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28 de março de 2010

Tema de redação 2010

Estando a nossa porta uma nova eleição, volta à pauta, para alguns de forma intolerável, a questão da ética na política. Quero dizer, ética nas campanhas, nas promessas dos candidatos, nas verbas que os financiam. Porque a ética na política do dia a dia, dos partidos, das administrações, do loteamento de cargos, da retribuição dos financiamentos, dos favores bem pagos, passou a ser tema recorrente na fétida realidade política brasileira. O cheiro é quase insuportável. Infelizmente, porque se suportável fosse, algo de novo poderia acontecer. Mas, não. Será tudo como sempre foi. Parece contraditório? Não é.
Adotar um discurso moralizador é quase uma obrigação de todo político que pretenda se eleger. No entanto, acreditar nele é uma opção de quem escuta. E essa opção é feita com base em uma confrontação que os interlocutores fazem entre seus valores e o conteúdo daquilo que foi dito e prometido. Se a promessa parece boa, mesmo que inverossímil, por si e pela história de quem a profere, lá se vai um voto. A lógica brasileira é a da vantagem fácil. Se tiver um jeitinho de atalhar, é por aí que se vai. Se der para comprar um "diploma" em um curso rápido, tanto melhor. Esse negócio de trabalhar muito, de construir uma trajetória com base no mérito, não, isso não é coisa da nossa terra. Não tem ginga.
Assim, que o chamamento para que a população pense bem em quem vai votar, para depois não se arrepender, já cansa. E, além de cansativo, é ineficaz. Como sempre foi. Tudo por que apela para uma consciência moral que não integra o menu das prioridades nacionais. Fosse diferente, muitos políticos que estão por aí com mandatos revigorados, já teriam ido para casa há muito tempo. Ao contrário, grande parte dos que saíram da cena o fizeram ou por desilusão pessoal, ou por não terem sido reconduzido pelas urnas, justamente por se terem recusado a entoar o canto da sereia, preferindo dizer a verdade a quem não estava predisposto a recebê-la.
Nesse sentido, não há como ter esperança na depuração da política nacional pelo agir consciente de um povo ignorante e, sobretudo, desinteressado das coisas da democracia.
A fantástica roubalheira que se tem desvelado nos últimos anos neste país parece não sensibilizar o eleitor. E por que isso acontece? Por que a sociedade brasileira não é estica? Ao eleger continuamente mandatários que reiteradamente dão provas de não se importarem com a coisa pública, ou de se ocuparem disso apenas marginalmente, o eleitor se desautoriza para a crítica. Pior. Desavergonha-se. E, no seu cotidiano, pratica os mesmos atos que, hipocritamente, finge condenar, o negócio é levar vantagem em tudo.
Mas não quero ser injusto. Coloco a salvo todos aqueles que, como eu, angustiam-se com essa realidade. Não somos poucos. Podemos fazer mais. E faremos. Basta expressarmos nossa indignação em nossas ações, desde aquelas mais singelas até aquela mais poderosa: nosso voto. Não o voto do feriado, mas o voto da democracia responsável, comprometida. Obrigada a André Vanoni Godoy, advogado, pela maravilhosa mensagem.
Você concorda que a sociedade brasileira não é ética?

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