Estrutura clássica
Enquanto o vestibular da UFPR prioriza a capacidade de síntese e cobra o domínio de diferentes estilos textuais, a redação do Enem pede uma produção dissertativa. Nesse tipo de texto, o caminho mais seguro é usar uma estrutura clássica.
Introdução
Apresente o problema que tratará no desenvolvimento. Para isso, você pode descrever uma cena cotidiana relacionada ao assunto ou citar uma notícia de jornal para entrar no tema. Aqui vale até dar pistas da solução que pretende dar, mas não a exponha completamente.
Desenvolvimento
É onde o avaliador buscará argumentos. Preocupe-se em explicar por que determinado assunto é relevante e qual o problema a ser resolvido. Os textos que precedem o enunciado da redação tendem a ajudar o candidato nessa compreensão e trechos deles podem ser usados para construir o desenvolvimento. Em seguida, diga o que pode ser feito para solucionar a situação. Fuja de propostas genéricas ou fantasiosas demais. Quanto mais concreta for a sua sugestão, melhor. Lembre-se de citar os agentes da mudança sugerida. Evite termos como “as pessoas” ou o “o governo”, que deixam a informação vaga.
Conclusão
É hora de dar ao texto um tom de encerramento. Mesmo que as soluções já tenham sido apresentadas, você pode retomá-las de forma resumida, vinculando-as diretamente ao caso citado na introdução. A conclusão existe justamente para que o texto não encerre bruscamente, deixando no leitor a sensação de que faltou algo. Portanto, se algo ficou sem muita conexão, use a conclusão para “amarrar” o que faltou.
Título
Seja criativo e fuja do óbvio. Aposte em jogos de palavras ou aproveite algo do caso factual que usará como gancho na introdução. Um bom título anima o leitor a ir adiante. Um título idêntico ao de vários outros textos desanima qualquer avaliador.
Tempo
O tempo ideal a ser investido na produção da redação gira entre 50 minutos e 1h10. “Mais do que isso compromete seriamente o desempenho do aluno nas outras questões”. Outra dica é começar o exame pela redação, já que ela tende a ser a principal fonte de pontuação.
Diferentemente do que é cobrado na prova de redação de muitos vestibulares, o texto que o estudante precisa produzir no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não exige conhecimento aprofundado sobre algum fato recente, como os protestos que tomaram conta do país desde junho. Segundo professores de Redação ouvidos pelo Vida na Universidade, a proposta do Enem prioriza discussões mais amplas sobre temas sociais. Mesmo assim, estar por dentro dos acontecimentos mais importantes confere ao candidato um repertório útil para a construção de argumentações consistentes, o que é essencial em um texto longo, de até 30 linhas, como é exigido no exame.
O professor Marlus Geronasso, do curso Decisivo, aposta no protagonismo juvenil como temática provável, mas não limitado apenas às manifestações de rua. “O tema já apareceu em outros dois exames no início dos anos 2000 e neste ano tivemos a tragédia em Santa Maria e o debate sobre a redução da maioridade penal, por exemplo. Há muito a se explorar nessa linha”, diz Geronasso. O foco na juventude também seria coerente com o histórico do Enem, que procura incluir nos enunciados das questões assuntos conhecidos por quem está concluindo o ensino médio.
O transporte público é outra forte possibilidade, segundo o professor Sérgio Degrande Júnior, do curso Dom Bosco. Foi o estopim dos protestos no meio do ano e permitiria ao candidato muitas linhas de desenvolvimento para problematizar o assunto, o que se encaixa bem naquilo que os organizadores da prova procuram. “O que o Enem quer é que o aluno discuta o tema, problematize, debata e sugira uma solução para o problema. O tema do transporte é ótimo para isso.”
Estratégia
A demanda por soluções também é destacado pelo professor Wellington Borges Costa, o Wella, do curso Positivo. Ele sugere ao candidato a estratégia de transformar o enunciado em uma questão sobre a qual se deve falar e, no fim, responder. É preciso, contudo, tomar alguns cuidados. Segundo Wella, não se trata de criar uma pergunta binária cuja resposta seria apenas sim ou não, a favor ou contra. “Se formos transformar o tema da redação do Enem em uma pergunta, seria mais adequada uma pergunta do tipo ‘como’. Por exemplo: como ampliar a inclusão digital?”, explica.
Portanto, é muito arriscado ao candidato saber tudo sobre determinado fato recente e relevante à história do país, mas ter pouco a dizer a respeito de outras áreas sociais. Na redação do Enem, quem possui uma cultura geral ampla sai na frente.
Domínio
Cinco competências serão cobradas do candidato na redação e usadas como critério na avaliação:
Competências
1) Demonstrar domínio da modalidade escrita formal.
2) Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
3) Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4) Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5) Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
2) Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
3) Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4) Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5) Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
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