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12 de outubro de 2014

Tema de redação - para treinar


Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Texto I
Ao ler-se em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a 
nomenclatura “cigano” significa “aquele que trapaceia, velhaco”, entre outras 
coisas do gênero, ainda que deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, 
ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, 
fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação.
Cléber Eustáquio Neves, procurador
Texto II
Agora há novamente paladinos da sociedade perfeita, o que lá seja isso, que 
querem censurar dicionários. De vez em quando, aparece um desses. Censurar 
a lexicografia é uma curiosa inovação. Dicionário é um trabalho lexicográfico, 
não uma peça normativa. O lexicógrafo não concorda ou discorda do uso de 
uma palavra ou expressão qualquer. Obedecendo a critérios tão objetivos e 
neutros quanto possível, constata o uso dessa palavra ou expressão e tem a 
obrigação de registrá-la. Eliminar do dicionário uma palavra lexicograficamente 
legítima não só é uma violência despótica, como uma inutilidade, pois a palavra 
sobreviverá, se tiver funcionalidade na língua, para que segmento seja.
João Ubaldo Ribeiro, escritor
Texto III
O Ministério Público entendeu que houve racismo nos itens 5 e 6 do verbete 
“cigano” e, por isso, entrou com uma Ação Civil Pública contra a Editora 
Objetiva, que publica o Dicionário Houaiss, e contra o Instituto Antônio 
Houaiss. O MPF espera conseguir na justiça uma indenização por dano moral 
coletivo e a retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição 
das edições do dicionário que apresentem as expressões que depreciam os 
ciganos. A significação atribuída pelo Houaiss aos ciganos violaria o artigo 
20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo.
Adaptado do portal de notícias newsrondonia.com.br
Texto IV
Quando a gente pensa que já viu tudo, não viu. Faz algum tempo, dentro do 
horroroso politicamente correto que me parece tão incorreto, resolveram castrar, 
limpar, arrumar livros de Monteiro Lobato, acusando-o de preconceito racial, 
pois criou entre outras a deliciosa personagem da cozinheira Tia Nastácia. 
[...] Se formos atrás disso, boa parte da literatura mundial deve ser deletada 
ou “arrumada”. Primeiro, vamos deletar a palavra “negro” quando se refere a 
raça e pessoas, embora tenhamos uma banda Raça Negra, grupos de Teatro 
Negro e incontáveis oficinas, açougues, borracharias “do Negrão”, como “do 
Alemão”, “do Portuga” ou “do Turco”. Vamos deletar as palavras. Quem sabe, 
vamos ficar mudos, porque ao mal-humorado essencial, e de alma pequena, 
qualquer uma pode ser motivo de escândalo.
Lya Luft, escritora

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