- Artista elogia uso de trecho de "Até quando?" em enunciado: "Acho bom que provas como Enem discutam temas atuais"
- Segundo o cantor, a letra "tem sido usada como grito de guerra em muitos protestos"
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RIO - O cantor Gabriel O Pensador não ficou surpreso ao saber que sua música "Até quando?", de 2001, foi utilizada na prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2013. A questão trouxe o trecho inicial da canção e, depois, pediu ao candidato para responder que qualidade as escolhas linguísticas do autor conferem ao texto. Havia cinco opções de resposta. O gabarito oficial do MEC será publicado até quarta-feira, mas, na opinião do artista, que está em Montevideo, onde fez seu primeiro show no Uruguai, só errou quem escolheu a letra "A".
- Acho bom que usem minhas letras em provas, e isso acontece há muito tempo. Sempre recebo pedidos de autorização para reprodução em livros didáticos. Gosto que as letras sirvam de material para aulas, desde interpretação até filosofia, sociologia e outras. Acho bom que provas de alcance como a do Enem discutam temas atuais - escreveu Gabriel por e-mail ao GLOBO. - Fiquei feliz quando escolheram o racismo como tema da redação no vestibular da PUC-Rio, quando concorri a uma vaga para Comunicação Social, com o desejo de virar jornalista. Passei em sexto lugar, mas um ano e pouco depois consegui um contrato pra gravar meu primeiro disco e não deu pra continuar a faculdade.
A questão trazia os primeiros versos da música: "Não adianta olhar pro céu/ Com muita fé e pouca luta/ Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer/ E muita greve, você pode, você deve, pode crer/ Não adianta olhar pro chão/ Virar a cara pra não ver...". Depois, vinham as alternativas perguntando qual a qualidade principal do trecho: Caráter atual, pelo uso da linguagem própria da internet (A); Cunho apelativo, pela predominância de linguagens metafóricas (B); Tom de diálogo, pela recorrência de gírias (C); Espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial (D) e Originalidade, pela concisão da linguagem (E).
- A única que não combina com a letra é a alternativa "A". Por mim todos que marcaram qualquer uma de "B" a "E" levariam nota boa! (risos) - disse o músico, que falou sobre o cunho político de "Até quando?". - A mensagem é de reação, de coragem, de vontade de mudar. Foi escrita pensando em motivar as pessoas no caminho de reações coletivas no exercício da cidadania, e tem sido usada como grito de guerra em protestos. Fiquei feliz ao ver o Brasil indo pras ruas esse ano, e a letra dessa música na boca e nas redes sociais da galera, em montagens e fotos.
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