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19 de setembro de 2018

Concordância verbal

A liberdade e o consumo
Quantos morreram pela liberdade de sua pátria? Quantos foram presos ou espancados pela liberdade de dizer o que pensam? Quantos lutaram pela libertação dos escravos?
No plano intelectual, o tema da liberdade ocupa as melhores cabeças, desde Platão e Sócrates, passando por Santo Agostinho, Spinoza, Locke, Hobbes, Hegel, Kant, Stuart Mill, Tolstoi e muitos outros. Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado? Como as liberdades essenciais se transformam em direitos do cidadão? Essas questões puseram em choque os melhores neurônios da filosofia, mas não foram as únicas a galvanizar controvérsias.
Mas vivemos hoje em uma sociedade em que a maioria já não sofre agressões a essas liberdades tão vitais, cuja conquista ou reconquista desencadeou descomunais energias físicas e intelectuais. Nosso apetite pela liberdade se aburguesou. Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da sociedade de consumo.
O que é percebido como liberdade para um pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que quer, vive sob o manto da lei (ainda que capenga) e tem direito de mover-se livremente?
O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado. Em que pesem as angustiantes restrições do contracheque, são as prateleiras abundantemente supridas que satisfazem a liberdade do consumo (não faz muitas décadas, nas prateleiras dos nossos armazéns ora faltava manteiga, ora leite, ora feijão). Não houve ideal comunista que resistisse às tentações do supermercado. Logo depois da queda do Muro de Berlim, comer uma banana virou ícone da liberdade no Leste Europeu.
A segunda liberdade moderna é o transporte próprio. BMW ou bicicleta, o que conta é a sensação de poder sentar-se ao veículo e resolver em que direção partir. Podemos até não ir a lugar algum, mas é gostoso saber que há um veículo parado à porta, concedendo permanentemente a liberdade de ir, seja aonde for. Alguém já disse que a Vespa e a Lambretta tiraram o fervor revolucionário que poderia ter levado a Itália ao comunismo.
A terceira liberdade é a televisão. É a janela para o mundo. É a liberdade de escolher os canais (restritos em países totalitários), de ver um programa imbecil ou um jogo, ou estar tão perto das notícias quanto um presidente da República – que nos momentos dramáticos pode assistir às mesmas cenas pela CNN. É estar próximo de reis, heróis, criminosos, superatletas ou cafajestes metamorfoseados em apresentadores de TV.
Uma ”liberdade” recente é o telefone celular. É o gostinho todo especial de ser capaz de falar com qualquer pessoa, em qualquer momento, onde quer que se esteja. Importante? Para algumas pessoas, é uma revolução no cotidiano e na profissão. Para outras, é apenas o prazer de saber que a distância não mais cerceia a comunicação, por boba que seja.
Há ainda uma última liberdade, mais nova: a internet e o correio eletrônico. É um correio sem as peripécias e demoras do carteiro, instantâneo, sem remorsos pelo tamanho da mensagem (que se dane o destinatário do nosso attachment megabáitico) e que está a nosso dispor, onde quer que estejamos. E acoplado a ele vem a web, com sua cacofonia de informações, excessivas e desencontradas, onde se compra e vende, consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.
Causa certo desconforto intelectual ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana. Mas assim é a nossa natureza, só nos preocupamos com o que não temos ou com o que está ameaçado. Se há um consolo nisso, ele está no saber que a preeminência de nossas liberdades consumistas marca a vitória de havermos conquistado as outras liberdades, mais vitais. Mas, infelizmente, deleitar-se com a alienação do consumismo está fora do horizonte de muitos. E, se o filósofo Joãozinho Trinta tem razão, não é por desdenhar os luxos, mas por não poder desfrutá-los.
Cláudio de Moura Castro
1- O primeiro parágrafo do texto apresenta:
a) uma série de perguntas que são respondidas no desenrolar do texto;
b) uma estrutura que procura destacar os itens básicos do tema discutido no texto;
c) um questionamento que pretende despertar o interesse do leitor pelas respostas;
d) um conjunto de perguntas retóricas, ou seja, que não necessitam de respostas;
e) umas questões que pretendem realçar o valor histórico de alguns heróis nacionais.
2- O item abaixo que indica corretamente o significado da palavra em maiúsculas no texto é:
a) ”…mas não foram as únicas a GALVANIZAR controvérsias.” – discutir;
b) ”…comer uma banana virou um ÍCONE da liberdade no Leste europeu.”- fantasia;
c) ”…consomem-se filosofia e pornografia, arte e EMPULHAÇÃO.”; grosseria;
d) ”…cafajestes METAMORFOSEADOS em apresentadores de TV.” – desfigurados;
e) ”…que a distância não mais CERCEIA a comunicação…”- impede.
3- ”Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado?”; nesse segmento do texto, o autor afirma que:
a) o Estado age obrigatoriamente contra a liberdade;
b) é impossível haver liberdade e governo ditatorial;
c) ainda não se chegou a unir os cidadãos e o governo;
d) cidadãos e governo devem trabalhar juntos pela liberdade;
e) o Estado é o responsável pela liberdade da população.
4- ”O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado. Em que pesem as angustiantes restrições do contracheque, são as prateleiras abundantemente supridas que satisfazem a liberdade do consumo…”; o segmento destacado corresponde semanticamente a:
a) as despesas do supermercado são muito pesadas no orçamento doméstico;
b) os salários não permitem que se compre tudo o que se deseja;
c) as limitações de crédito impedem que se compre o necessário;
d) a inflação prejudica o acesso da população aos bens de consumo;
e) a satisfação de comprar só é permitida após o recebimento do salário.
5- O item em que NÃO está presente uma crítica do jornalista é:
a) “Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da sociedade de consumo.”
b) “…vive sob o manto da lei (ainda que capenga)…”
c) “…de ver um programa imbecil ou um jogo,…”
d) “…consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.”
e) “O primeiro templo da sociedade burguesa é o supermercado…”
6- Observe a frase ”Não houve ideal comunista que resistisse às tentações…”. Se colocássemos ideal no plural, quantas outras palavras sofreriam alteração?
a) uma
b) duas
c) três
d) quatro
e) nenhuma
7- “Os esgotos ………. grandes causadores de poluição, pois ao não receberem o tratamento adequado, liberam à natureza diversos poluentes que ………. a deterioração dos rios, lagos e oceanos. É no esgoto, também, que se ………. bactérias, vírus e larvas de parasitas, considerados nocivos.”
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, no que se refere à concordância verbal, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
a) são considerado – provoca – encontram
b) é considerado – provoca – encontram
c) são considerados – provocam – encontram
d) são considerados – provoca – encontra
e) é considerado – provocam – encontra
8- Indique a opção correta:
a) Os Alpes é a maior cordilheira da Europa.
b) Ainda haviam pedaços de granizo na serra gaúcha.
c) Faz muitos anos que o IBGE não vem aqui.
d) Bateu três horas no relógio da escola.
e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
9- Assinale a frase em que há erro de concordância verbal:
a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
b) Não haviam dúvidas sobre a necessidade da imigração.
c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada.
d) Há problemas nos seus documentos.
e) Mais de um aluno daquela turma foi reprovado.
10- A concordância do verbo está correta em:
a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chegaram.
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, ninguém foram demitidos.
c) Haviam muitas ciladas em seu caminho.
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão.
e) Vossa Excelência enganastes vossos eleitores.
11- “É provável que ……. vagas na academia, mas não ……. pessoas interessadas: são muitas as formalidades a ……. cumpridas.”
a) hajam – existem – ser
b) hajam – existe – ser
c) haja – existem – serem
d) haja – existe – ser
e) hajam – existem – serem
12- Indique a alternativa correta:
a) Tratavam-se de questões fundamentais.
b) Comprou-se terrenos no subúrbio.
c) Precisam-se de datilógrafas.
d) Reformam-se ternos.
e) Aqui, se obedecem aos severos regulamentos.
13- Indique a alternativa correta:
a) Filmes, novelas, boas conversas, nada o tiravam da apatia.
b) É cinco horas da tarde.
c) Da cidade à praia é dois quilômetros
d) Vossa Senhoria fará uma bela viagem.
e) O fazendeiro com os peões levantou a cerca.
14- “A apuração dos dois crimes ………… até que se ………… provas decisivas.”
a) vai continuar, encontrem
b) vão continuar, encontre
c) vai continuarem, encontrem
d) vai continuar, encontrarem
e) vai continuando, encontrassem
15- “Já ………. anos, ………. neste local árvores e flores. Hoje, só ………. ervas daninhas.”
a) fazem, haviam, existe
b) fazem, havia, existe
c) fazem, haviam, existem
d) faz, havia, existem
e) faz, havia, existe
16- A alternativa aceitável é:
a) Mais de cem interessados na vaga enviaram currículo.
b) Precisa-se de motoristas experientes.
c) Canoas localizam-se no Rio Grande do Sul.
d) Telefone, computador, fax, tudo auxilia o homem.
e) Os Lusíadas tornaram Camões famoso.
17- “Além disso, as regras de como devemos nos comportar sexualmente prevalecem em todos os discursos, o que se torna uma questão velada de repressão.” O verbo prevalecer concorda com o termo:
a) as regras
b) nos
c) os discursos
d) uma questão
e) devemos
18- A alternativa onde a concordância está equivocada é:
a) Consertam-se televisores.
b) Precisa-se de técnicos em eletrônica.
c) Os pais, os avós, os vizinhos, ninguém percebeu a criança saindo.
d) Eu e você compraremos os ingressos amanhã.
e) Algum de vós conseguireis a bolsa de estudo?
19- Assinale a alternativa em que a concordância ficaria incorreta se o verbo destacado fosse colocado no plural.
a) Já chegou o palestrante e seu assistente.
b) Uma manada escapou das jaulas.
c) Não foram nós quem decidiu a data do jogo.
d) A maioria das questões apresentava dificuldades.
e) A alegria e o contentamento marcou sua vida.
20- Observe:
I – Os Estados Unidos não divulgou a notícia.
II – Não fomos nós que atrapalhamos a reunião.
III – Os Sertões reconstitui a trágica história de Canudos.
IV – O aluno, o professor, funcionário, ninguém viu o diretor.
Estão corretas:
a) apenas I
b) I, II
c) I, III, IV
d) II, III, IV
e) todas
Gabarito: 
1- D
2- E
3- A
4- B
5- E
6- B
7- C
8- C
9- B
10- D
11- C
12- D
13- D
14- A
15- D
16- C
17- A
18- E
19- B
20- D

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