Orações Subordinadas
No período composto, as orações se relacionam de tal modo que umas podem exercer funções sintáticas em relação a outras. Toda oração que exerce uma função sintática em relação à outra denomina-se oração subordinada. As orações subordinadas,conforme a função sintática que exerçam, classificam-se em substantivas, adjetivas ou adverbiais.
a) substantivas: exercem as funções próprias de um substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto). As subordinadas substantivas são introduzidas,em geral, pelas conjunções integrantes que e se, as quais não desempenham nenhuma função sintática.
b) adjetivas: exercem a função sintática de adjunto adnominal, comumente exercida pelo adjetivo. As subordinadas adjetivas são introduzidas por pronomes relativos - que, quem, quanto, como, onde cujo (e flexões), o qual (e flexões). Os pronomes relativos desempenham diferentes funções sintáticas na oração por eles introduzida.
c) adverbiais: exercem a função sintática de adjunto adverbial, característica do advérbio. As subordinadas adverbiais são introduzidas pelas conjunções subordinativas (exceto as integrantes) e exprimem circunstâncias de tempo, conseqüência, causa, comparação, concessão, proporção, condição, conformidade e finalidade. Tais conjunções não desempenham função sintática.
Orações Subordinadas Substantivas
As orações subordinadas substantivas, conforme a função sintática que desempenham,classificam-se em subjetivas, objetivas diretas,objetivas indiretas, predicativas, completivas nominais ou apositivas.
a) subjetivas: exercem a função de sujeito do verbo da oração principal.
I: Seu casamento | / é urgente. |
sujeito
|
|
II: Que você case | / é urgente. |
or. subord. subst. subjetiva
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or. principal
|
No exemplo I, em que temos um período simples, o núcleo do sujeito é representado por um substantivo - casamento. No exemplo II, um período composto formado de duas orações, o sujeito da oração principal é representado por uma oração - que você case - que exerce a mesma função sintática do substantivo casamento no exemplo I. A essa oração, que exerce a função sintática de sujeito de outra oração, dá-se o nome de oração subordinada substantiva subjetiva:
-oração subordinada porque exerce uma função sintática subordina-se a outra
- substantiva porque exerce uma função própria do substantivo
- subjetiva porque exerce a função sintática de sujeito da oração principal
Note as ocorrências mais freqüentes de orações subordinadas substantivas subjetivas: .
or. principal
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or. subord. subst. subjetiva
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Ex.: É provável | / que ele chegue ainda hoje. |
Ex.: Convém | / que ele chegue ainda hoje. |
Ex.: Conta-se | / que ele chegará ainda hoje. |
Quando há oração subordinada substantiva subjetiva, a oração principal apresenta o verbo na terceira pessoa do singular e não possui sujeito nela mesma.
b) objetivas diretas: exercem a função sintática de objeto direto do verbo da oração principal:
or. principal
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or. subord. subst. objetiva direta
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Ex.: Espero | / que você case. |
Ex.: Desejo | / que ele volte. |
Ex.: Não sei | / se viajarei amanhã. |
c) objetivas indiretas: exercem a função sintática de objeto indireto do verbo da oração principal.
or. principal
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or. subord. subst. objetiva indireta
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Ex.: Necessitávamos | / de que nos ajudassem. |
Ex.: Gostaria | / de que todos me apoiassem. |
Nesses exemplos os verbos da oração principal exigem uma preposição, a qual antecede a conjunção integrante.
d) predicativas: desempenham a função sintática de predicativo do sujeito da oração principal.
or. principal
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or. subord. subst. predicativa
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Ex.: Meu maior desejo era | / que todos voltassem. |
Ex.: Minha esperança é | / que sejas feliz. |
Observe a presença do verbo de ligação na oração principal.
e) completivas nominais: exercem a função sintática de complemento de um nome da oração principal.
or. principal
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or. subord. subst. completiva nominal
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Ex.: Tenho medo | / de que me traias. |
Ex.: Sou favorável | / a que o condenem. |
Observe que as completivas nominais (assim como o complemento nominal) se ligam ao nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) por meio de preposição.
f) apositivas: desempenham a função sintática de aposto de um nome da oração principal.
or. principal
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or. subord. subst. apositiva
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Ex.: Desejo uma coisa: | / que sejas feliz. |
Ex.: Espero sinceramente isto: | / que vocês não faltem mais. |
Note que, assim como no caso do aposto, as orações apositivas separam-se da principal por sinal de pontuação.
As orações subordinadas substantivas, como vimos, começam geralmente pelas conjunções subordinativas integrantes (que e se). Podem, no entanto, vir introduzidas por outras palavras:
or. principal
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or. subord. subst. apositiva
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Ex.: Não sei | / como ele se comportou. |
Ex.: Perguntei | / quando era o exame. |
Ex.: Não sei | / por que és tão vaidosa. |
Ex.: Perguntamos | / quanto custava o produto. |
Ex.: Não sabemos | / quem escondeu os documentos. |
Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas adjetivas são, como já definimos, aquelas que exercem a função sintática de adjunto adnominal, própria do adjetivo. Estão relacionadas a um nome da oração principal e vêm introduzidas por um pronome relativo.
I. Admiramos os alunos | estudiosos. |
| adjetivo |
| |
II. Admiramos os alunos | / que estudam. |
| or. subord. adjetiva |
No exemplo I, em que temos um período simples, o adjetivo estudiosos exerce a função sintática de adjunto adnominal. Já no exemplo II, um período composto, a função sintática de adjunto adnominal não é mais exercida por um adjetivo, mas por uma oração que equivale a um adjetivo - que estudam - a qual funciona como adjunto adnominal do núcleo do objeto direto alunos. A essa oração dá-se o nome de oração subordinada adjetiva:
- oração subordinada porque exerce uma função sintática
- adjetiva porque exerce a função de adjunto adnominal, própria do adjetivo
É muito fácil reconhecer uma oração subordinada adjetiva, já que ela sempre virá introduzida por um pronome relativo. A oração adjetiva pode vir depois da oração principal ou estar nela intercalada:
Ex.: Serão premiados os alunos |
/ que
| conseguirem melhor nota. |
or. principal
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pron. rel.
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or. subord. adjetiva
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Ex.: Os alunos |
que
| conseguirem melhor nota | serão premiados. |
or. principal
|
pron. rel.
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or. subord. adjetiva
|
or. principal
|
Quanto ao sentido, as orações subordinadas adjetivas classificam-se em restritivas ou explicativas.
a) restritivas: restringem a significação do nome a que se referem.
Ex.: O homem |
/ que fuma
| / vive menos. |
or. principal
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or. subord. adj. restritiva
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or. principal
|
Verifique que a característica expressa pela oração adjetiva que fuma não se aplica a todos os elementos da espécie humana. Dizemos, então, que ela restringe a significação do nome a que se refere: abrange não todos os homens, apenas aqueles que fumam. Outros exemplos:
Ex.: Os jogadores | / que foram convocados | / apresentaram-se ontem. |
or. principal
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or. subord. adj. restritiva
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or. principal
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Ex.: O homem | / que trabalha | / vence na vida. |
or. principal
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or. subord. adj. restritiva
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or. principal
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Ex.: Resolveram os exercícios | / que faltavam. |
or. principal
| or. subord. adj. restritiva |
b) explicativas: não restringem a significação do nome; pelo contrário, acrescentam uma característica que é própria do elemento a que se referem.
Ex.: O homem | / , que é um ser racional | / , aprende com os erros. |
or. principal
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or. subord. adj. explicativa
|
or. principal
|
Verifique que a característica ser racional não restringe a significação do nome a que se refere, uma vez que se aplica a todos os elementos da espécie. Assim, a oração subordinada adjetiva explicativa informa uma característica que é própria a todos os seres humanos. Dizemos então que ela explica o significado do nome a que se refere. Outros exemplos:
Ex.: O Sol | / , que é uma estrela | / , é o centro do nosso sistema planetário. |
or. principal
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or. subord. adj. explicativa
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or. principal
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Ex.: Capitu | / , que é uma personagem de Dom Casmurro | / , tinha olhos de ressaca. |
or. principal
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or. subord. adj. explicativa
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or. principal
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Ex.: São Paulo | / , que é o maior parque industrial da América Latina |
or. principal
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or. subord. adj. explicativa
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/ , apresenta sérios problemas de poluição ambiental. |
or. principal
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As orações subordinadas adjetivas explicativas são obrigatoriamente separadas da principal por vírgula.
Função sintática dos pronomes relativos
Como já vimos,os pronomes relativos desempenham função sintática na oração adjetiva. Para analisá-lo, o melhor procedimento é montar a oração adjetiva substituindo o pronome relativo pelo seu antecedente.
Ex.: O homem | / , que é um ser racional | / , aprende com os erros. |
antecedente
| pron. relativo |
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(Oração principal: O homem aprende com os erros. Oração adjetiva: O homem é um ser racional.) |
O próximo passo é analisar essa oração adjetiva. Observe que a função do pronome relativo será a mesma que, feita a substituição, seu antecedente exercer na oração adjetiva. No exemplo, o pronome relativo desempenha a função sintática de sujeito da oração subordinada adjetiva. As principais funções sintáticas desempenhadas pelos pronomes relativos são:
a) sujeito Ex.: O sol, / que é uma estrela, / é o centro de nosso sistema planetário. (que substitui o sol. - O Sol é uma estrela. - O Sol: sujeito.)
b) objeto direto Ex.: Os trabalhos / que faço / me dão prazer. (que substitui os trabalhos. - (eu) Faço os trabalhos. - os trabalhos: objeto direto.)
c) objeto indireto Ex.: Os filmes / a que nós nos referimos / são italianos. (que substitui os filmes. - Nós nos referimos aos filmes. - aos filmes: objeto indireto.)
Ex.: As pessoas / de quem gostamos / são italianas. (quem substitui as pessoas. - Gostamos das pessoas. - das pessoas: objeto indireto.)
d) predicativo do sujeito Ex.: O atleta saudável / que ele sempre foi / hoje está fora das pistas por causa de um acidente. (que substitui o atleta saudável. - Ele sempre foi o atleta saudável. - o atleta saudável: predicativo do sujeito.)
e) complemento nominal Ex.: O filme / a que fizeram referência / foi premiado. (que substitui o filme. - Fizeram referência ao filme. - ao filme: complemento nominal.)
f) adjunto adnominal Ex.: O menino / cujo pai é médico / deverá seguir a carreira do pai. (cujo substitui o menino. - O pai do menino é médico. - do menino: adjunto adnominal.)
g) agente da passiva Ex.: O médico / por quem fui operado / é também professor da universidade. (quem substitui o médico. - Fui operado pelo médico. - pelo médico: agente da passiva.)
h) adjunto adverbial Ex.: A cidade / em que moro / é bastante tranqüila. (que substitui a cidade. - Moro na cidade. - na cidade: adjunto adverbial.)
Orações Subordinadas Adverbiais
Orações subordinadas adverbiais são, conforme definimos anteriormente, aquelas que exercem a função sintática de adjunto adverbial, própria do advérbio. Observe:
I. Saímos | tarde. |
| advérbio |
| |
II. Saímos | / quando era tarde. |
|
or. subord. adverbial
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No exemplo I, em que temos período simples, o advérbio tarde exerce a função sintática de adjunto adverbial. Já no exemplo II, período composto, a função sintática de adjunto adverbial não é mais exercida por um advérbio, mas por uma oração equivalente - quando era tarde. A essa oração dá-se o nome de oração subordinada adverbial:
- oração subordinada porque exerce uma função sintática
- adverbial porque exerce a função de adjunto adverbial, própria do advérbio
As orações subordinadas adverbiais iniciam-se pelas conjunções subordinativas,exceto as integrantes (que, como vimos, introduzem as orações subordinadas substantivas). A Nomenclatura Gramatical Brasileira faz referência a nove tipos de oração adverbial: causal, comparativa, consecutiva, concessiva, condicional, conformativa, final, proporcional, temporal. A melhor maneira de classificar as orações adverbiais é pensar no significado da oração dentro do contexto da frase. Não se habitue, portanto, a decorar conjunções. Vejamos agora cada tipo, um a um.
a) causal: exprime uma circunstância de causa, aqui entendida como motivo,ou seja,aquilo que determina ou provoca um acontecimento. As principais conjunções e locuções conjuntivas causais são: porque, como (equivalendo a porque), visto que, já que, uma vez que.
Ex.: Não viajamos | / porque estava chovendo. |
or. principal
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or. sudord. adv. causal
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b) comparativa: exprime circunstância de comparação, que é o ato de confrontar dois elementos a fim de estabelecer semelhanças ou diferenças entre eles. As principais conjunções comparativas são: como, que (precedido de mais ou de menos):
Ex.: Choveu | / como chove em Belém. |
or. principal
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or. sudord. adv. comparativa
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Muitas vezes as orações comparativas vêm com o verbo elíptico. Ex.: Choveu / como em Belém. (= choveu como chove em Belém. Verbo elíptico: chove) Ex.: Falava mais / que papagaio. (= Falava mais que papagaio fala. Verbo elíptico: fala)
c) consecutiva: exprime circunstância de conseqüência (resultado ou efeito de uma ação qualquer). A principal conjunção consecutiva é que (precedido de um termo intensivo: tão, tal, tanto).
Ex.: Choveu | / tanto que o jogo foi suspenso. |
or. principal
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or. sudord. adv. consecutiva
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d) concessiva: exprime circunstância de concessão, que é o ato de conceder, de permitir, de não negar, de admitir uma ideia contrária. As principais conjunções e locuções conjuntivas concessivas são: embora, conquanto, se bem que, ainda que, mesmo que, por mais que, por menos que.
Ex.: Choveu | / embora a meteorologia previsse bom tempo. |
or. principal
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or. sudord. adv. concessiva
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Nas orações concessivas se admite um fato contrário a outro fato expresso pela oração principal, porém incapaz de impedi-lo; por isso as orações concessivas trazem sempre em si a ideia de apesar de. E.: Tirou boa nota, se bem que não tivesse estudado. (= Tirou boa nota apesar de não ter estudado.)
e) condicional: exprime circunstância de condição, entendida como uma obrigação que se impõe ou se aceita para que um determinado fato se realize. As principais conjunções e locuções conjuntivas condicionais são: se, caso, contanto que, desde que.
Ex.: Viajaremos | / se não chover amanhã. |
or. principal
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or. sudord. adv. condicional
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A oração condicional traz sempre em si a ideia de na hipótese de. Terminarei o trabalho amanhã se tudo der certo. (= Terminarei o trabalho amanhã na hipótese de tudo dar certo.)
f) conformativa: exprime circunstância de conformidade, isto é, de acordo, de adequação, de não-contradição. As principais conjunções conformativas são: conforme, segundo, consoante, como.
Ex.: Choveu, | / conforme era previsto. |
or. principal
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or. sudord. adv. conformativa
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g) final: exprime circunstância de finalidade, entendida como o objetivo, a destinação de um fato. As principais conjunções e locuções conjuntivas finais são: a fim de que, para que, que.
Ex.: Os lavradores esperavam a chuva | / a fim de que não perdessem safra. |
or. principal
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or. sudord. adv.final
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h) proporcional: exprime circunstância de proporção, entendida como a relação entre duas coisas, de modo que qualquer alteração em uma delas implique alteração na outra. As principais locuções conjuntivas proporcionais são: à proporção que, à medida que.
Ex.: À proporção que a civilização progride, | / o romantismo se extingue. |
or. sudord. adv.proporcional
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or. principal
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i) temporal: exprime circunstância de tempo. As principais conjunções e locuções conjuntivas temporais são: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que.
Ex.: Choveu | / quando eram dez horas. |
or. principal
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or. sudord. adv. temporal
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Orações Subordinadas Reduzidas
Muitas vezes, as orações subordinadas (substantivas, adjetivas, adverbiais) podem aparecer sob a forma de orações reduzidas. As orações subordinadas reduzidas têm duas características:
apresentam o verbo em uma das formas nominais: gerúndio, particípio ou infinitivo;
não vêm introduzidas por conectivos (conjunções e locuções conjuntivas subordinativas ou pronomes relativos).
As orações subordinadas reduzidas classificam-se, de acordo com a forma verbal que apresentam, em:
subordinada reduzida de gerúndio;
subordinada reduzida de particípio;
subordinada reduzida de infinitivo.
Para analisar uma oração subordinada reduzida, basta fazer o seguinte:
1. desenvolvê-la, ou seja, tirá-la da forma reduzida, fazendo aparecer o conectivo; 2. analisar a oração desenvolvida; 3. aplicar a análise da oração desenvolvida à reduzida, acrescentando as palavras reduzida de gerúndio, particípio ou infinitivo, conforme o caso. Observe atentamente o exemplo que segue:
Ex.: Penso / estar doente.
Desenvolvendo:
Ex: Penso | / que estou doente. |
or. principal
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or. sudord. subst. obj. dir.
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Analisando a oração desenvolvida, temos: oração subordinada substantiva objetiva direta. Agora, basta aplicar a classificação à oração reduzida e acrescentar as palavras reduzida de infinitivo. Portanto:
Ex.: Penso | / estar doente. |
or. principal
| or. sudord. subst. obj. dir. reduzida de infinitivo |
Vejamos outro exemplo:
Ex.: Vi guardas / conduzindo presos.
Desenvolvendo:
Ex.: Vi guardas | / que conduziam presos. |
or. principal
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or. sudord. subst. adj. restritiva
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Aplicando a análise à oração reduzida, temos: oração subordinada adjetiva restritiva, reduzida de gerúndio.
Examinemos agora uma terceira hipótese:
Ex.: Terminado o baile, / todos saíram.
Desenvolvendo:
Ex.: Quando terminou o baile,
|
/ todos saíram.
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or. sudord. adverbial temporal
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or. principal
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