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15 de setembro de 2010

Leitura gurizada

Sem Destino
Desde que o ator Dennis hopper faleceu , em 29 de maio último, me propus a uma tarefa daquelas que a gente se autoimpõe, mas sempre deixa para depois. No caso, a tarefa era assistir ao clássico Easy rider, filme dirigido e atuado por ele, e que, no Brasil ganhou o título de Sem Destino. Foi o que acabei de fazer, com um atraso absurdo.
O filme é de 1969. eu tinha oito anos quando foi lançado. lembro que não demorou para que meu pai e minha mãe troxessem o disco com a trilha sonora para casa, e ele não saiu mais de minha vitrola. Aqui jazz matusalém.
Foi uma das vantagens de ser de uma época em que não existia"música para criança". quando eu tinha oito anos, música par criança era Beatles, janis joplin, Turner, Burt bacharach, Astor Piazzola. ouvia-se o que os pais ouviam. Tempos modernos.
Até hoje considero Easy Rider uma das trilhas mais empolgantes do cinema, ao menos para mim, que elegi The Weight como minha música - tema desde que me entendo por gente, Então ter assistido, 40 anos depois, no meu DVD player, que também é um troço antigo, às imagens de um filme que eu nunca guardei em minha memória afetiva, foi uma viagem: meu on the road particular sem sair do sofá.
Além da trilha, emocionou-me o talento de Jack Nicholson, um garoto que era apenas uma promessa, ensaiando seus primeiros maneirismos e bonito como poucos atores são hoje. Peter Fonda também não era de se jogar fora, mas é Dennis Hopper quem rouba a cena e justifica toda mistificação que carregou até o último dia de vida, aos 74 anos.
O filme não envelheceu, ainda que algumas cenas, em especial que se passam no acampamento hippie, sejam um pouco cansativas. Ele se mantém atual, porque trata de um assunto que tampouco envelhece: a liberdade. O filme dá seu recado através de belas imagens e do som, mas há um diálogo definitivo em que Nicholson e Hopper analisam a diferença entre se discursar sobre liberdade e a conviver com quem é livre, há um precipício que atemoriza a sociedade até hoje. Põe fim ao que me deixou mais comovida foi me dar conta que meus pais cultuaram esse filme, falavam sobre ele conosco, encheram a casa com sua música. Isso no período mais repressivo do Brasil. Senti-me agradecida por tido pais, em tese convencionais, porém com o espírito arrojado, o pensamento aberto, um casal de 30 e poucos anos que sabia diferenciar o novo do velho hoje, deram-me uma base cultural sem preconceitos. E, com isso, um destino.

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