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27 de abril de 2011

Leitura Gurizada

Outros Estrangeirismos
Gosto muito do que voçê escreve.
Se não for encômodo, poderia ler meu blog?
Estou anciosa  para ler seu novo livro.
Essas 3 pimeiras frases são exemplos de manifestações carinhosas que recebo diariamente e que muito  me comovem, mas, se você reparar bem, vai ver que elas trazem alguns "estrangeirismos"à língua portuguesa, com as quais, aliás, o governo não se importa tanto.
Você escrito com cedilha. Encômodo em vez de incômodo, anciosa em vez de ansiosa. Equívocos campeões de audiência. Existe também na linguagem escrita uma farta distribuição de palavras como previlégio, viajem, recompença, análize, sem contar os clássicos mendingo, menas, imbigo. Quando se trata da palavra falada é comum ouvir"trusse" em vez de trouxe, "eu soo" em vez de suo, sem falar do descaso  absoluto com os plurais, vou com quatro amigo, ele me deu cinco real, almocei dois pastel.
Serão todos analfabetos? De forma alguma. São profissionais liberais, estudantes de faculdade e olha, alguns se apresentam como professores. erram tanto, porque tudo mundo erra, assim como eu também cometo meus erros. Não esses, mas cometo. Recentemente passei pelo vexame de escrever"doentis" em vez de doentios. O português é uma língua que convida à derrapagem.
Só há uma maneira de barrar o uso disseminado desses estrangeirismos no nosso idioma: incentivando cada vez mais o hábito de leitura,  investindo maciçamente nas escolas  e inaugurando uma biblioteca pública em cada esquina. Se não for assim, os pais continuarão falando errado em casa  e darão maus exemplos aos seus filhos, que por sua vez passarão essas atrocidades como "para mim fazer"ou "vou estar fechando a loja", e o português continuará infestado de expressões que, essas sim, comprometem a integridade de nosso idioma.
Eu sou contra qualquer patrulha, mas se querem instaurar uma, que seja pela preservação do bom português, em vez de perderem tempo com uma caça às bruxas improdutiva. A absorção de palavras estrangeiras é algo natural em qualquer cultura, não há outro motivo para enganar uma resistência.Claro que há certos exageros, principalmente, no jargão empresarial, mas isso é questão de mau gosto. Parece-me mais elegante apresentar um orçamento do que um budgest, fazer uma reunião do que um meeting e apresentar um relatório em vez de um paper, porém há quem se sinta um profissional mais competente falando assim. Afetação, só isso. De forma alguma coloca nossa língua mãe em risco.
Utilizar palavras em inglês, vez ou outra, é apenas uma rendição ao que se consagrou como universal. Não mata ninguém. E não deixa de ser didático, afinal, o turismo tem aumentado no mundo e é bom que saibam palavras-chave. De minha parte acho preferível fazer um happy hour do que ter uma hora feliz com os amigos, fazer um chek in no aeroporto do que uma checagem, executar um dowloads do que baixar músicas. O uso eventual do inglês, francês não compromete em nada nosso idioma. O português mal falado e mal escrito é que nos faz passar vergonha.
Marta Medeiros - Zero Hora
  

Um comentário:

Eduardo disse...

Parabéns pelo conteúdo e organização do Blog...
abraços