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21 de abril de 2014

Bernardo e a banalização da morte

VEJAM O ROTEIRO FATÍDICO DO PEDIDO DE SOCORRO DO MENINO BERNARDO BOLDRINI
Este é um e-mail que está rolando na Internet, a partir de página criada no Facebook. Leia e veja como se desenvolveu o roteiro fatídico do pedido de socorro do menino Bernardo até sua morte, por uma inacreditável omissão na tal rede de proteção da infância.
"Novembro de 2013
Preocupação com o "filho do médico"
Em meados de novembro, em uma reunião de órgãos da rede de proteção à infância, uma assistente social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) verbalizou à promotora Dinamárcia de Oliveira preocupação com a situação de Bernardo e questionou se MP iria agir, se entraria na vida íntima da família, de classe alta. A assistente social soube do suposto abandono afetivo de Bernardo por meio de comentários na comunidade. As pessoas diziam que o "filho do médico" estava com problemas. A promotora pediu a formalização do caso.
29 de Novembro, 2013
Pai era resistente ao Conselho Tutelar
No dia 29 de novembro, chegou à promotoria relatório do Conselho Tutelar informando que o menino era vítima de abandono afetivo e de negligência familiar e que precisava de acompanhamento, mas o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, era resistente à abordagem do Conselho. O pai dizia que estava tudo bem com o menino e que o Conselho devia se preocupar com crianças maltratadas. Naquele dia, a promotoria recebeu do Conselho cópia de correspondência da escola narrando que o menino precisava de assistência, pois apresentava problemas por reflexos de questões afetivas, que tinha recusa em cumprir algumas tarefas e era muito fechado, além de a escola não conseguir retorno da família para ajudar a solucionar os problemas.
3 de Dezembro, 2013
Menino buscava afeto na casa de outras famílias
No dia 3 de dezembro, o Creas entregou à promotoria relatório de cinco páginas sobre Bernardo. Dizia que o menino pernoitava e era alimentado na casa de conhecidos e tinha desavenças verbais com a madrasta. Mencionava uma família, que era do coração de Bernardo, onde ele mais ficava, e outras pessoas, pois ele cativava os pais dos colegas. Segundo o documento, Bernardo ficava nas casas, dormia, passava finais de semana e o pai nem sabia onde estava.
11 de Dezembro, 2013
Contato do Conselho Tutelar com o pai era difícil
No dia 11, novo relatório do Conselho Tutelar informou à promotoria que Bernardo não tinha comparecido a uma entrevista com psicólogo e que o contato com o pai estava difícil.
16 de Dezembro, 2013
Avó procurou o Ministério Público de Três Passos
No dia 16, a promotora recebeu e-mail do advogado da avó materna, Jussara Uglione, pedindo documentos do processo. A avó queria tomar ciência de tudo sobre o neto. No mesmo dia, o MP respondeu ao advogado, marcando audiência com a avó para o dia 26, em Três Passos. O advogado informou que a avó não poderia comparecer, que é doente, usa marca-passo e prótese, e que queria ser ouvida em Santa Maria. Ainda naquele dia, a promotora determinou envio de carta precatória para o MP de Santa Maria para a avó ser ouvida. Cópia do processo acompanhou o documento.
17 de dezembro, 2013
MP comunicou que a avó seria ouvida em Santa Maria
No dia 17, a carta precatória foi enviada para Santa Maria com solicitação de prioridade. No dia seguinte, o MP comunicou ao Creas que a avó seria ouvida em Santa Maria.
13 de janeiro, 2014
Bernardo iria ao MP com a avó
No dia 13, quando deveria ser ouvida no MP, a avó telefonou dizendo que o neto iria visitá-la em Santa Maria e que ela preferia ser ouvida com Bernardo. Ele havia saído de férias com a madrinha.
20 de janeiro, 2014
Avó queria a guarda do menino
No dia 20, a avó compareceu ao MP com advogado, mas sem o Bernardo. Disse que não tinha conseguido levá-lo, que tinha visto ele e que ele tinha apresentado "frieza" em relação a ela. A avó disse que estava disponível para assumir a guarda, mesmo doente, pois contrataria alguém para cuidar dele. No dia seguinte, a carta precatória foi postada no correio de Santa Maria.
24 de janeiro, 2014
Bernardo procurou ajuda sozinho
No dia 24, Bernardo foi ao 4º andar do fórum de Três Passos, onde funciona o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cededica), e relatou sofrer ofensas por parte da madrasta, que o pai não tomava nenhuma atitude e que queria ir morar com outra família. Representantes do Cededica levaram o menino para falar com a promotora Dinamárcia. O prédio da promotoria fica ao lado do fórum. Bernardo confirmou o desinteresse do pai, desatenção e os xingamentos por parte da madrasta.
27 de janeiro, 2014
Menino pediu para morar com outra família
No dia 27, a promotora recebeu relatório do Cededica sobre o que Bernardo havia dito lá e a resposta da carta precatória da avó, que veio de Santa Maria. No mesmo dia, chamou pessoas da família que Bernardo havia indicado para morar. Como se negaram a comparecer na promotoria, um servidor do MP foi até a casa. A família recusou receber o menino alegando que não "queria se incomodar com o pai (de Bernardo)".
31 de janeiro, 2014
MP ingressou com medida protetiva
No dia 31, a promotora ingressou com medida protetiva em favor de Bernardo, pedindo à Justiça que desse a guarda para a avó materna. O juiz da Infância e da Juventude, Fernando Vieira dos Santos, marcou audiência com o pai de Bernardo.
11 de fevereiro, 2014
Pai pediu chance à Justiça
No dia 11 de fevereiro, ocorreu a audiência. Leandro pediu uma chance de reaproximação com o filho, disse que não queria entregá-lo a outra família. O juiz deu prazo de 90 dias para uma nova avaliação do quadro familiar. Foi marcada uma audiência para 13 de maio, às 11h, na qual pai e filho deveriam comparecer.
Abril
Órgãos da rede de proteção deveriam monitorar a família
Bernardo foi orientado a procurar o MP, se precisasse. Órgãos da rede de proteção também monitorariam a situação nesses 90 dias, relatórios deviam mostrar como estava a situação familiar. Até o dia 16 de abril, a promotora Dinamárcia ainda não tinha a informação sobre se alguma equipe havia visitado a família ou tido contato com Bernardo.
7 de Abril, 2014
Depois do desaparecimento, MP pediu que avó ficasse com a guarda de Bernardo
No dia 7, quando soube do desaparecimento, a promotora fez petição à Justiça solicitando suspensão desse prazo de 90 dias dado ao pai e que a guarda fosse dada imediatamente para a avó materna. O juiz Fernando determinou que, assim que encontrado, o menino fosse encaminhado ao Lar Acolhedor, pois ele ainda não teria elementos sólidos para comprovar que a avó poderia assumir a guarda".

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