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18 de julho de 2010

Gurizada...nem pensem em jeitinho brasileiro....ler...ler...

As palmadas

Conta a Bíblia que Deus criou a Terra em seis longos dias e descansou no sétimo. Nada nos diz de como se levantou triunfante no oitavo dia, mas – com certeza – foi aí que criou a estultícia e os estultos para equilibrar sua obra com o livre-arbítrio. Assim, lançou-os mundo afora em formas diferentes mas com um denominador comum: o estulto vai além de si, fala ou opina sobre tudo, tem tanta capacidade de se amoldar ou inventar que cria mil vezes o que já está criado. Lúdico, brinca de fazer, confundindo causa e consequência.

Esse pessoal do oitavo dia muitas vezes nos governa, está nos Parlamentos e até no Judiciário. E só pode ter sido deles que o presidente da República recebeu a ideia de transformar a palmada no traseiro das crianças em crime com punição prevista em lei.

Só estultos podem animar-se a tanto num país em que a lei é cada dia mais branda nos delitos duros. Ladroagem, rapina e corrupção hoje são apenas palavras que vicejam como flor de estufa. Nas ruas ou em casa, estamos expostos ao assalto e à morte, na onda expansiva de uma sociedade que cultiva a vulgaridade e propaga a violência até na música – ou nos berros chamados de “música”. Nos setores mais humildes, cresce o número de meninas-mães e já é comum o parto aos 13 anos de idade. Em breve, haverá avós de 30 anos...

Para o pessoal do oitavo dia, porém, a tragédia está na palmada no traseiro das crianças.

A enxurrada eleitoral recém começa e os absurdos já nos inundam.

Concluído o prazo de registro de candidatos, eis que o pessoalzinho do “oitavo dia” desponta na proa dos partidos comandando a navegação. No Rio Grande do Sul, 27 candidatos foram impugnados pela Procuradoria Eleitoral por envolvimento em delitos que os torna inelegíveis pela “lei da ficha limpa”. As averiguações sumárias não desceram às minúcias da vida dos candidatos, o que talvez elevasse o número.

Mais do que o número, porém, chama a atenção a situação de dois dos impugnados: Pompeo de Mattos, candidato a vice-governador (companheiro de chapa de José Fogaça), e Giovani Cherini, aspirante a deputado federal e atual presidente do Legislativo estadual, ambos do PDT. Pelos cargos a que aspiram ou que ocupam, deveriam estar acima de qualquer suspeita.

Na indicação partidária, por que não predominou a visão ética da lei?? Ou por que Tarso Genro permitiu que um candidato do seu partido, impugnado pela “ficha suja”, fizesse campanha a seu lado em Gravataí?

A “lei da ficha limpa” foi iniciativa de eleitores (não de parlamentares) para restabelecer a dignidade do sufrágio. Basta isso para explicá-la e para levá-la à prática: os escândalos dos últimos anos traduzem o horror que perpassa o setor político, com a politicalha da negociata mandando em tudo.

País afora, para eximirem-se, os impugnados buscam artifícios interpretativos sobre a “condenação por um colegiado”, como prevê a lei. Isso é compreensível na mixórdia em que os aventureiros do “oitavo dia” transformaram a política. Mas, se os partidos fossem o que devem ser (não meros aglomerados de gente), exigiriam que nossos governantes ou representantes no Legislativo estivessem acima de qualquer suspeita. Em termos éticos, basta o fundamento da suspeita para pôr em dúvida o voto.

Até porque palmada não corrige adulto!

FONTE ZERO - Flavio Tavares

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