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1 de novembro de 2015

Mais Ortografia – Diminutivo e Plural Tudo Junto e Misturado


Como sempre ficam perguntas no ar, esta semana um aluno me questionou sobre a grafia nos casos em que há duas flexões ao mesmo tempo na palavra. Como assim, duas flexões? Quando, por exemplo, ao mesmo tempo passamos um substantivo para o diminutivo (flexão de grau) e para o plural (flexão de número).
Então vamos por partes: antes de fazer a mistura, relembremos algumas informações importantes sobre o plural. O plural dos substantivos
  • terminados em vogal é feito pelo acréscimo de ‘s’: provas, alunos, exames;
  • terminados em ‘r’, ‘z’ e ‘n’ é feito pelo acréscimo de ‘es’: mares, rapazes, abdômenes (há também a forma abdomens);
  • terminados em ‘al’‘el’‘ol’‘ul’ é feito substituindo-se o ‘l’ por ‘is’: animais, pastéis, faróis, pauis (não se assuste: paul é sinônimo de pântano e você já tem uma dica ótima para usar no jogo de forca ou para fazer palavras-cruzadas hehe). No caso do ‘il’, se a palavra for oxítona, troca-se o ‘l’ por ‘s’ (barril > barris) e se for paroxítona, troca-se o ‘il’por ‘eis’ (réptil > repteis).
Antes de continuarmos os lembretes, eu gostaria de reforçar que, por uma tendência para igualar a pronúncia do ‘l’ final ao ‘u’, muitas pessoas se atrapalham com esses plurais, então cuidado redobrado com degrau, troféu e pastel:
Você subirá os degraus, receberá os troféus e comemorará comendo pastéis!
Há também os substantivos terminados em ‘ão’ e aqui ‘a porca torce o rabo’: há três possibilidades diferentes de alteração para as palavras terminadas nesse ditongo, porque há três origens diferentes, no Latim, que acabaram convergindo para o tal ditongo no Português atual. A questão é que os plurais do Latim vieram em paralelo e sofreram outros tipos de alterações pelo percurso, virando plurais diferentes.
Resumindo (pois o Latim não é o foco), os resultados foram as alterações de ‘ão’ para ‘ãos’‘ões’ ou ‘ães’. Assim, temos:
  • Mão – mãos
  • Cidadão – cidadãos
  • Gavião – gaviões
  • Operação – operações
  • Pão – pães
  • Alemão – alemães
Infelizmente, não há uma regra, no Português atual, que nos ajude no caso desses plurais. Teremos de nos valer da memória e da leitura para ampliação do vocabulário.
A terminação ‘ão’ também é um dos sufixos de formação do aumentativo (flexão de grau). Agora, então, vamos misturar: primeiro o acréscimo do sufixo de aumentativo e por último a desinência ‘s’ de número plural, assim:
Casa > casarão (aumentativo) > casarões (plural do ‘ão’ + ‘s’)
E o diminutivo? Bem, nesse caso precisaremos de mais atenção! Em primeiro lugar passamos o termo para o plural, com as alterações específicas do ditongo nasal:
  • Fogão > fogões
Em seguida, destacamos o ‘s’ de plural e o reservamos num cantinho para, em seguida, acrescentarmos o sufixo de diminutivo ‘inho’ (neste caso com a consoante de ligação ‘z’) e depois, no fim da palavra, acrescentamos o ‘s’ que estava reservado, assim:
Fogõe + z + inho + s > fogõezinhos
O mesmo acontecerá com
  • Leãozinho – leõezinhos
  • Pãozinho – pãezinhos
  • Portão – portõezinhos
Se as alterações forem a passagem para o feminino (flexão de gênero), para o diminutivo (flexão de grau) e para o plural (flexão de número), o processo é o mesmo e a marca de plural será sempre a última:
  • Anão – anã – anãzinha(s)
  • Irmão – irmã – irmãzinha(s)
  • Leitão – leitoa – leitoazinha(s)
E para finalizar a prosa de hoje, segue uma recomendação que Vinicius de Morais faz aos casais que namoram no cinema: não devem importunar os que querem de verdade assistir ao filme. A recomendação é feita com diminutivos cheios de afetividade, como devem ser os namoros:
(…) Nada perturba mais que o cochicho constante e embora eu saiba que isso é pedir muito dos namorados, é necessário que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é casa deles. Um homem pode fazer milhões de coisas – massagem no braço da namorada, cosquinha no seu joelho, festinha no rostinho delazinha(…)1

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