamente equivale ao sujeito nós, podendo a sentença perfeitamente ser substituída por “Precisamos de empregados”.
No exemplo 6, o falante manifesta, tacitamente, seu desejo de incluir-se entre aqueles que “vivem bem” num determinado lugar. Mesmo que invertêssemos a frase, a inclusão do falante como possibilidade de determinação do sujeito se justificaria, porque então a frase “Vive-se mal aqui” implicaria um certo grau de envolvimento ou de simpatia do falante para com os moradores do lugar.
No exemplo 7, temos de novo o envolvimento do falante com a situação descrita pelo predicado, dessa vez expressa na esperança de uma solução menos cruenta para o conflito no Timor Leste.
No exemplo 8, a inclusão do ouvinte como uma possibilidade de determinação do sujeito é bastante nítida; a sentença poderia facilmente ser substituída por uma sentença imperativa, como: “Notem!” ou “Notai!”.

4- SUJEITO INDETERMINADO EXPRESSO PELA 3ª PESSOA DO SINGULAR
Na variante coloquial do português, costuma-se usar, com alguma freqüência, o verbo na 3ª pessoa do singular somente para expressar o sujeito indeterminado. Esse tipo de sujeito indeterminado difere dos dois anteriores porque ele não exclui a possibilidade de determinação do sujeito pela 1ª e 2ª pessoas do verbo, mas também não enfatiza essa possibilidade. Seria uma forma de expressar o sujeito indeterminado neutra, sem envolvimento. Atente-se, no entanto, que este tipo de sujeito indeterminado tem um caráter nitidamente coloquial, sendo seu uso muito raro no discurso formal. Confira-se os seguintes exemplos:
9) Diz que a Gracinha vai casar.
10) Atura! Quem mandou votar no homem?
No exemplo 9, praticamente se exclui a possibilidade de determinação do sujeito pela 1ª e 2ª pessoas do verbo; já no exemplo 10, assim como no exemplo 4 citado acima, o uso da 3ª pessoa do singular do verbo: Atura!; ’Güenta!, não exclui, de forma alguma, o falante ou o ouvinte como possibilidades de determinação do sujeito, podendo facilmente por “A gente atura/’güenta!” ou “Você atura/ ’güenta!”.

5- SUJEITO INDETERMINADO EXPRESSO PELA FORMA DO VERBO
Vários lingüistas consideram o infinitivo impessoal, quando não associado a um sujeito que se pode deduzir do contexto, como um tipo de sujeito indeterminado. Na verdade, o infinitivo dos verbos, principalmente quando usado com valor de substantivo, é o tipo mais comum e mais neutro de sujeito indeterminado, podendo ser usado em qualquer variante do português: diatópica, diastrática ou diafásica. Repare-se nos seguintes exemplos:
11) Ser ou não ser; eis a questão! (W. Shakespeare)
12) Viver é fácil de olhos fechados! (J. Lennon)
13) Navegar é preciso, viver não é preciso! (F. Pessoa)
Em todos esses três exemplos, a possibilidade de determinação do sujeito é total; os sujeitos de ser no exemplo 11, de viver no exemplo 12 e de navegar e viver no exemplo 13 podem ser qualquer pessoa, inclusive a 1ª ou a 2ª pessoas do verbo, mas sem que haja envolvimento ou expectativa, ou seja, tanto faz que seja eu ou você ou qualquer outra pessoa o sujeito do verbo, o importante é um sujeito indeterminado qualquer serviver ou navegar.
gerúndio, outra forma nominal do verbo, também pode expressar sujeito indeterminado em raras ocasiões, como nos exemplos abaixo:
14) A vida deve ser maravilhosa, sendo rico.
15) Trabalhando não se fica rico.
Nos exemplos acima, o gerúndio não só expressa sujeito indeterminado, como tem um valor adverbial condicional (exemplo 14) ou modal (exemplo 15).

6- VARIANTES COLOQUIAIS DE EXPRESSÃO DO SUJEITO INDETERMINADO
Atualmente, várias formas coloquiais de expressão do sujeito indeterminado vieram se somar aos tipos estudados anteriormente. A professora Hilma Ranauro enfatizou, em recente palestra proferida na UERJ, o uso do pronome você como sujeito indeterminado. Outras forma anotadas até agora são nêgoneguinhomoleque e vagabundo, as duas últimas de uso bem mais restrito, Observe-se os exemplos seguintes:
16) Hoje em dia, com o desemprego, você não sabe o dia de amanhã!
17) Você se esforça, se esforça, e nada!
18) Nêgo não quer trabalhar, só quer ficar zoando.
19) Neguinho vem pra escola só pra ficar de gracinha.
20) Vagabundo mau!
Nos exemplos 16 e 17, o uso da palavra você tanto pode indicar você como qualquer outra pessoa, inclusive, muitas vezes, o próprio falante.
Tanto a palavra nêgo, no exemplo 18, quanto à palavra neguinho, no exemplo 19, servem para expressar sujeito indeterminado, só que elas não admitem o falante como possibilidade de determinação do sujeito e contêm um certo tom pejorativo.
A palavra vagabundo é usada para expressar sujeito indeterminado em certas ameaças veladas e ironias cruéis, principalmente nas sentenças: “Vagabundo é mau!” e “Vagabundo não refresca!”. Ela admite o falante, mas não o ouvinte, como possibilidade de determinação do sujeito.

7- FUNÇÕES DO SUJEITO INDETERMINADO
As principais funções do sujeito indeterminado são:
a) expressar uma situação da qual desconhecemos quem seja o sujeito;
b) expressar uma situação na qual não nos interessa, ou nos prejudicaria, identificar o sujeito;
c) expressar uma situação simplesmente, sem nos importarmos em identificar o sujeito;
d) expressar uma situação sem identificar o sujeito, mas excluindo-nos e ao ouvinte da possibilidade de ser o sujeito ou de estar envolvido com ele;
e) expressar uma situação sem identificar o sujeito, mas demonstrando nosso envolvimento, ou o do ouvinte, com ele.
As sentenças abaixo servem como exemplo para cada uma dessas funções do sujeito indeterminado:
21) Batem à porta!
22) Mataram o João na pracinha.
23) Acabaram com a cerveja.
24) Falaram mal da Joaninha.
25) Vive-se um novo tempo de liberdade.
Cabe notar, nesse ponto do nosso estudo, que a insistência da gramática tradicional pelo uso da passiva sintética em lugar do sujeito indeterminado, com recomendações à feição do Appendix Probi: “Vendem-se pipas” e não “Vende-se pipas”, “Consertam-se freios” e não “Conserta-se freios”, não têm qualquer justificativa lingüística, já que tanto o sujeito indeterminado quanto à passiva sintéticosão estratégias lingüísticas e estilísticas de supressão do elemento com função de sujeito, constituindo, no nível da estrutura profunda, uma única sentença.

17 de julho de 2018

AH, O RESUMO !!!!

Ah, o resumo… o melhor amigo dos estudantes! Todo vestibulando sabe que, com a grande quantidade de matérias que precisam ser assimiladas em pouco tempo, revisar pode ser um pouco complicado. Mas, ainda bem, os resumos estão aí justamente para nos ajudar a relembrar o que é mais importante saber em cada conteúdo.
Legal, né? Mas preciso fazer um alerta: saber fazer resumos não é tão fácil assim. Como você já sabe a importância desse aliado na hora de estudar, elaborei quatro passos para você fazer um resumo de ponta! Vem comigo:
homer
Muito conteúdo para lembrar? Calma, os resumos estão aí para isso! 😀
1. Leia e releia o texto
A primeira coisa que você deve saber é que preparar um resumo é, também, uma forma de estudar – afinal, para poder elaborá-lo, você precisa estar bem afinado com o assunto. O ideal, então, é você ler e reler o texto algumas vezes para se certificar de ter entendido tudo direito. Aproveite o momento em que estiver estudando a matéria! Fazer alguns exercícios também ajuda.
2. Busque os conceitos mais importantes e os pontos fundamentais do texto
Agora que você leu o texto algumas vezes, já pode estar preparado para ressaltar o que há de mais importante nele, ou seja, qual é a sua essência. É aqui em que você deve tentar buscar algumas palavras-chave sobre o assunto, para te ajudar a se organizar, e também destacar no texto o que é mais importante.
Se você estiver fazendo um resumo de Física sobre termologia, por exemplo, as palavras-chave podem ser: calor, temperatura, dilatação, estudo dos gases, escala Kelvin.
Além de reunir as palavras-chave, você pode também grifar os itens e frases essenciais para a compreensão daquele conteúdo, ou até mesmo o que não dá para escapar de ser decorado. Por exemplo, em uma matéria de exatas, as fórmulas serão essenciais e, claro, não podem deixar de estar no resumo. Em História, por exemplo, você deve dar destaque a alguns nomes de protagonistas de fatos históricos (por exemplo, Robespierre na Revolução Francesa, ou Otto von Bismarck nas unificação alemã), e a algumas datas que sejam muito representativas (como 1945, ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial). Em Geografia, não podem ficar de fora os conceitos básicos, especialmente em matérias ligadas à geofísica.
Atenção! Na hora de buscar as partes fundamentais da matéria, você vai precisar ter algumas habilidades em interpretação de texto. Não adianta sublinhar ou grifar o texto inteiro, por isso, é preciso entender o que há de indispensável no meio daquelas palavras.

3. Organize as ideias principais
Agora é a hora de organizar o que você entendeu do assunto. De posse das palavras-chave e das fórmulas, nomes e datas mais importantes, é hora de orientar o resumo que você vai escrever. Para isso, tente responder a duas perguntas: 1. O que está sendo dito no texto? 2. Como eu explicaria este assunto para alguém?
É importante também tentar elencar o assunto em tópicos que você considera importantes (se for um resumo de História, faça em ordem cronológica de acontecimentos). É aqui que você pode “desenhar” um pequeno esquema para o assunto, estipulando um número de conceitos principais, como três ou quatro, para você não colocar coisas demais no resumo. Veja um exemplo básico usando divisão celular:
Esquema-resumo de divisão celular
4. Escreva o texto com suas palavras
Mãos à obra! É hora de escrever. Você já leu e releu o texto, destacou as palavras ou fórmulas mais importantes, já listou os tópicos mais importantes… deve estar quase um craque no assunto. Depois de tudo isso, escrever vai ficar moleza. Pegue o assunto pelo básico geral e depois passe para os assuntos específicos dentro daquela matéria.
Atenção! Faça o resumo com suas próprias palavras. Não adianta nada simplesmente copiar trechos do livro-texto, porque você não estará absorvendo nada. Quando você mesmo escreve, está se forçando a explicar a matéria com o que você aprendeu, o que ajuda a fixar o conteúdo.
Outra dica é você mesmo preparar um questionário básico sobre um assunto, com as perguntas que explicam os “porquês” de um fato. Veja mais um exemplo, agora com ligações químicas:
O que são ligações químicas? 
São as ligações que os átomos realizam entre si para formar moléculas.
Quais são os tipos de ligações? 
Ligação iônica ou eletrovalente, ligação covalente ou molecular, ligação covalente dativa ou coordenada, ligação metálica.
Como funciona a ligação iônica?
É a ligação entre íons, de natureza eletromagnética. Seu resultado final é eletricamente neutro: a quantidade de elétrons cedidos é igual à quantidade de elétrons recebidos.Normalmente os elementos que se ligam ionicamente são os das famílias IA, IIA e IIIA com os das famílias VA, VIA e VIIA da tabela periódica.

HERANÇAS LINGUÍSTICAS

É frequente a discussão a respeito do emprego de estrangeirismos na língua pátria, mas não só os idiomas estrangeiros contribuem/contribuíram para enriquecer a língua portuguesa.
A Linguística Histórica e a Filologia se ocupam da evolução do idioma através dos tempos e estudam tanto a chamada “história externa” – que registra os eventos sociais, políticos, históricos que afetaram os idiomas, quanto a “história interna” – que dá conta das questões fonéticas, ortográficas, gramaticais da língua. E essas ciências caracterizam os idiomas que se ‘encontram’, que estabelecem contato, da seguinte forma:
  • substrato – idioma já existente na região, sobre o qual se estabelece o idioma do povo conquistador;
  • superstrato – idioma que se sobrepõe a outro, ao do povo conquistado;
  • adstrato – idioma que coexiste, num território, a outro já existente e que fornece contribuições constantes.
Na história do Brasil, a partir da colonização, temos então o tupi funcionando como substrato e o português como superstrato linguístico. Até o século 18, os dois atuaram como adstratos, mas, em 1757, o Marquês de Pombal proibiu que se falasse outro idioma que não fosse o português, além de ter expulsado os jesuítas de todo o território português e das colônias, em 1759.
Os responsáveis pelo estudo e pela difusão do tupi entre os colonos europeus inicialmente foram os jesuítas, que se empenharam em aprender o idioma para poderem evangelizar os indígenas na própria língua destes. Padre Anchieta escreveu diversos textos, poemas e autos de cunho religioso no idioma indígena e chegou a organizar uma Gramática da Língua Tupi, para servir de referência aos colegas de batina no trabalho de catequese.
Mas, e atualmente, “Quem de nós não terá, por vezes, inquirido pelo significado de tantos nomes estranhos, cuja pronunciação já corre adulterada e cujo sentido já ninguém compreende? E são, todavia, vocábulos doces e sonoros, longos muitas vezes, excelentes em geral como designação de lugares, mas que muito perdem do seu valor por não se saber o que exprimem, o que recordam, o que nos revelam do sentir e do gênio do povo primitivo que no-los legou.”(SAMPAIO, Teodoro. O tupi na geografia nacional)
Assim é, como disse Teodoro Sampaio. Muitas vezes, no cotidiano, empregamos diversas palavras que são herança do tupi, sem nos darmos conta. Comemos mandioca, tapioca, pipoca, pitanga, goiaba… e um sem-número de peixes: sororoca, traíra, pirarucu, tambaqui, parati, mas nenhum pode ser pescado durante a piracema.
E a percepção indígena da topografia das regiões em que viviam é impressionantemente realista, é só atentarmos para o significado dos topônimos (nomes de lugares):
Aiuruoca (ayuru-oca) – refúgio dos papagaios (MG)
Anhembi (anhanbu-y) – rio dos nhambús (espécie de ave) (SP)
Araçatuba – onde há grande quantidade (tyba; mesmo sentido do sufixo –(z)al) de araçás (fruta semelhante à goiaba)
Araçoiaba (ara-açoyaba) cobertura ou anteparo, chapéu. Nomeava um morro isolado, por semelhança à copa de um chapéu arredondado (SP)
Araripe (ara-r-y-pe) – lugar onde nascem os rios (CE)
Baraúna (ibirá-una) madeira preta (RJ)
Buturuna / Voturuna (ybytr-una) morro negro (SP, MG)
Camaragibe (camará-g-y-pe) no rio do camará (espécie de arbusto) (PE, AL)
Camboriú (camby-ri-y) rio onde corre leite ou camui-ú, rio do robalo (SC)
Garopaba (igara-paba) local onde surgem as canoas (SC)
Ibiapaba (ybya-paba) terra erguida e aparada, planalto (CE)
Imbaçaí (mbeaçá-y) barra do rio, foz (BA)
Ipiranga (y-piranga) água vermelha (SP)
Ipojuca (yapo-yuc) água estagnada, banhado (PE)
Itaberaba (itá-beraba) pedra brilhante (MG)
Itabira (itá-bir) pedra que se levanta, serro empinado (MG)
Itatiaia (itá-tiãi) pedra denteada (MG, RJ)
Jacarepagua (yacaré-upá-guá) baixada ou vale dos jacarés (RJ)
Mantiqueira (amã-tykir) – a chuva cai aos pingos (alusão às condições climáticas da serra)
Maracanã (maracá-nã) semelhante ao maracá (chocalho), nome de uma espécie de papagaio (RJ)
Nhanduí (nhandú-y) rio das emas (MT)
Paraty (parati-y) rio dos paratis (peixe semelhante à tainha) (RJ)
Paquequer (pac-kér) a paca dorme, local onde as pacas se recolhem (RJ)
Paraguaçu (pará-guaçu) mar/rio grande
Pindamonhangaba (pindá-monhang – aba) lugar onde se faz anzol (SP)
Piauí (piau-y) rio dos piaus
Sassuí (çacy-y) rio dos beija-flores (MG)
Sorocaba (çoroc -aba) lugar de erosão (SP)
Tabatinga (taba-tinga) aldeia branca (AM)
Tamanduateí (tamanduá- ate-y) rio do caminho do tamanduá (SP)
Ubatuba (ubá-tyba) canoas em abundância (SP)

É claro que essa lista não esgota os topônimos ainda presentes no nosso cotidiano, não houve essa pretensão, nem há espaço para tanto. Apenas procurei exemplos bastante significativos dessa visão de mundo dos indígenas presente na nomenclatura, sem me concentrar no eixo Rio-São Paulo. Pode também haver divergências nas traduções, uma vez que as sociedades indígenas brasileiras eram ágrafas. Assim, o registro escrito podia variar, de acordo com a percepção auditiva dos colonizadores portugueses (como se fosse a brincadeira de telefone sem fio), o que acabava dando divisões diferentes entre os formantes dos vocábulos.