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27 de abril de 2018

COESÃO E COERÊNCIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL

Ao planejarmos e escrevermos um texto, seja de qualquer tipo e/ou gênero, devemos objetivar que ele seja, dentre outras coisas, fluido (que a sua leitura flua para o leitor tanto no sentido formal, de se estar bem escrito e bem pontuado, quanto no sentido semântico, isto é, em relação aos seus significados), bem organizado em termos de paragrafação (relação entre parágrafos, com as ideias bem estruturadas e “costuradas”) e objetivo (sem “enrolar” o leitor, ou seja, escrever, escrever e não dizer nada) e, para tanto, a coerência e a coesão são pontos fundamentais, tanto para se escrever textos em provas oficiais como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e os demais vestibulares quanto quando se escreve na escola, no trabalho, nos afazeres diários etc.
A coerência e a coesão são essenciais para escrevermos textos harmônicos e que façam sentido e, consequentemente, fluidos e que não tenham, pelo leitor, uma leitura truncada, que deve ser parada de parágrafo em parágrafo porque não houve entendimento. Por isso a analogia de que a coesão e a coerência são a agulha e a linha que costuram o texto faz sentido, já que por meio do uso dos conectivos (preposições e conjunções) ligamos termos, orações e conectamos parágrafos.
O texto, seja ele de que tipo e/ou gênero for, deve ser gostoso e fácil de ser lido e, para conseguir isso, não basta escrever bastante, pois há quem escreva muito na escola, por exemplo, e não consegue ter muita evolução de um texto para o outro.
Tenha, para quem ainda está na escola ou frequenta um cursinho, no professor, além de um corretor, um mediador, alguém com o qual você possa conversar abertamente sobre suas redações, ideias e estratégias de escrita. Se só escrever e ler adiantasse, bastaria trancar os alunos em uma biblioteca por alguns meses. Obviamente deve-se ler e escrever com certa frequência, inclusive reescrever os textos já corrigidos pelo professor para refletir sobre o que e como foi escrito e, claro, para buscar uma melhora, mas ter no docente um mediador, alguém que incentive e lhe ajude é muito importante.
Para quem não tem contato com um professor, busque esse mediador em um familiar ou amigo, já que mesmo em um diálogo cotidiano sobre um tema atual tentamos convencer, sempre, o nosso interlocutor sobre o que argumentamos, já que sempre respondemos ativamente a tudo o que ouvimos, lemos e vemos, mesmo que seja com um movimento de cabeça concordando ou discordando.
Depois desse parêntese, voltemos à coerência e à coesão. A redação no Enem deve ser coerente tanto externamente quanto internamente: externamente por ser verossímil com a realidade, com a sociedade atual, inclusive ao inserir a proposta de intervenção social (quinta competência), já que ela deve ser palpável, realizável e não utópica ou possível apenas em um filme de ficção científica, por exemplo.
O texto deve ser coerente externamente nos argumentos (principal e auxiliares) e não estar fundamentado em dados incorretos, inventados ou que expressem algum tipo de preconceito ou desrespeito aos Direitos Humanos.
A coerência interna, por sua vez, se dá em uma sequência lógico-racional das ideias, tecendo relações de continuidade entre os parágrafos e aí também entra a coesão para escrever com sentido. Um texto que falha na coerência possivelmente falhará na coesão.
Ao planejar uma redação, no rascunho por exemplo, deve-se mirar um texto que leve o leitor a uma conclusão através de uma lógica interna que ordena a linguagem que evita as lacunas e os deslocamentos. Uma boa redação não pode ter lacunas, isto é, espaços para dúvidas do leitor pela presença de quebras de partes fundamentais para o entendimento. O leitor não pode se perguntar: “como assim?”, “por quê?”, “o quê?”, “quem?”, “onde?” etc. Já os deslocamentos é quando uma parte essencial do texto está em um local inapropriado, ou seja, quando a redação possui problemas de paragrafação.
Um texto coerente e coeso não é redundante e não generalizante, não é repetitivo tanto no campo das ideias quanto em relação ao vocabulário, não possui digressões, ou seja, elementos soltos, sem relação com o texto em si, não tem ideias ambíguas e/ou com duplo sentido e sim traz bons exemplos, possui adequação ao tema e à proposta de redação, além de delimitar adequadamente este tema, ser claro e ter criticidade.
Nesse sentido, é fundamental e obrigatório estudar conjunções e preposições e atentar-se para as relações de sentido (causa e consequência, finalidade, oposição, contrariedade, adição etc.) que elas estabelecem para entender como a coesão e a coerência funcionam, já que o mais importante, além de saber para que cada uma delas servem, é que sentido elas irão estabelecer dentro do texto, já que a presença da incoerência ainda é, infelizmente, bastante forte nos textos dos candidatos, tanto do Enem quanto dos outros vestibulares.
Deve-se ter atenção e cuidado para manter o sentido ao longo de toda a redação e não se contradizer no fim do texto, contradizendo o que foi dito no início, inclusive em termos opinativos.
Um exemplo do que não fazer é o caso de uma redação sobre violência contra a mulher que criticava certos comportamentos femininos que, sob o ponto de vista da autora, causariam e provocariam a violência: uso de roupas curtas e justas, sair sozinha à noite, ingerir bebida alcoólica, não ser submissa ao homem como manda a Bíblia dentre outros. O típico argumento frágil de culpabilizar a vítima. Na conclusão, ao sugerir sua proposta de intervenção social, a autora afirmou que as mulheres deveriam aprender defesa pessoal e que devemos combater o machismo dos homens.
Deste modo, esta redação é completamente incoerente, já que a autora foi machista desde o início da dissertação-argumentativa! O machismo dela também deve ser combatido! Ou seja, ela se contradisse e com isso escreveu um texto totalmente incoerente.

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