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3 de janeiro de 2010

Textos Base Para Futuros Temas de Redação

Futebol e Violência

Torcer ou fazer parte de uma torcida de futebol pode ser uma atividade saudável, positiva. Reunir-se com amigos no estádio é um importante evento na socialização. Por que então vemos tantos casos de fanatismo que culminam em atos de violência extrema? Isso não é somente amor ao time. A resposta pode estar no narcisismo coletivo.
O narcisismo ocorre quando o indivíduo é objeto de amor de si mesmo. Até certo ponto, isso tem seu lado positivo. É importante para a pessoa se constituir e desenvolver autoconfiança. Mas quando há sofrimento físico ou psíquico, a pessoa se volta para dentro dela mesma de maneira extrema - e, entre outros prejuízos, terá uma ideia de si que não corresponde à realidade e não conseguirá relacionar-se com os outros.
Se continuar fechada em si mesma, ela não vai incorporar modelos e referências para desenvolver um conjunto de princípios e valores morais que considera ideais - "o ideal do eu". Sem esse ideal bem desenvolvido, ela se torna mais suscetível a influências externas, e é facilmente seduzida por ideais coletivos - um time de futebol ou a pátria, aliás, patriotismo exarcebado e nazismo são exemplos de narcisismo coletivo.
Por isso vemos manifestações desmesuradas de paixão pelo time, algumas belas, mas também momentos de violência extremos, que podem chegar ao assassinato. Tanto um quanto o outro satisfazem desejos narcisistas, representados por um objetivo coletivo. O indivíduo se identifica tanto que toma as dores do time para si - uma ofensa ou uma derrota tomam caráter pessoal.
Essa situação não permite ao torcedor perceber sua condição. Ele não aceita críticas. Não questiona se sua relação com seu clube é real ou passou a apoiá-lo por influência da propaganda ou da pressão de algum grupo. Ele só sabe que "ama" aquele time. Pode haver motivos de identificação com um time por sua história, por sua imagem, o que poderia levar o indivíduo para além de uma escolha narcisista, mas essa não parece ser a regra.Uma forma de combater as ações irracionais cometidas em nome desse amor desmesurado é refletir sobre a condição da idolatria pelo clube. Assim podemos tentar evitar a criação de inimigos imaginários, a torcida oposta, e a adoração irracional de entidades coletivas. Roberto R. Hryniewicz - autor da dissertação de mestrado"Torcida de futebol, adesão, alienação e violência. - José Leon Crochik - professor de psicologia da USP.

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