No dia 5 de novembro passado, o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana (MG) provocou o que já pode ser considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil. Na verdade, as consequências catastróficas do problema não se limitaram à região mineira onde o fato ocorreu, mas se estenderam por centenas de quilômetros, atingindo até o oceano Atlântico, no litoral do Espírito Santo. Contudo, até o momento pouco se sabe sobre as causas do acidente, que ainda não foram esclarecidas. Na coletânea de textos que compõe essa proposta de redação, você encontrará várias informações sobre a tragédia. Com base nesses textos, faça uma reflexão sobre o assunto e redija uma dissertação argumentativa, dizendo se o acontecimento pode ser considerado uma inexorável fatalidade ou ele poderia ter sido evitado, caso não houvesse negligência por parte dos envolvidos na atividade mineradora e na sua fiscalização. Justifique suas opiniões, defendendo seu ponto de vista.
Perguntas sem respostas
Duas semanas após o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério em Mariana (MG) ainda sobram perguntas sobre os responsáveis pelo que já é considerado o maior desastre ambiental do Brasil e a dimensão dos custos para lidar com suas consequências. A Samarco, empresa que opera o complexo de barragens na região, e suas acionistas, a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, têm anunciado medidas de emergência para atender as populações locais e tentar reparar os já inúmeros danos ao meio ambiente. No entanto, faltam esclarecimentos sobre como avançam as investigações que vão determinar as razões do desastre. Entre as 48 notas publicadas pela mineradora Samarco em sua página oficial, apenas duas mencionam "investigações e estudos" sobre as causas do rompimento da barragem de Fundão.
[BBC Brasil]
Degradação democratizada
O evento de Mariana serviu para mostrar a negligência e a inoperância dos órgãos governamentais frente aos eventos desta natureza. Mesmo para quem não tem formação técnica, um simples passeio pela região mineradora e siderúrgica de Minas Gerais mostra a degradação ambiental em todas suas formas: uma forte contaminação atmosférica associada a um passivo ambiental visível nos solos e águas, onde a fiscalização pelos órgãos governamentais (DNPM e FEAM) fica muito aquém do esperado. Nestas regiões a riqueza é para poucos, enquanto que a degradação ambiental é democratizada. Se as Normas Reguladoras da Mineração estivessem sendo seguidas na sua totalidade pela Samarco, este evento não deveria ter ocorrido. Quando o mar de lama desceu como uma avalanche para atingir o rio Doce, levando tudo no seu caminho, o governo descobriu que não sabia como agir, e começou o festival de barbaridades que não deve terminar tão cedo. Ibama, Ministério Público Federal e Estadual, agências ambientais estaduais, concessionárias de água, aventureiros, cada um falando sua linguagem própria. Afinal, qual era mesmo o material contaminante?
[Instituto de Química da Unicamp, Wilson de Figueiredo Jardim]
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