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27 de outubro de 2013

Dicas finais de um outro professor sobre a redação do ENEM

 
SEM DESESPERO
Um dos maiores medos de boa parte dos candidatos no Enem é não saber escrever sobre o tema proposto. O professor Rafael Cunha fez questão de acalmar a plateia. “Eu prometo que a chance de você não ter o que falar sobre o tema da redação é nenhuma. Pode me cobrar depois, pelo Facebook”, disse ele. “A prova pede conhecimentos gerais, que qualquer pessoa ao fim do ensino médio tem. Respire fundo e pense ‘o que eu sei sobre isso?’”. Rafael Pinna acrescentou que os temas sugeridos são amplos e exigem reflexões simples, mas é importante ler com atenção e entender o enunciado.
SENSO CRÍTICO
De acordo com Pinna, a prova do Enem é feita pelo governo federal para avaliar se o estudante entende a realidade em que vive e sua capacidade de propor soluções. “O candidato deve ler o enunciado e os textos de apoio com senso crítico, buscando identificar um problema para, em seguida, apresentar uma solução”. Na redação do ano passado, por exemplo, o assunto foram os movimentos migratórios para o Brasil. Segundo o professor, não adiantaria o aluno abordar simplesmente aspectos positivos da chegada de estrangeiros para o Brasil. “É preciso problematizar”. Ele ilustrou sua afirmação com um texto que recebeu nota 1000 em 2012. Na redação, o aluno mostrou que o país não tem infraestrutura para acomodar todos os imigrantes no mercado de trabalho formal e que seria preciso investir na criação de emprego e na educação desses estrangeiros.
CORPO DO TEXTO
Segundo os professores, toda redação do Enem deve ter introdução, na qual o aspirante ao ensino superior mostra que entendeu o tema e propõe uma tese própria; parágrafos de desenvolvimento e uma conclusão, que deve, obrigatoriamente, trazer uma solução para o problema identificado. Esta última é o que o MEC chama de proposta de intervenção. “A proposta de intervenção é muito importante para uma boa nota. Ninguém deve reinventar a roda, mas é preciso detalhar sua sugestão. Se for muito superficial, perde pontos”, esclareceu Rafael Cunha. “Além disso, a solução deve estar ligada à tese proposta e ao desenvolvimento”.
NÃO DEIXE POR ÚLTIMO
Os estudantes devem, ao longo de toda a prova, ficar ligados no passar das horas. A redação é aplicada no segundo dia do exame, junto com 90 questões de múltipla escolha, de linguagens e matemática. O candidato tem de 13h a 18h30 para fazer tudo. A produção do texto deve tomar cerca de 60 minutos, para não atrapalhar o resto. “Jamais deixem a redação por último. É melhor faltar tempo para as questões de múltipla escolha, porque no último minuto você pode chutar e ter chance de acertar. Com a redação não é assim”, aconselhou o professor Cunha.
TAMANHO DA DISSERTAÇÃO
A redação do Enem deve ter no máximo 30 linhas, contando com o título. Menos de oito linhas significa nota zero. Parágrafos muito curtos deixam impressão de superficialidade. O ideal, segundo eles, são quatro ou cinco parágrafos de seis a oito linhas. “Parágrafos de 12 linhas não são legais, fica chato de ler”, comentou Pinna.
APRESENTAÇÃO
Os corretores avaliam a prova lendo o texto no computador, por uma intranet. A letra do candidato não precisa ser bonita, mas deve ser legível. Além disso, é importante evitar rasuras muito grandes. “Utilizem a folha de rascunho primeiro. Se, mesmo assim, errar, faça um risco horizontal para deixar claro o engano. Mas evite rabiscar demais a palavra, para não deixar sua redação cheia de borrões”, disse Pinna, que já foi corretor da prova, em 2009. “Os corretores avaliam cem textos por dia. A redação tem que estar apresentável”.
É BOM CITAR AUTORES?
De acordo com Pinna e Cunha, qualquer citação deve estar associada ao texto. “Tem gente que decora uma frase e cisma de escrever, mesmo que não seja pertinente. A gente não pode ser pedante. Além disso, a sua citação deve estar sempre acompanhada do nome do autor, escrito corretamente, claro”, alertou o professor Pinna.
NOTA ZERO PARA DEBOCHES
O governo fez alguns ajustes este ano. Depois que candidatos tiraram notas acima da média fazendo ironias claras no texto em 2012 (um estudante chegou a escrever uma receita de miojo na redação), o MEC decidiu que esse tipo de deboche será punido com nota zero. “São tentativas de desmoralizar o exame. Não havia previsão para esse problema e, por isso, os corretores ignoravam”, disse Pinna.


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