Alguns leitores do nosso portal e alguns alunos do nosso Curso de Redação e avaliação de redações sugeriram que a coluna semanal de redação trouxesse mais análises de textos que obtiveram nota máxima nos exames anteriores. Assim, atendendo a pedidos, nesta semana analisaremos a dissertação-argumentativa da candidata Giovana Lazzaretti Segat, do Rio Grande do Sul, publicada pelo portal G1 em maio deste ano. Como em outras publicações já dissertamos e analisamos a proposta do Enem 2014, que teve como tema “Publicidade infantil em questão no Brasil”, não o faremos neste texto.
Abaixo, na íntegra, a redação da Giovana:
Giovana opta por intitular sua dissertação-argumentativa com o título “Criança: futuro consumidor”, algo que pensamos ser incoerente com o tema que é, justamente, a publicidade infantil. Acreditamos que a criança já é uma consumidora e não o será apenas ao atingir a adolescência ou a fase adulta, pois já é um público-alvo da publicidade por meio da propaganda. Obviamente não é ela quem efetua a compra propriamente dita, já que são os adultos que compram suas roupas, seus brinquedos, seus alimentos, seus móveis dentre outros itens. Como a banca corretora do Enem não avalia títulos, pois para a banca elaboradora este é opcional, essa incoerência não prejudica em nada a nota da redação como um todo.
Na introdução, a autora contextualiza o papel da propaganda no mercado consumidor e já coloca a sua tese ao afirmar que este papel pode ser distorcido por meio de apelação que fazem com que as pessoas, principalmente as crianças, pensem que comprar é sinônimo de prazer. Deste modo, a candidata também já se posiciona contrariamente às propagandas infantis apelativas e inicia o seu desenvolvimento explicando o que seria, para ela, apelação, recorrendo de modo adequado à coletânea de textos motivadores: ídolos infantis, desenhos animados e trilhas sonoras.
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A fim de comprovar o seu argumento, Giovana usa como estratégia argumentativa o exemplo da rede de fast food Mc Donald´s que utiliza, como brindes e propaganda, brinquedos como bonecas. A seguir, fazendo alusão ao gráfico da coletânea de textos motivadores, a autora cita mais um exemplo, agora do Reino Unido, de como neste país a publicidade infantil é regulamentada – proibição do uso de personagens famosos e restrição de horários de exibição – e o compara com a situação atual do Brasil, onde não há leis específicas, apenas normas.
No segundo parágrafo do desenvolvimento, Giovana aborda o papel dos pais nesta questão, já que o consumo pode tornar a relação conflituosa, segundo ela. A autora afirma, em seguida, que as crianças perdem a noção do limite por meio da mídia, mas nos perguntamos, como provocação, se as crianças, ao invés de perderem o limite, ainda não o têm por estarmos, justamente, em processo de formação no qual este senso de limite está sendo construído com o auxílio da família e da escola. A partir de que faixa etária podemos dizer que a criança já possui alguma noção de limite em relação ao consumo?
Neste mesmo parágrafo, a candidata já lista suas propostas de intervenções sociais, fugindo do modelo clássico de colocá-las na conclusão, algo possível que em nada prejudica seu domínio do tipo textual. Giovana sugere três soluções em três âmbitos diferentes: para ela, o o governo federal deveria formular uma legislação específica para a publicidade infantil a fim de haver uma restrição para propagandas de bens não duráveis; já as escolas, segundo a candidata, poderiam criar oficinas e distribuírem cartilhas didáticas e a família deveria, paralelamente, dialogar com seus filhos sobre o tema a fim de, na conclusão, ensiná-los a diferenciar o útil do fútil para serem analistas críticos das propagandas.
Ainda na conclusão, a autora recorre a uma citação de autoridade, Sérgio Buarque de Hollanda, para dar início ao fechamento de sua dissertação-argumentativa. Voltando um pouco às propostas de intervenções sociais, o detalhamento de cada uma delas foi fundamental para ela obter a máxima pontuação nesta competência
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16 de julho de 2015
Análise de um texto
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