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20 de fevereiro de 2010

Mandiba Leitura obrigatória - Bruno Miragem - ZH

Mandiba
Em 11 de Fevereiro de 2010 fez 20 anos da libertação de Nelson Mandela da prisão na África do Sul, onde permaneceu por quase três décadas. Desde então passou a conquistar corações e mentes em todo mundo, em parte por seu espírito desarmado, que transparece no sorriso fácil e franco de suas aparições públicas, como também da obra de reconciliação nacional que realizou, e da qual se tornou símbolo na África do Sul. Atualmente, celebrado pelo cinema (eis o filme Invictus, ora em cartaz), assim como em documentários diversos, não há dúvida que diante da história de Mandela (ou Mandiba, na sua língua natal), há muito para refletir.
Mandela ao ser libertado, poderia manter-se inflexível e marcado pelo injusto desejo de revanche contra os que lhe fizeram sacrificar boa parte da vida na prisão política. Foi radical na juventude, defensor da luta armada, contra um regime racista de segregação total. Se tivesse expressado desejo de vingança, seus motivos seriam no mínimo compreensíveis. Contudo, escolheu olhar para frente, e numa atitude só identificável nos grande líderes políticos - e em seres humanos de espírito elevado - recusou-se a seguir mirando o passado, e construiu, possivelmente, o maior projeto de reconciliação nacional do final do século passado, registrando com todos os méritos, seu nome na história mundial.
A África do Sul está longe de ser, ainda hoje, um paraíso de integração entre negros e brancos. A divisão de classes persiste, com seu inegável componente racial. Antes segregados juridicamente, hoje a maioria dos negros experimenta a pobreza, dada a concentração da riqueza na mão dos brancos. Os problemas de segurança pública também são um flagelo nacional de largas proporções, quando feita por intermédio do diálogo, é mais lenta, porém mais profunda e duradoura.
O certo é que a biografia de Mandela inspira, demonstra que a liderança se afirma e orienta a partir do exemplo do líder. Igualmente, uma pessoa que sofreu com seu povo as mais infames agressões, ensinou que olhar para frente não é sinal de fraqueza , mas, ao contrário, de força. E que a alta política com a qual se constrói uma nação não é o espaço da revanche. Sobre o desafio a integração racial, indica que não ignorar a discriminação onde ela exista é o primeiro passo para construir-se, verdadeiramente, uma nação mutirracial. Bruno Miragem - Zero Hora - 11/02/2010

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