A morte por coma alcoólico de um estudante de Engenharia da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus da cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo, no último final de semana, foi um dos assuntos mais comentados e debatidos dos últimos dias e destaca quanto íntima está, infelizmente, a relação dos jovens com as bebidas alcoólicas.
O aluno era de origem mineira, tinha 23 anos e participava de uma festa promovida por outros estudantes da Unesp no último sábado, dia 28 de fevereiro e ingeriu, de acordo com o delegado responsável pelo caso, de 25 a 30 doses de vodca em um período de trinta minutos por estar envolvido em uma “maratoma”, ou seja, em uma maratona de ingestão de bebidas alcoólicas. Ao ser socorrido, Humberto Moura Fonseca foi levado a um hospital, mas faleceu no caminho. Além dele, outras três pessoas também passaram mal pelo mesmo motivo e ainda estão internadas.
A festa da qual os jovens participavam é típica de universidades e faculdades, pois é organizada por repúblicas de estudantes para iniciar o ano letivo, angariar fundos para formaturas ou apenas para se divertir sem nenhum maior propósito. A grande maioria delas, para atrair mais público, oferece bebidas alcoólicas livremente, o chamado open bar e, normalmente, não oferece uma estrutura adequada de primeiros socorros, pois não possui autorização legal para ser realizada. A ambulância do referido evento, por exemplo, segundo testemunhas, não possuía equipamentos adequados para prestar socorro ao estudante.
A Unesp posicionou-se contra essas festas e afirmou que investigará o ocorrido. Dois dos organizadores foram presos no dia do ocorrido, mas conseguiram um alvará de soltura e responderão o processo em liberdade.
O que este terrível caso colocou em pauta é a relação irresponsável de jovens com bebidas alcoólicas, relação esta que começa cada vez mais cedo e dentro de casa, incentivada por pais e familiares próximos como mostra uma pesquisa publicada pela revista Drugs and Alcohol Dependence no ano de 2012 e divulgada aqui, no Brasil, pela revista Veja e utilizada como texto fonte pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no seu vestibular 2013. Vejamos o infográfico abaixo:
A pesquisa foi realizada com 15 mil jovens de 14 a 17 anos moradores das 27 capitais brasileiras e mostra que uma parte considerável dos entrevistados embebedou-se no último ano (2011, no caso) e estava na própria casa ou em casa de parentes acompanhados dos pais ou responsáveis e dos familiares.
Esses dados comprovam que os adolescentes estão sendo incentivados pelos próprios pais e/ou familiares a beberem quando estes deviam fazer justamente o contrário: proteger os seus filhos e sobrinhos e netos do álcool. Com a desculpa de que é melhor beber em casa do que na rua, pais e parentes são lenientes ao não encarar isso como uma transgressão. Por ser uma droga lícita e cultuada em propagandas machistas, inclusive, o álcool não recebe o mesmo tratamento que outras drogas e é visto como menos pior quando na verdade não é.
Assim, esses adolescentes crescem íntimos com as bebidas alcoólicas e tornam-se adultos irresponsáveis perante a elas e pensam que só irão se divertir se beberem e muito.
Além dos riscos do coma alcoólico e de acidentes de trânsito provocados por ingestão de álcool, há outros riscos para quem começa esta relação cedo demais; vejamos:
Para os adolescentes, os maiores risco de beber regularmente e demais é engravidar, ser contaminado por uma doença sexualmente transmissível (DST) e envolver-se em brigas; já para os adultos é, justamente, viciar-se em álcool e em outras drogas e desenvolver transtornos mentais ou depressão.
Pensando no Enem 2015, já que na prova de 2013 o exame já abordou, em sua proposta de redação, a Lei Seca, é possível que aborde um outro aspecto relacionado ao álcool: o consumo por jovens. Neste caso, é fundamental sugerir propostas de intervenção sólidas e possíveis, como por exemplo, a proibição de campanhas publicitárias, em qualquer mídia e de qualquer tipo, de bebidas alcoólicas; maior fiscalização em bares, restaurantes, boates e festas universitárias e, no caso dela, a proibição de patrocínios de adegas e de marcas de bebidas, além de campanhas de conscientização de jovens e de seus familiares sobre os riscos da ingestão de álcool.
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6 de março de 2015
Terceirão, antenem-se
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