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10 de março de 2018

SOMENTE UMA LEITURA

LABIRINTOS TEXTUAIS


Texto vem de tecido. E este nada mais é do que uma linha vertical perpassada por outra linha horizontal, com tamanho, formato e cores diversos, construindo-o, elaborando-o, para existir.
Com o texto não é diferente: a palavra, a frase, a oração e a metalinguagem usadas são com o propósito deliberado de ser entendido, compreendido, percebido (ou não!), da forma que o autor do mesmo quis que ele fosse.
Há, no entanto, formas de classificá-lo de forma didática, embora essas especificações se façam incompletas, nunca uma estratificação fechada e acabada.
Mas há textos, por exemplo, que poderíamos chamá-los de Práticos. São aqueles que fazemos (escrita e leitura) por necessidade, por facilidade da vida cotidiana, tais como bilhete, contas de água, luz, telefone, embalagem, bula, convite, manual, calendário, ata, carnê, receita, anúncio, nota fiscal, contrato, itinerário do ônibus, etc.
Há, também, os que são Informativos, cujos conteúdos provêm do campo das ciências em geral. São os conhecidos textos técnico-científicos, como jornal, revista, enciclopédia, dicionário, constituição e lei, biografia, gramática, atlas, livro didático, entre tantos outros. Aos que desejam ser bem informados, eis os textos que devem ler.
Não podemos esquecer os textos Literários ou Prazerosos. Tais composições privilegiam a mensagem, combinando os diferentes elementos da língua para dar uma impressão de beleza, de estética agradável ou de criações linguísticas. Temos que destacar que eles causam prazer, deleite, gozo em que os lê. São leituras sem “forçar a barra”. Estão nesse patamar o conto, a fábula, o romance, o filme, o script, o mito, a poesia, o monólogo, a história infantil, diário, novela, apólogo, etc.
Por fim, existem os textos Não Verbais ou Extraverbais, nos quais imperam as linguagens de sinais, ícones e símbolos, podendo ou não ser mesclados com os anteriores. Nesse particular, a ilustração, a arquitetura, a mímica, a escultura, as artes plásticas, a música, o gesto, sinal de trânsito, gravura, símbolos pátrios se destacam.
No auge da pós-modernidade, a partir de meados do séc. XX, a mistura, o pastiche, a bricolagem, fizeram parte das composições textuais como característica máxima dessa série estética, que se seguiu à Modernidade de 22.
Por isso, para os teóricos de então ficou difícil dizer se um texto é isso ou aquilo. Um exemplo é o de um aluno que tinha prazer em ler bula de remédio. Ele as colecionava. Tinha gosto em ler tal coisa, que para simples mortais é apenas texto Prático. Para o sujeito se tornou um texto Prazeroso.
Outro exemplo está nos PCN’s de Língua Portuguesa, que nos mostram o depoimento de um aluno que odiava ler Drummond. E ele questionava se só porque a professora dizia que era literatura, que era poesia, boa arte, ele tinha que ler e gostar. Lia só por causa do vestibular. Isto é, de um texto pretensamente Literário ele transformou, pelo seu gosto, em texto Informativo.
          Enfim, de forma geral, podemos traçar a média dos gêneros e tipologias textuais (e de suas leituras!) e passar a classificar como Prático, Literário ou Informativo. Sem esquecer a permuta – o tal do tecido – que pode haver entre um e outro, de acordo com o gosto pessoal, profissional ou cultural de cada ser humano.

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