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8 de março de 2010

Redação de um Aluno Sobre a proposta "As três concepções do Tempo"

É reiterada a prática de nos referirmos ao tempo como um ente animado e sobre-humano, capaz de ministrar ensinamentos, numa perspectiva mais romântica curar dores pungentes, e, ainda, purificar a não realização de uma atividade inconscientemente indesejável e mesmo a não contemplação de pequenos espetáculos da vida. Mas o seria o tempo senão uma criação humana para delimitar seus erros e vitórias pretéritos, suas angústias presentes e a sua esperança no que está por empreender?
Parece-nos irrealizável vislumbrar na história, no tempo passado, um fio condutor habilitado a concatenar seus acontecimentos e distribuir-lhes logicidade. Igualmente é difícil constatar eficácia na prática de impor ao tempo uma grande carga simbólica, tornando-o um agente apto para orientar nossas experiências presentes e futuras, de maneira a assegurar que as falhas e barbáries albergadas nas páginas da história não mais se repitam. Verifica-se que o emprego desse artifício não obsta a reiteração de atrocidades e, ademais, a distribuição de tal natureza sobre-humana, "o grande mestre" do tempo pretérito constitui poderoso instrumento de difusão da irresponsabilidade e banalização dos erros já cometidos. Não se compreendem as ações humanas presentes, voltando-se para o passado, posto que estas encontram exemplos nas necessidades individuais, e não no fato de consistirem suposto desdobramento de um lapso temporal determinado.
O tempo é, então, o agir humano hoje e agora, a satisfação dos anseios pessoais que não se submete a critérios de logicidade ou se evoca pretensões ao magistério. As justificativas de hoje perdem sua plausibilidade quando avaliadas em uma retrospectiva e não cumprem seu papel quando se mira o futuro. Jogar com o futuro, criar compromissos intergeracionais que condicionem a atuação humana corrente, é sempre arriscado, visto que se lida com a referida ausência de um padrão lógico a pautar o comportamento humano.Desse modo, não se pode atribuir ao tempo futuro a função de ente orientador da atividade presente, responsável por dignificá-la ou condená-la. As aspirações humanas demandam sua imediata satisfação, não se curvando a juízos de responsabilidades que tenham o tempo futuro por parâmetro.
Assim, o tempo nada mais é do que o homem agindo no presente. O tempo passado não tem o condão de servir como grande instrutor responsável pela explicação das conjunturas atuais, prestando-se mais à função de alegria a colorir contos e estórias do que ente capaz de refrear o ímpeto humano diante do que se imagina necessário. E o futuro,este se faz campo das especulações e hábitat da esperança, mas não baliza verdadeiramente a atividade humana, de cunho essencialmente imediatista. O tempo é, desse modo, o dia a dia que se aglutina de maneira caótica,com contextos irrepetidos e impassíveis de justificação em momento distinto do agora.
Título - Era uma vez... FUVEST

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