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30 de junho de 2015

Essa nossa língua!!!!!

Como esta pergunta trata de Cultura, ninguém fique espantado se um dia em terras lusas ouvir alguém dizer com a maior naturalidade: “O Manuel foi à farmácia tomar uma pica no ccu”, e que no Brasil seria: “O Mané foi à farmácia tomar uma injeção nas nádegas”. Bem, em conversas coloquiais, ao referir-se à “perseguida” ninguém diz “vulva”, preferindo o termo “bboceta” (ê) (em latim, diminutivo de “buxis”, significando “caixinha”). Já em Portugal, BBoceta de Pandora significa “a origem de todos os males”, com base na mitologia, e também antigo significado de “bolsa pequena”. Particularmente, o apelido familiar de “piririca” parece mais suave pois em Geografia é nome tupi de pequena cachoeira. Na mitologia, Pandora, criada pelos deuses para castigar o desafio de Prometeu, foi responsável pela vinda do mal sobre a Terra. Criada por Zeus para castigar Prometeu, deus da estirpe dos titãs, que roubou o fogo dos céus e entregou aos mortais, a versão mais conhecida da lenda de Pandora é relatada no século VIII a.C. pelo poeta Hesíodo, na sua Teogonia: Zeus decidiu vingar-se e ordenou a Vulcano, que modelasse com terra uma mulher de extrema beleza, à qual os deuses do Olimpo concederam presentes e qualidades excepcionais. Atena ensinou-lhe as artes do sexo feminino e Afrodite os encantos da beleza. Hermes concedeu-lhe o dom da palavra insinuante e as Graças cobriram-na de jóias raras. Por isso foi chamada de Pandora (em grego, “portadora de todos os dons”). Zeus encarregou-a então de entregar a Prometeu (em grego, “o previdente”), uma caixa fechada, mas este resistiu aos encantos de Pandora e recusou-se a abrir o presente. Apesar das advertências de Prometeu, seu irmão Epimeteu (em grego, “o que reflete tardiamente”) ficou fascinado com a beleza de Pandora e tomou-a por esposa. Depois, pediu-lhe que abrisse a caixa, da qual escaparam todos os males e desventuras que desde então afligem os humanos. Arrependido, Epimeteu tentou fechar a caixa, mas conseguiu apenas nela encerrar a esperança, que seria o consolo da humanidade. Zeus não perdoou Prometeu por ter escapado à armadilha e o acorrentou ao Cáucaso, para que um abutre eternamente lhe devorasse o fígado. A expressão “caixa de Pandora” (em Portugal, “bboceta de Pandora”), é empregada como sinônimo de tudo que, sob aparência de encanto, é fonte de males e desgraças. Só de curiosidade, num trecho do livro “Lisboa Galante” o sensível escritor José Valentim FIALHO DE ALMEIDA (1857/1911) descreve raparigas locais...“com suas bbocetas atochadas de pastilhas e docinhos perfumados...”! Romântico, não? Só não entendi a censura para a palavra bbuceta, que tive que dobrar a letra "b", para eliminar as estrelinhas (******), e não para a palavra embucetar. Quanto aos fanáticos religiosos e falsos moralistas de plantão, entendam que o conhecimento e a Cultura expandem os espíritos, não os limitando ao seu mundinho mesquinho e particular.

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