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11 de julho de 2010

Leitura gurizada

Crime e Negócios
Estamos todos perplexos, país afora, pelo tom macabro do assassinato de Eliza Samudio, até aqui anônima amante de Bruno das Dores, goleiro do Flamengo do Rio, com quem teve um filho de poucos meses. Ele armou a cilada que levou ao sequestro em que a estrangularam, e o crime seria brutal se concluísse aí. Mas, depois, o ex-policial pago para estrangulá-la, esquartejou o corpo, desossou-o como rês de açougue, juntou os ossos num saco e deu a carne a famintos cães rottweiler.
Que crime é esse? Nem o mais perverso autor de folhetim policial ousaria inventá-lo, juntando tanta atrocidade ! Astro do futebol, Bruno ganha uns 400 mil entre salário e patrocínio e, preso, confessou sua dor: a de não jogar na Copa de 2014...não fosse o tormento da consciência de um cúmplice adolescente, que revelou o horror, todos nós iríamos aplaudir o mandante do crime quando a maré da Copa invadir o Brasil, daqui a quatro anos.
Nada disso é tão grave, porém quanto outro crime cujo andamento o país acompanhou passo a passo: o novo Código Florestal, aprovado por comissão especial da Câmara dos Deputados, que entrega bosques e florestas à sanha do desmatamento.
Sim, pois esse foi o crime pensado e debatido ao longo dos meses. Não foi um crime passional, em que paixão e ódio se misturam em estímulos mútuos, e a irritação pode desencadear crueldades como as do goleiro Bruno.
A Câmara Federal perpetrou algo ainda mais tresloucado, conduzida pela bancada ruralista e sob o comando do deputado Aldo Rabelo, do PC do B paulista, relator do projeto de Reforma do Código Florestal ! A opinião dos cientistas e técnicos não foi ouvida nem prevaleceu o bom senso. Predominou o interesse mesquinho de lucro a curto prazo. Nunca à vida nem o futuro. O deputado-relator sequer se lembrou de que o grande guia do seu partido chamou-se João Amazonas, cujo nome leva automaticamente à floresta.
De que valem os alertas sobre a fragilidade do planeta, sobre a necessidade de preservar rios e florestas para manter a própria vida na Terra? Agora, foram abolidos praticamente todos os obstáculos à devastação contidos no código atual.
Para coroar o crime insano e talvez insanável, serão perdoadas as multas aplicadas a quem desmatou até julho de 2008, sob o pretexto de regularizar sua situação. As multas, mais de 8 bilhões, seriam usadas em políticas de reflorestamento. Mais terrível do que isso, porém, é o precedente de que a lei fixe data para legalizar o crime de desmatar !
O delito está em todas as partes. Ou não é crime prestigiar a um criminoso, aplaudi-lo, abraçá-lo como irmão?
O que foi a visita do presidente do Brasil ao facínora Obiang Mbasogo, que há 30 anos governa pelo terror a Guiné Equatorial, torturado rincão da Àfrica? Lula da Silva comprometeu-se até com o pedido do ditador de incorporar a Guiné à comunidade de Países de Língua Portuguesa, ainda que lá ninguém fale português.
"Negócios são negócios", disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, justificando o gesto e em alusão ao petróleo.
O mesmo dirá o ex-policial Neném, que estrangulou Eliza, esquartejou e desossou o cadáver e, depois o deu de comer aos cães. Afinal, "matador" é o seu ofício e "negócios são negócios." Ou não??
FONTE ZERO HORA 11/07/2010

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