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26 de janeiro de 2014

Dicas fantásticas do professor Sérgio Nogueira

 

Tupi or not tupi, that’s the question

 

A frase bem traduz o sentimento de Oswald de Andrade. Os nossos primeiros poetas modernistas demonstraram abertamente o seu sentimento nacionalista. Exacerbado e até xenófobo. E essa aversão não era só a tudo que era estrangeiro mas também à sintaxe lusitana. Era o desejo de valorizar o que é nosso, a nossa língua, a língua falada no Brasil.
Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos. Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.
Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.
A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.
É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.
Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.
Qualquer projeto de valorização da língua portuguesa é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que pode vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.
Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar? Não somos capazes sequer de fiscalizar clínicas geriátricas…
Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.
E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.
E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que sale, se sempre vendemos? Por que startar, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo delivery?
O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…
O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…
E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.
Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.
DÚVIDAS DOS LEITORES
1ª) Qual é o feminino de “o artista” e de “o músico”?
Para o artista, basta mudar o artigo: a artista. Temos aqui, o que chamamos substantivo “comum de dois gêneros”. É aquele cuja forma é a mesma para o masculino e o feminino, mudando apenas o elemento determinativo. Veja mais exemplos:
O jovem – a jovem;
O estudante – a estudante;
O jornalista – a jornalista;
O artista – a artista.
Quanto ao músico, podemos usar a forma “o músico” tanto para homens quanto para mulheres. Quando isso acontece, o substantivo é chamado de sobrecomum. Veja mais exemplos:
O indivíduo (homem ou mulher);
O músico;
A criança;
A vítima.
2ª) Quando devemos repetir a conjunção “ou”. Em perguntas e afirmações ou só em afirmações?
Só repetimos a conjunção “ou” quando queremos deixar clara a ideia de exclusão e só podemos usar em frases afirmativas. Em frases interrogativas, não há a necessidade da repetição.
Observe melhor:
Frase afirmativa (=ideia de exclusão):
“Ou o diretor ou o gerente deverá viajar a Brasília.”
Frase interrogativa:
“O diretor vai ficar para a reunião ou vai viajar a Brasília?”

Toda variante linguística é válida

 
 

Na antiga Roma, mais precisamente na região central da atual Itália, ficava o Lácio, onde se falava o Latim. Com a propagação do grande império romano, principalmente na Europa, o Latim passou a ser a língua oficial de muitas regiões. Foi assim, com o passar do tempo, que se formaram as línguas neolatinas: o italiano, o romeno, o francês, o provençal, o catalão, o espanhol…e, como disse o poeta Olavo Bilac, a última flor do Lácio: a língua portuguesa.
Como toda língua viva, o português sofre mudanças não só com o passar do tempo mas também nas diferentes regiões onde é falado. Assim sendo, é natural que haja diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal, o de Angola, Moçambique, Timor Leste… No próprio Brasil, são normais os regionalismos: o gauchês, o baianês, o cearês…
Nada disso tem a ver com certo ou errado.
Todas as variantes linguísticas são válidas e aceitáveis dentro do seu contexto. É muito pobre reduzirmos tudo a uma simplista discussão de certo ou errado. A beleza da língua portuguesa está na sua variedade, na sua riqueza vocabular, nos seus mistérios.
O mais incrível e ao mesmo tempo lindo é que o brasileiro entende o angolano e que o sertanejo se comunica com o gaúcho da fronteira. As variedades só enriquecem a nossa língua, que não perde sua unicidade básica.
Além das diferenças regionais, temos as variantes linguísticas que caracterizam diferentes grupos.
No “policialês”, todo ser humano vira “elemento” e todo carro é “viatura”.
No “futebolês”, seu time tem que “correr atrás do prejuízo” para “fazer o dever de casa” e, assim, “fugir do fantasma do rebaixamento”.
No teleatendimento, “nós vamos estar analisando seu problema”, depois “vamos estar retornando sua ligação” e, por fim, “vamos estar enviando a resposta”.
“A nível de” executivo, é preciso “alavancagem de vendas” e “fidelização de clientes”.
No “internetês”, “tb axo q vc naum eh burro”.
E assim vai…temos ainda o “juridiquês”, onde tudo é procrastinado, o “economês”, que adora um “nicho de mercado”, o “trafiquês”, o “surfês”…
Tudo isso é interessante e curioso. Todas essas variantes linguísticas são válidas e têm sua utilidade, mas não devemos esquecer que, por trás de todas elas, há uma língua portuguesa comum, básica, padrão. É a língua geral. É aquela que faz com que todos esses grupos se comuniquem e se entendam.
 
 
DÚVIDAS DOS LEITORES
1ª) O correto é “não tem a ver” ou “não tem que ver”?
Tanto faz. O fato de a expressão “não tem a ver” ser um galicismo não é crime. Já se foi o tempo em que os galicismos eram considerados “erros”. Palavras como atelier, abajur, chofer, detalhe e tantas outras já estão devidamente registradas em nossos dicionários e são plenamente aceitáveis. Portanto, não se sinta um criminoso por preferir a forma “não tem a ver”.
 
2ª) Leitor tem dúvida quanto ao uso do acento da crase em “candidatos a vereador” e “candidatos à reeleição”.
Vejamos a diferença:
a)    Candidatos a vereador (sem o acento da crase)
b)    Candidatos à reeleição (com o acento da crase)
A diferença é que no primeiro caso não há o artigo definido. Vereador, além de ser um substantivo masculino, está tomado no sentido genérico, isto é, sem artigo definido. No segundo caso, ocorre a crase, porque temos o artigo “a” feminino que define a reeleição, mais a preposição “a”. No masculino, corresponderia a “candidatos ao cargo”.
 
3ª)  Leitor quer saber: em “O parcelamento não poderá ser pago a perder de vista”, esse “a” é craseado?
É impossível haver crase antes de verbos, por um motivo muito simples: jamais haverá artigo antes do verbo. Temos apenas a preposição “a”. Observe melhor:
“…a perder de vista”
“…a partir das 10h”
“…começou a chorar”
“…prefere sair a ficar em casa”
 
4ª) “Os filhos têm de obedecer aos pais ou obedecer os pais?”
O verbo OBEDECER é transitivo indireto, portanto “os filhos têm de obedecer aos pais”.
 
5ª) Qual é a diferença entre INVERTER e REVERTER? Na frase: “O Cruzeiro fez três gols no primeiro tempo e ficou difícil para o Náutico INVETER ou REVERTER o resultado?”
Rigorosamente, “ficou difícil INVERTER o resultado”, e não “reverter” como estamos acostumados a ouvir. Se um clube está perdendo e precisa ganhar o jogo, só invertendo o resultado, ou seja, INVERTER significa “mudar para o oposto”. REVERTER significa voltar ao ponto de partida. Uma situação irreversível é aquela que “não tem volta”. Reverter o quadro político ou econômico significa “voltar à situação anterior”. Em geral, não é isso o que se quer dizer. Queremos, na verdade, é inverter a situação, ou seja, se está ruim queremos que a situação fique boa.

Ocorre crase em “a vista, a venda e a porta”?


 

VOCÊ SABE…
…qual é a origem dos quintos dos infernos?
Quinto, como todos sabem, é o numeral ordinal correspondente a cinco: “O brasileiro chegou em quinto lugar”. Como numeral fracionário, corresponde a cada uma das cinco partes iguais em que pode ser dividido um todo: “Comeu um quinto do bolo”.
No período colonial, o quinto correspondia ao imposto de 20% que o erário português cobrava sobre o ouro, a prata e os diamantes extraídos do solo brasileiro. Quintos é um substantivo masculino plural, e significa “um lugar muito distante ou desconhecido”. Os quintos (sempre no plural) estão geralmente associados ao inferno, daí mandar alguém para “os quintos dos infernos”. É interessante notar que falamos dos quintos dos infernos, e não do “quinto” dos infernos, uma vez que (acho!) não estamos nos referindo aquele inferno que fica entre o quarto e o sexto inferno, muito menos à quinta parte do inferno…
Segundo o dicionário Houaiss, a expressão “ir ou mandar para os quintos” vem de “ir na nau dos quintos”, ou seja, ir degredado para o Brasil (a nau dos quintos era a que levava à metrópole o imposto de 20% sobre os metais preciosos). Por isso, “ir para os quintos” significava ser banido para esse lugar distante e desconhecido, que era o Brasil.
Acredite, “os quintos dos infernos” era o Brasil.
A DICA
Verbos – parte 20
VIAGEM ou VIAJEM?
VIAGEM é substantivo: “A VIAGEM foi ótima”.
VIAJEM é verbo (=presente do subjuntivo): “Quero que vocês VIAJEM amanhã.”

VIGENDO ou VIGINDO?
O gerúndio do verbo VIGER (=vigorar) é VIGENDO: “Este contrato ainda está
VIGENDO (=vigorando, valendo, dentro do prazo VIGENTE).

VIMOS ou VIEMOS?
VIMOS pode ser o passado do verbo VER ou o presente do verbo VIR:
“Ontem nós VIMOS o filme.” (=pretérito perfeito do indicativo do verbo VER);
“VIMOS, por meio desta, solicitar…” (=presente do indicativo do verbo VIR);
VIEMOS só pode ser o passado do verbo VIR:
“Ontem nós VIEMOS à reunião.” (=pretérito perfeito do indicativo do verbo VIR).

Tinha VIDO ou VINDO?
O particípio do verbo VIR é VINDO (igual ao gerúndio):
“Ele tinha VINDO de outra empresa.” (=particípio);
“Ele está VINDO para cá.” (=gerúndio).
Os verbos derivados (advir, convir, intervir, provir), consequentemente, deverão seguir o verbo primitivo: “Quando chegou a solicitação do presidente, o diretor já havia intervindo no caso”.
O DESAFIO

O que significa degredado?
a) quem sofreu degradação, destituído de graus, títulos ou funções,
rebaixado em sua condição moral, corrompido, degenerado;
b) desterrado, exilado, expatriado, banido;
c) quem (acusado, criminoso, refugiado) foi entregue a um governo estrangeiro que o exige em seu próprio país.

Resposta:
Letra (b). Degredado é quem foi condenado à pena de degredo (=exílio, desterro, banimento).
Degradado é “quem sofreu degradação, destituído de graus, títulos ou funções, rebaixado em sua condição moral, corrompido, degenerado”.
E extraditado é “quem (acusado, criminoso, refugiado) foi entregue a um governo estrangeiro que o exige em seu próprio país”.

DÚVIDA DO LEITOR
Ocorre crase em “a vista, a venda e a porta”?

Estamos diante de um caso bem polêmico. Nos três casos, a dúvida é se há ou não o artigo definido feminino.
Alguns partem do seguinte raciocínio: Se a compra é “a prazo”, deveria ser “a vista” sem o acento da crase, pois não haveria o artigo feminino.
Entretanto, há autores que defendem a crase para todas as locuções adverbiais femininas, incluindo aí o “à vista” e o “à venda”. Por uma questão até de clareza: “Vender a vista sem o acento da crase” pode parecer que está vendendo “o olho”. Assim sendo, muitos estudiosos defendem o uso do acento da crase para as locuções adverbiais femininas: a) à vista, à toa, às claras – de modo;
b) à noite, às vezes, às 14h – de tempo;
c) à porta, à mesa, à direita – de lugar.

 

Conheça o significado da palavra ‘palíndromo’

 

VOCÊ SABE…
…o que significa e de onde vem a palavra palíndromo?
Palíndromo, segundo o dicionário Houaiss, “diz-se de ou frase ou palavra que se pode ler, indiferentemente, da esquerda para direita ou vice-versa”: osso, Ana, radar, Renner, Roma é amor, orava o avaro, socorram-me subi no ônibus em Marrocos…
Palíndromo vem do grego: palin (=de novo, com repetição, em sentido inverso) + dromo (=caminho, curso, pista). Palindromia é “a reincidência ou agravamento de uma doença” e palinfrasia é “a repetição doentia das palavras ou frases”.
Na definição da Grande Enciclopédia Larousse Cultural, palíndromo se refere não só a palavras e frases como também a números: 121, 4554, 378873…
Para esse caso, o dicionário Houaiss nos apresenta a palavra capicua: “sequência de algarismos que permanece a mesma se lida na ordem direta ou inversa (exemplo: 13231)”. No dominó, é a pedra que pode ganhar o jogo porque se encaixa em qualquer uma das duas pontas. Capicua também pode ser o indivíduo sexualmente ativo e passivo. A origem mais provável de capicua seja capi (do latim caput = cabeça) + cu (=a parte traseira) + a.
Assim sendo, os anos de 1991, 2002 e 2112 são capicuas.
 
A DICA
Verbos – parte 19
Eu VALHO ou VALO?
O certo é VALHO.
A irregularidade do verbo VALER é apresentar “lh” na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, em todo o presente do subjuntivo:
PRESENTE DO INDICATIVO        PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Eu VALHO                                         que eu VALHA
Tu vales                                               que tu VALHAS
Ele vale                                                que ele VALHA
Nós valemos                                       que nós VALHAMOS
Vós valeis                                            que vós VALHAIS
Eles valem                                          que eles VALHAM
O verbo EQUIVALER segue o verbo VALER:
Que ele VALHA      -  “É necessário que isto se EQUIVALHA…”
 
Quando você VER ou VIR?
O certo é “quando você VIR o filme”.
O futuro do subjuntivo do verbo VER é VIR:
Quando eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.
O futuro do subjuntivo do verbo VIR é VIER:
Quando eu VIER, tu VIERES, ele VIER, nós VIERMOS, vós VIERDES, eles VIEREM.
O derivados do verbo VER (=antever, prever, rever…) seguem o verbo primitivo:
Eu vejo            – eu prevejo (=pres. ind.)
Ele vê              – ele prevê
Eles veem       – eles preveem
Eu vi                – eu previ (=pret. perf. ind.)
Ele viu             – ele previu
Eles viram      – eles previram
Se eu visse      – se eu previsse (=pret. imp. subj.)
Quando eu vir – quando eu previr (=fut. subj.)
Na linguagem coloquial, é frequente ouvirmos a frase: “Quando a gente se ver de novo…” O correto é: “Quando nós nos VIRMOS novamente…”
 
O DESAFIO
O que é um palimpsesto?
a)    papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi raspado, para dar lugar a outro;
b)    retorno à vida, renascimento, regeneração;
c)    distúrbio da fala devido à repetição constante e involuntária de palavras e frases.
Resposta:
Letra (a). Palimpsesto é “o papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi raspado, para dar lugar a outro” (=aquele que foi raspado duas vezes, que foi usado de novo).
Retorno à vida (renascimento, regeneração) é palingenesia; e o distúrbio da fala devido à repetição de palavras e frases é palilalia.
 
DÚVIDA DO LEITOR
A FORA ou AFORA?
AFORA deve ser escrito sempre junto:
a)    “para o lado de fora” = “Saiu porta afora”;
b)    “ao longo de” = “serviu-lhe pela vida afora”;
c)    “com exceção de” = “Afora este caso, o restante está correto”;
d)    “além de” = “Ela, afora ser bonita, é muito inteligente”
A FORA – Só escrevemos separadamente na expressão “de fora a fora” (=em toda a extensão): “Andou na fazenda de fora a fora”

Conheça a origem da palavra ‘carnaval’


 

VOCÊ SABE…
…qual é a origem do carnaval?
Vem da antiguidade. Era um período anual de festas profanas e hoje corresponde ao período de três dias, que sempre acaba na Quarta-Feira de Cinzas, às vésperas da Quaresma.
A palavra carnaval vem do latim carnem levare, que significa “abster-se, afastar-se da carne”.
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural: “…no latim medieval carnelevarium, carnilevaria, carnilevamem, véspera de Quarta-Feira de Cinzas, tempo em que se iniciava a abstinência da carne.”
É importante lembrar que o afastamento da carne é uma exigência da Quaresma.
Segundo o dicionário Houaiss: “…do latim clássico carnem levare (…) fixa-se no italiano carnevale (séc. XIV) e daí no francês carneval (1552) carnaval (1680), passando às demais línguas europeias ainda no século XVII.”
O primeiro elemento vem do latim caro, carnis (=carne), e o segundo elemento vem do verbo latino levare (=tirar, sustar, afastar). Há quem suponha que a segunda parte do vocábulo pertença ao domínio popular, do latim vale (=adeus); daí carnevale (=adeus à carne).
Resta uma dúvida: será que é por isso que a “carne” é tão valorizada durante o carnaval?

A DICA
Verbos – parte 18
TEM ou TÊM ou TEEM ou TÊEM?
TEEM e TÊEM não existem.
Ele TEM (=3ª pessoa do singular do presente do indicativo);
Eles TÊM (=3ª pessoa do plural do presente do indicativo).
Observação 1:
Os verbos TER e VIR seguem o mesmo esquema:
3ª pessoa do singular = ele tem – ele vem (=sem acento gráfico);
3ª pessoa do plural = eles têm – eles vêm (=com acento circunflexo).
Observação 2:
Os verbos derivados de TER (conter, manter…) e VIR (intervir, provir…) seguem o seguinte esquema:
3ª pessoa do singular = ele contém, mantém, obtém, intervém, provém (=com acento agudo);
3ª pessoa do plural = eles contêm, mantêm, obtêm, intervêm, provêm (=com acento circunflexo).
É importante lembrar que esta regra não foi alterada pelo novo acordo ortográfico.
TRUXE ou TROUXE ou TROUCE ou TROUSSE?
O certo é TROUXE.
Truxe, trouce e trousse não existem.
O pretérito perfeito do indicativo do verbo TRAZER é:
Eu trouxe, tu trouxeste, ele trouxe, nós trouxemos, vós trouxestes, eles trouxeram.
Observação:
TRAZER é infinitivo: “Calou-se para não nos TRAZER problemas.”
TROUXER é futuro do subjuntivo: “Se eu TROUXER, quando ele TROUXER…”

O DESAFIO
Que é abstêmio?
a)    quem se priva do uso de algumas coisas: fumo, drogas, sexo, carne, bebidas…
b)    renúncia do eleitor ao direito ou dever de votar;
c)    quem não ingere ou ingere muito pouco bebidas alcoólicas, moderado, sóbrio.
Resposta:
Letra (c). Abstêmio se refere unicamente a quem não bebe ou tenha parado de beber bebidas alcoólicas.
Para qualquer tipo de privação, o termo correto é abstinência.
E abstenção é a renúncia do eleitor ao direito ou dever de votar.

DÚVIDAS DOS LEITORES
1ª) FIM DE SEMANA ou FINAL DE SEMANA?
 Tanto faz. As duas formas são corretas e aceitáveis.
Há quem prefira FIM DE SEMANA, porque se opõe a “início de semana”. FINAL se opõe ao adjetivo INICIAL.
Como usamos FINAL FELIZ, e não “fim feliz”, dizer FINAL DE SEMANA também está correto.
2ª) RISCO DE VIDA ou RISCO DE MORTE?
Tanto faz.
Se o risco é de morrer, “risco de morte” está correto; mas falar “risco de vida” é a forma mais usada e consagrada. Nesse caso temos uma elipse: risco de perder a vida.

Conheça a origem da palavra ‘ruído

 

VOCÊ SABE…
…o que é ruído?
Ruído vem do latim rugitus (=rugido). É qualquer som indistinto, rumor, barulho, estrondo, estrépito…
Se você está achando meio óbvio o assunto da nossa coluna de hoje, dou-lhe total razão. Penso igualzinho.
Mas…você sabe qual é o conceito de ruído na teoria da comunicação?

Ruído é tudo aquilo que dificulta a comunicação e perturba a recepção ou compreensão da mensagem. Assim sendo, na teoria da comunicação ruído pode ser o barulho que impede o destinatário de ouvir o que se fala pelo telefone, mas pode ser também o uso de palavras pouco usuais ou desconhecidas.
Certa vez, afirmou o presidente de uma grande empresa: “A nossa organização ficará com a imagem obnubilada caso a assinatura do contrato seja mais uma vez procrastinada”.
Eu também acho. Se o presidente falou…

Frases mal construídas também podem criar mal-entendidos, como aquela loja que “só vendia roupas para homens de segunda mão”.
Leitor nos mandou a seguinte história. Parece piada, mas ele jura que é verdadeira:
“Um advogado de Porto Alegre viajou para Recife. Aproveitou o computador do hotel para mandar uma mensagem eletrônica para a esposa que só chegaria no dia seguinte. O endereço eletrônico saiu errado e a mensagem foi para a casa de um pastor que havia morrido no dia anterior. A viúva quase morreu ao ler a mensagem na tela:
Querida, acabei de chegar. Foi uma longa viagem. Aqui tudo é muito bonito. Uma paisagem verdadeiramente paradisíaca. Muitas árvores e jardins…Apesar de estar só há poucas horas, estou gostando muito. Falei com o pessoal e já está tudo programado para a tua chegada amanhã. Tenho a certeza de que também vais gostar!”
Se for verdade, isso não foi ruído. Foi estrondo mesmo!
A DICA
Verbos – parte 17
Que eu ROBE ou ROUBE?
O certo é ROUBE.
O verbo é ROUBAR (=sempre com a vogal “u”).
SABER ou SOUBER?

SABER é infinitivo: “Estude para você SABER mais.”
SOUBER é futuro do subjuntivo: “Se eu SOUBER…”, “Quando você
SOUBER…”
SAIA ou SAÍA?
SAIA (=sem acento agudo) é presente do subjuntivo: que eu SAIA;
SAÍA (=com acento agudo) é pretérito imperfeito do indicativo: antigamente eu SAÍA…
O mesmo se aplica ao verbo CAIR:
CAIA (=presente do subjuntivo);
CAÍA (=pretérito imperfeito do indicativo).
O DESAFIO
O que significa obnubilação?
a)    estado de perturbação da consciência, caracterizado por ofuscação da vista e obscurecimento do pensamento;
b)    pequeno donativo, esmola;
c)    destruição, eliminação, apagamento, extinção.
Resposta:
Letra (a). Obnubilar é “tornar(-se) obscuro, escurecer(-se)”. Vem do verbo latino obnubilare, que significava “cobrir com nuvem, escurecer, obscurecer”. Daí o céu nublado.
Óbolo é esmola; e obliteração é “destruição, eliminação, extinção”.

DÚVIDAS DOS LEITORES
1ª) SUPER PAI ou SUPER-PAI ou SUPERPAI?
Com os prefixos terminados em “R” (SUPER, HIPER e INTER), usamos hífen quando a palavra seguinte começa por “H” ou “R”: super-homem, super-herói, super-resistente, super-rápido, hiper-realismo, inter-regional, inter-helênico.
Com as demais letras, devemos escrever sem hífen, sempre junto: supermercado, superinteressante, supersábado, superlegal, SUPERPAI, hipermercado, hipertensão, interestadual, intermunicipal, internacional…
2ª) MEIA-NOITE ou MEIA NOITE?
MEIA-NOITE (com hífen) equivale à “0h”: “Só chegou à festa de aniversário do chefe à meia-noite”;
MEIA NOITE (sem hífen) significa metade de uma noite: “Era para ela ter trabalhado durante a noite inteira, mas só trabalhou meia noite”.

Conheça a origem da expressão ‘deixar para as calendas gregas’


 

VOCÊ SABE…
…que significa a expressão “deixar para as calendas gregas”? E de onde vem o “tear de Penélope”?
“Deixar para as calendas gregas” significa “deixar para uma data muito distante, é adiar a solução de alguma coisa para um tempo que nunca há de vir”. Calendas (daí o calendário) era o primeiro dia de cada mês no calendário romano. Não havia o termo calendas no calendário grego. Quando os romanos ironicamente falavam das “calendas gregas”, queriam referir-se a uma data que não existia. Adiar a solução de um problema para as calendas gregas é, portanto, deixar para o dia de “São Nunca”.
O “tear de Penélope” é o trabalho que precisamos recomeçar sempre, e que nunca acaba. A origem do “tear de Penélope” está na Odisseia, umas das famosas obras épicas de Homero, escritor grego. Penélope era a linda e fiel esposa do valente Ulisses. Após anos de ausência, muitos supunham que o herói estivesse morto. Em razão disso, os jovens príncipes de Ítaca acharam-se no direito de desejar a mão da bela Penélope. A sempre fiel esposa prometeu casar-se tão logo terminasse de tecer a mortalha do seu velho sogro Laertes. O problema é que Penélope tecia durante o dia e desfazia o trabalho à noite. Dessa forma o tempo passou sem que a obra chegasse ao fim. Assim fez Penélope até a volta de Ulisses.
Pelo visto, a nossa Penélope ficou tecendo, tecendo e deixou o casamento com os jovens pretendentes para as calendas gregas.
 
 
A DICA
Verbos – parte 16
QUIZ ou QUIS?
O certo é QUIS.
Nas formas do verbo QUERER, o som “zê” é sempre escrito com “s”: tu quiseste, ele quis, eles quiseram, se eu quisesse, quando eu quiser…
Observação:
QUISER é futuro do subjuntivo: quando eu quiser, se eu quiser…
QUERER é infinitivo: “Fez isso para eu querer sair.”
Ele REQUEREU ou REQUIS?
O certo é REQUEREU.
REQUERER não é derivado do verbo QUERER. REQUERER não é “querer de novo”:
Eu requeiro (=presente indicativo), que eu requeira (=presente do subjuntivo); no pretérito e no futuro, REQUERER é regular: eu requeri, tu requereste, ele REQUEREU, eles requereram (pretérito perfeito do indicativo); se eu requeresse (pretérito imperfeito do subjuntivo); quando ele requerer (futuro do subjuntivo)…
Nos tempos do passado e do futuro, o verbo REQUERER deve ser usado segundo o padrão dos verbos regulares da 2ª conjugação:
TEMER         VENDER       REQUERER
Pretérito Perfeito do Indicativo: ele         temeu            vendeu            requereu
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: ele  temesse        vendesse        requeresse
Futuro do Subjuntivo: quando ele           temer             vender             requerer
 
 
O DESAFIO
Que significa sinecura?
a)    sem data marcada;
b)    emprego rendoso que exige pouco trabalho;
c)    indispensável, essencial.
Resposta:
Letra (b). Segundo o dicionário Houaiss, sinecure, em inglês, significa na sua origem “benefício eclesiástico sem cuidado real de almas”. Por extensão, passou a significar “qualquer função ou situação que assegura uma remuneração sem que seja exigido trabalho ou responsabilidade real”. Sinecura entrou no português pelo francês sinécure, cargo ou emprego que não obriga a nenhuma função ou que necessita de pouco trabalho.
Adiar o evento sine die significa adiar o evento “sem data marcada”; e condição sine qua non é o indispensável, o essencial.
 
 
DÚVIDA DO LEITOR
Nosso leitor critica o uso do acento da crase: “…continuamos na mesma situação, andando à reboque deles, porque esse pacote não resolve o problema”; “…não precisam se desviar das bolinhas de frescobol, nem ver algum acampamento montado à beira-mar”.
O nosso leitor tem razão no primeiro caso. O uso do acento da crase em “a reboque” é absurdo. É impossível haver crase, pois reboque é um substantivo masculino. Temos apenas a preposição “a”.
Em “à beira-mar”, o uso do acento da crase está correto. Beira-mar é um substantivo feminino e a expressão “à beira-mar” é um adjunto adverbial de lugar. Corresponde a “…montado na praia” ou “no litoral”. Isso comprova a existência da preposição e do artigo definido feminino.

Você sabe de onde vêm o elefante branco e o bode expiatório?

 

VOCÊ SABE…  
…de onde vêm o elefante branco e o bode expiatório?
Um elefante branco é algo grandioso, com aparência magnífica, mas que cria muitos problemas ou provoca grandes prejuízos devido ao trabalho ou despesas que dá.
Dizem que na Tailândia havia uma prática antiga: toda vez que o rei queria arruinar um inimigo, dava-lhe um elefante branco. Por tratar-se de um animal sagrado, o presenteado não podia desfazer-se do elefante branco. É como diz o professor Antenor Nascentes no seu Tesouro da Fraseologia Brasileira: “…e a despesa com a manutenção bastava para comprometer as mais sólidas fortunas”.
Quanto ao bode, primeiro é importante observarmos que expiatório se escreve com “x”. Um bode expiatório não é, como alguns imaginam, um cara chato que anda espiando os outros. Não é um “bode espião”.
Expiatório vem do verbo expiar (=penar), e não de espiar (=espionar, olhar, observar). O tal bode expiatório é aquele que paga pelas culpas alheias, é quem pena pelos outros.
A origem é bíblica. Os hebreus tinham o costume de, anualmente, fazer uma festa para aplacar a ira divina. Um bode, após receber todas as maldições, era jogado no deserto. Sua função era expiar (=redimir, purificar) a culpa do povo. Daí o bode expiatório.
 
 
A DICA
Verbos – parte 15
Eu REAVEJO ou REAVENHO?
Nenhum dos dois.
O verbo REAVER é defectivo:
a)    no presente do indicativo, só há: nós REAVEMOS e vós REAVEIS;
b)    no presente do subjuntivo, nada;
c)    no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER: reouve, reavia, reouvera, reaverei, reaveria, reouvesse, reouver, reavendo, reavido…
Como não existem as formas “reavejo” e “reavenho”, a solução é “eu estou reavendo” ou substituir por um sinônimo: “eu recupero”.
 
REAVERAM ou REAVIRAM?
É a “famosa” dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.
O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER:
Ele houve                – ele REOUVE
Nós houvemos        – nós REOUVEMOS
Eles houveram        – eles REOUVERAM
Se eu houvesse      – se eu REOUVESSE
Quando ele houver – quando ele REOUVER
REAVER não é “ver de novo”. REAVER é “haver de novo”, por isso deve seguir o verbo HAVER.
 
 
 
O DESAFIO
Que significa bancarrota?
a)    quebra, falência ou insolvência;
b)    pobreza extrema, indigência, miséria;
c)    emigração, saída, retirada.
Resposta:
Letra (a) = bancarrota vem do italiano banca (=banco) + rotta (=quebrado). Quando alguém está na bancarrota é porque está na ruína, faliu, quebrou. Quem está na pobreza extrema (indigência, miséria) está na penúria; e emigração (saída, retirada) pode ser êxodo.
 
 
 
DÚVIDAS DO LEITOR
1ª) Leitor quer saber se, na linguagem popular do Brasil, uma das acepções de medrar é “ter medo”.
Meu caro leitor, como você bem sabe, o significado original de medrar é “fazer crescer, prosperar, progredir, desenvolver-se, melhorar”. No dicionário Aurélio, encontramos um célebre exemplo de Castro Alves: “Lá no solo onde o cardo apenas medra / Boceja a Esfinge colossal de pedra / Fitando o morno céu”.
É importante, entretanto, saber que tanto o dicionário Houaiss quanto o novíssimo Aurélio já registram o verbo medrar com a acepção de “ter medo”. No dicionário Houaiss, encontramos um típico exemplo da linguagem falada brasileira: “O time medrou diante do adversário”.
2ª) A BAIXO ou ABAIXO?
DEBAIXO ou DE BAIXO?
EMBAIXO ou EM BAIXO?
A BAIXO = só na expressão “de cima a baixo”: “Examinou tudo de cima a baixo”;
ABAIXO = nas demais situações: “Veio tudo abaixo”; “Posicionou-se abaixo de mim”;
DEBAIXO DE = quando estiver seguido da preposição DE: “Escondeu-se debaixo da mesa”;
DE BAIXO = nas demais situações: “Mora no andar de baixo”;
EMBAIXO (sempre junto) = DEBAIXO DE: “Escondeu-se embaixo da mesa”.
Existe “em baixa”: “O mercado de imóveis está em baixa”

Você sabe o que significa a expressão ‘pomo da discórdia’?

 

VOCÊ SABE…
…o que significa e qual é a origem da expressão “pomo da discórdia”?
Pomo da discórdia é a pessoa ou coisa que provoca uma desavença e sua origem está na mitologia grega.
Pomo foi uma maçã oferecida pela deusa Discórdia que gerou uma grande disputa.
Tudo começou com o nascimento de Páris, segundo filho de Príamo, rei de Troia. Devido à profecia de que Páris causaria a ruína da pátria, o rei mandou matar o próprio filho. Entretanto, atendendo aos apelos de Hécuba, a rainha, o pastor Agelus levou Páris para o monte Ida, onde o menino cresceu e tornou-se forte e belo como um deus do Olimpo.
Num belo dia, foi chamado para decidir uma difícil questão. Na festa de núpcias de Tétis e Peleu, todas as divindades estavam presentes, menos a deusa Discórdia, que não fora convidada. Irritada pela ofensa, a deusa apareceu repentinamente na hora do banquete, e jogou sobre a mesa uma maçã (= pomo, daí a palavra pomar) de ouro com a seguinte inscrição: “À mais bela”. As deusas Juno, Minerva e Vênus começaram a brigar pela maçã. Júpiter, o pai dos deuses, teve de intervir. Encarregou o deus Mercúrio de levar as rivais para Frígia e de submeter o caso a julgamento do primeiro mortal que fosse encontrado.
Adivinha quem foi? Páris, é claro.
Como de hábito (e péssimo exemplo para o futuro), cada deusa ofereceu algo valioso para que Páris lhe desse o julgamento favorável: Minerva prometeu-lhe sabedoria e glória; Juno, riqueza e o império da Ásia; e Vênus ofereceu a Páris o amor da belíssima Helena, esposa do rei grego Menelau.
Páris deu o pomo da Discórdia para Vênus. Ganhou, assim, o amor de Helena, e, com isso, deu origem à guerra que causou a ruína de Troia.
 
 
A DICA
Verbos – parte 14
PROVEJO ou PROVENHO?
PROVEJO é do verbo PROVER (=fornecer, abastecer);
PROVENHO é do ver PROVIR (=originar, vir de).
 
O verbo PROVIR segue o verbo VIR:
Eu venho            -  eu provenho
Ele vem              -  ele provém
Eles vêm            -  eles provêm
Nós vimos          -  nós provimos (=presente do indicativo)
Nós viemos        -  nós proviemos (=pretérito perfeito do indicativo)
Eu vim                -  eu provim
Ele veio              -  ele proveio
Eles vieram        -  eles provieram
Se eu viesse      -  se eu proviesse
Quando eu vier  -  quando eu provier
 
O verbo PROVER só segue o verbo VER nos tempos do presente:
Eu vejo               -  eu provejo
Ele vê                 -  ele provê
Eles veem          -  eles proveem
Que eu veja       -  que eu proveja
No pretérito e no futuro, é REGULAR:
Ele proveu, eles proveram (=pretérito perfeito do indicativo);
Se eu provesse (=pretérito imperfeito do subjuntivo);
Quando eu prover (=futuro do subjuntivo);
Eu proverei (=futuro do presente do indicativo);
Eu proveria (=futuro do pretérito do indicativo).
 
 
O DESAFIO
Que significa peremptório?
a)    Tudo que for perene, eterno, imortal;
b)    Algo totalmente verdadeiro;
c)    O que é decisivo, categórico.
Resposta:
Letra (c) = ser peremptório é apresentar uma decisão categórica. Peremptório é o que perime. Perimir é “pôr fim a, extinguir”.
 
 
 
DÚVIDA DO LEITOR
Leitor nos escreve: “A apresentadora do programa perguntou: ‘Você tem uma descendência literária de peso, não?’ O entrevistado respondeu: ‘É verdade, Alceu Amoroso Lima era meu bisavô.’ Não seria o caso de ascendência?”
Hoje em dia, muita gente boa confunde ascendência com descendência. Ascendência vem de ascender, que significa subir; e descendência vem de descender, descer. Assim sendo, meus pais, avós, bisavós… são meus ascendentes. Meu filho e futuros netos são meus descendentes.
A nossa leitora, portanto, tem razão. Se o entrevistado é bisneto (descendente) de Alceu Amoroso Lima, ele tem uma ascendência (bisavô) literária de peso.

O certo é ‘eu me precavenho’ ou ‘eu me precavejo’? Veja essa e outras dúvidas de português

 

VOCÊ SABE…
…o que é lugar-comum?
Se você imaginou que era um lugar comum, enganou-se. Quero falar do lugar-comum, com hífen. Trata-se daquela expressão batida e tão repetida que já perdeu a graça. É o mesmo que chavão ou clichê.
Vejamos alguns exemplos encontrados com alguma frequência em nosso meio jornalístico:
1)    O agente da lei teve que invadir a aeronave.
2)    Ao apagar das luzes, o Palmeiras conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória.
3)    O Chefe do Executivo respondeu em alto e bom som.
4)    Via de regra, esse tipo de notícia estoura como uma bomba no congresso nacional.
5)    É preciso aparar as arestas e chegar a um denominador comum.
6)    Foi dar o último adeus ao amigo, e foi obrigado a dizer cobras e lagartos para o administrador do cemitério.
7)    Sua explicação deixou a desejar.
8)    Nada vai empanar o brilho da sua conquista.
9)    Sua contratação veio preencher uma lacuna.
10) Vamos encerrar com chave de ouro.
11) O atacante estava completamente impedido.
12) O todo-poderoso Manchester United perdeu para um desconhecido clube da terceira divisão.
13) A festa não tem hora para acabar, mas amanhã o carioca volta à dura realidade.
14) São imagens impressionantes que nos deixam uma lição de vida.
15) Mas nem só de shows vive a cantora.
16) Muitos finalmente poderão realizar o sonho da casa própria.
17) Resta saber, se o governo vai pôr a ideia em prática.
18) Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o saguão numa verdadeira praça de guerra.
19) E o cidadão tupiniquim continua sua via crúcis.
20) A fúria da natureza deixou um rastro de destruição.
21) As ruas viraram verdadeiros rios e o barco era o único meio de transporte.
22) O artista foi recepcionado por um batalhão de repórteres e cinegrafistas.
23) A ousadia dos traficantes não tem limites.
24) Para você ter uma ideia, eram 20 quilos de cocaína pura.
25) Cinco times ainda lutam para fugir do fantasma do rebaixamento.
26) O estádio virou um verdadeiro caldeirão.
27) Conseguiu carimbar o passaporte para as Olimpíadas.
28) O jogo está eletrizante.
29) O trânsito está complicado.
30) As eleições estão literalmente pegando fogo.
 
 
A DICA
Verbos – parte 13
Eu me PRECAVENHO ou PRECAVEJO?
Nenhum dos dois.
O verbo PRECAVER-SE é defectivo:
a)    no presente do indicativo, só apresenta PRECAVEMOS e PRECAVEIS;
b)    no presente do subjuntivo, nada;
c)    o pretérito e o futuro são regulares (ele se PRECAVEU, ele se PRECAVERÁ).
Se as formas “precavejo” e “precavenho” não existem, a solução é “estou me precavendo” ou substituir por sinônimo (=”eu me previno”, “eu tomo cuidado”…)
 
 
O DESAFIO
Que é um monegasco?
a)    quem nasce em Mônaco;
b)    homem ou mulher que só tem um cônjuge;
c)    relativo aos monges.
Resposta:
Letra (a). Monegasco é o natural ou habitante de Mônaco.
Quem só tem um cônjuge é monogâmico ou monógamo.
Monacal ou monástico é relativo aos monges.
 
 
DÚVIDA DO LEITOR
Leitor apresenta versão diferente do dicionário Houaiss para a origem da palavra pindaíba: “Vem do tupi-guarani pindá (anzol) e yba (vara), formando-se no português para designar a vara de pescar. Pindaíba, no sentido de pobreza absoluta, origina-se do seguinte fato: o índio vivia principalmente da pesca. Quando o anzol e a vara não o ajudavam, ele ficava sem os peixes, ou seja, na miséria, sem recursos, sem seu principal meio de subsistência.”

     
 


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