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12 de fevereiro de 2018

ONOMATOPEIAS

Hoje é segunda-feira de Carnaval e não dá para não recordar as famosas marchinhas, que marcaram uma época, um tempo em que havia uma malícia quase pueril nas letras das músicas. Mas havia também umas invencionices para dar rima e métrica, empregadas apenas pela sonoridade da combinação de letras. Vejamos algumas músicas antológicas:
“Eu fui às touradas em Madri
para ra tim bum bum bum
para ra tim bum bum bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci. (…)”
Alá lá ô ô ô
Mas que calor ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
E queimou a nossa cara
“Twist, twist,
tu fostes ao Municipal
Twist, twist,
twist no carnaval
Todo mundo no twist
é vapt, vupt, vapt
A moçada não resiste
é vapt, vupt, vapt
que rififi, que futebol
quem se remexe
é minhoca no anzol.”
Nos textos acima podemos observar que as sequências de letras apenas funcionam como a representação de um determinado som, que pode ser a imitação de um dos instrumentos de percussão típicos do Carnaval ou algum som característico do movimento das roupas ou da dança – essa é a FIGURA DE LINGUAGEM denominada onomatopeia.
No entanto, ocorrem também alguns casos em que, a partir da representação dos sons, criam-se palavras, que figuram nos dicionários, como verbos ou substantivos, as quais podem ser flexionadas. Estamos, então, diante de um PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS denominado onomatopeia, que dará origem a palavras onomatopaicas. São exemplos delas
  • tique-taque do relógio
  • marulho das ondas
  • zumbido das abelhas
  • arrulhar dos pombos
  • miado dos gatos
  • cacarejar das galinhas
  • rangido da porta
Assim, o termo onomatopeia pode se referir tanto à figura de linguagem, na Estilística, como ao processo de formação de palavras, na Gramática.
O gramático Evanildo Bechara registra ainda o chamado vocábulo expressivo – aquele “que não imita o ruído, mas sugere a ideia do ser que se quer designar com a ajuda do valor psicológico de seus fonemas: romper, tagarelar, tremeluzir, jururu, ziriguidum, borogodó” e, lá na marchinha do twist, o rififi, que significa confusão.

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