NO INICIO DO BLOG

21 de março de 2010

Pasárgada tão distante

A polêmica acerca da igualdade racial é um mito sustentado de diversas maneiras; porém, na verdade, nunca existiu. Podemos falar de desigualdade racial hoje, mas igualdade é uma realidade cogitada a níveis distantes do tempo, a qual, mesmo assim, talvez nunca venha a atingir seu equilíbrio.
Recentemente, uma menina de 16 anos, traços indígenas e deficiente física, foi vitimada dentro da própria instituição que a abrigava. Seus opressores, munidos de uma irracionalidade descomedida, não só abusaram dela sexualmente, como também utilizaram-se de um método brutal de tortura medieval para lhe causarem dor. Esse caso não é o único nem o primeiro e tampouco será o último. Assim como o índio queimado vivo em uma parada de ônibus em Brasília, há alguns anos, é um fato que elimina toda e qualquer possibilidade de, algum dia, convivermos em uma realidade passível de humanização igualitária. Lamentavelmente, em pleno século 21, ainda não aprendemos a conviver com as diferenças do modo como deveríamos.
O ser humano apresenta uma tendência muito forte a rejeitar e oprimir aquilo que destoa de seus padrões e estereótipos. Assim como nos processos, nos quais todo elo fraco, mais cedo ou mais tarde, será eliminado, talvez parta desse princípio o comportamento humano frente a situações de confronto étnico. No âmago de nossas personalidades, resguardamos o impulso inconsciente de discriminar e nos a ter a detalhes tão insignificantes como a cor da pele, no ímpeto de reduzir alguém que nos evoca ameaça. Quem nunca oprimiu outra pessoa, mesmo que silenciosa e inconscientemente, utilizando-se das características físicas desse indivíduo em um momento de raiva?
A realidade é que a igualdade racial ainda é um um horizonte muito distante de ser atingido. As pessoas não estão preparadas para enxergar o mundo com outros olhos, seja negro, seja pardo, seja branco. Enquanto não houver domínio sobre a truculência racial e as diferenças forem alvo de nosso preconceito, nosso mundo involuirá para um lugar cada vez mais idealizado e restrito, e a Pasárgada de Manuel Bandeira, onde tudo é tão perfeito e harmônico, talvez nunca venha a existir.
Gurizada, quero que leiam com carinho esse texto. Observem a coerência, a coesão, o título, os desenvolvimentos, a conclusão e a citação indireta utilizada pelo candidato. Um texto nota dez escrito por Milena Nunes.

Nenhum comentário: