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20 de novembro de 2010

Fernando Pessoa Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só as que ele não tem
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão
Esse comboio de cordas
Que se chama o coração.

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