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27 de março de 2016

Períodos no texto


“Penso, logo existo”. Para Descartes, o ato de pensar é a prova da existência humana e da nossa sobreposição evolutiva em relação aos demais seres. A filósofa Marilena Chauí, afirma que
Quando pensamos, pomos em movimento o que nos vem da percepção, da imaginação, da memória; aprendemos o sentido das palavras; encadeamos e articulamos significações, algumas vindas de nossa experiência sensível, outras de nosso raciocínio, outras formadas pelas relações entre imagens, palavras, lembranças e ideias anteriores. O pensamento apreende, compara, separa, analisa, reúne, ordena, sintetiza, conclui, reflete, decifra, interpreta, interroga. (Chaui, 1999, p. 154) 1
E Othon Moacir Garcia define as palavras como sendo “o revestimento das ideias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar”. 2
Os textos dissertativos, comumente cobrados nos exames e vestibulares, exigem o uso de linguagem objetiva, clara e concisa e isso só pode ser obtido por quem tem clareza de ideias, lógica no raciocínio.
Impossível? Claro que não! Mas exige treino. Citando mais um estudioso brasileira da linguagem, o prof. Mattoso Câmara, só é possível escrever sobre aquilo que se conhece: “Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem”.
Desse modo, como todo aluno deve ter ouvido ao menos uma vez na vida de um professor de Redação, é importante ter o hábito da leitura. Esse hábito vai colaborar com a recomendação de Mattoso Câmara, de que devemos conhecer o assunto, mas vai, além disso, deixar-nos familiarizados com estruturas textuais empregadas pelos autores, as quais, pouco a pouco, vamos internalizando, de tal modo que passamos a empregá-las nos nossos próprios textos.
Logo, não teremos mais tanta dificuldade em organizar o pensamento, que estará treinado pela leitura, facilitando também a exposição das ideias.
Mesmo assim, alguns conselhos sempre são úteis:
  • Evite frases muito longas: elas podem comprometer a compreensão do texto pelo leitor ou, pior ainda, fazer com que o redator se perca nas próprias ideias, já que, ao emendar uma, outra e mais outra, pode deixar escapar a linha de raciocínio ou deixar algum pensamento inconcluso;
  • A frase deve conter uma ideia completa: o período deve apresentar um pensamento que faça sentido, mesmo que seja necessário relacioná-lo com períodos anteriores, para manter a progressão textual ou ampliar, desdobrar ou aprofundar os sentidos desses. O período ideal é simples e curto, mas sem deixar de lado informações que sejam essenciais para a sua compreensão. Executar essa tarefa é um exercício de concisão, essencial para quem se dispõe a escrever bem.

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