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15 de junho de 2018

TEMA DE REDAÇÃO


A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) aplicou, no último final de semana, a segunda fase do seu vestibular de meio de ano de 2018. Uma das maiores universidades públicas do estado de São Paulo é a única instituição universitária estadual que realiza o chamado “vestibular de inverno”.
Devido a sua importância e por ela, em sua prova de redação, exigir uma dissertação-argumentativa, assim como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), analisamos na coluna de hoje o tema da proposta de redação do seu vestibular de meio de ano de 2018 que foi o seguinte: Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil?
A prova de redação do vestibular da Unesp tem a fama de ser uma verdadeira caixinha de surpresas, pois temas de diversos vieses já foram abordados pela banca elaboradora, desde o tema da amizade até o tema da obrigatoriedade do voto no Brasil, por exemplo. Porém, de umas edições para cá, a prova de redação da Unesp tem abordado temas atuais e relevantes ao dia a dia da sociedade brasileira como um todo, mostrando que a banca elaboradora está afinada com as recentes e atuais discussões.
A referida proposta de redação é composta por três textos, que são os seguintes:
primeiro texto da coletânea apresenta dados de uma recente pesquisa do Instituto Datafolha, de janeiro deste ano, que mostram que 56% dos entrevistados são contrários ao porte de armas estendido ao cidadão, ou seja, ao civil. Além disso, o excerto retoma o Estatuto do Desarmamento votado, por meio de plebiscito, em 2003, no qual a população votou a favor do desarmamento. Segundo o texto, para alguns, tal Estatuto de nada adiantou na diminuição do índice de violência no Brasil; já para especialistas em segurança, ocorreu justamente o contrário.
segundo texto da coletânea, por sua vez, de autoria de Gil Alessi, retoma o cenário social brasileiro antes do Estatuto do Desarmamento votado em 2003, no qual, de acordo com dados do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) havia um alto índice de criminalidade e violência o qual parou de crescer como crescia há 15 anos.
O jornalista volta ao presente ao citar que há, em Brasília, um grupo de deputados federais e de senadores – a “bancada da bala” – que é a favor do armamento da população civil, juntamente com alguns setores da sociedade. Lembrando que estamos em um ano de eleições federais, tal texto, obviamente, não foi escolhido aleatoriamente pela banca elaboradora.
Gil Alessi usa o argumento de Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, de que a grave crise econômica da década de 80 ajudou a aprofundar o abismo da criminalidade e a aumentar a violência, já que foi uma época em que a venda de armas de fogo aumentou no Brasil. Para ele, quanto mais medo, mais armas; quanto mais armas, mais mortes.
Por outro lado, o texto apresenta uma opinião contrária: Benê Barbosa, militante pró-armas brasileiro, afirma que, naquela época, havia mais segurança e que o Estatuto do Desarmamento “elitizou” o porte de armas.
Já o terceiro e último texto da coletânea é uma adaptação de uma matéria veiculada na revista Época em 2015 e há duas opiniões distintas sobre a liberação das armas de fogo.
Analisando a coletânea de textos, concluímos que há um certo equilíbrio entre as opiniões favoráveis e contrárias à liberação do porte de armas de fogo no Brasil, mas a pergunta tema da proposta de redação é se essa liberação diminuirá a violência no país. Deste modo, não basta o candidato opinar e argumentar sobre a liberação ou não do porte de armas de fogo, mas também opinar e argumentar sobre a relação dessa liberação com a violência.

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