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24 de abril de 2016

Treinando os pronomes

Considere o texto abaixo para responder à questão a seguir:

De teor histórico-filosófico, os livros de M. Foucault investigam, em determinadas sociedades e em determinados períodos, quais os modos efetivos e historicamente variáveis de produção de verdade. Uma consideração que se estende para a sociedade moderna, a partir das suas instituições, diz respeito ao que podemos identificar como o traço fundamental, comum a todas elas e que, certamente, é aplicável a toda sociedade. Trata-se do princípio da visibilidade. A um tempo global e individualizante, a visibilidade constitui uma espécie de princípio de conjunto. À primeira vista sinal de transparência e de revelação da verdade, pode-se contudo questionar se o gesto de mostrar-se, de deixar-se ver, significaria uma postura despojada de desvelamento da verdade de cada um ou se o desnudamento de si mesmo não seria uma injunção, se a exposição de si não encobriria uma certa imposição decorrente das regras que regem nosso modo de produção da verdade. Acrescentemos que a investigação que quer melhor compreender nossa época não pretende apenas situá-la pela sua diferença com o que a precede, mas também, e sobretudo, instigar mudanças que, a partir e do interior do nosso presente, possam inaugurar perspectivas outras na direção do que está por vir.

(Salma T. Muchail, A produção da verdade. Filosofi a especial, n. 08, p. 7, com adaptações)


(SECRETARIA MUNICIPAL DE FAZENDA/RJ – 2010 – ESAF) 1 - No desenvolvimento do texto, a função do pronome relativo QUE é,

(A) retomar o termo “instituições” em “diz respeito ao que podemos identificar”.
(B) retomar o termo “o” em “que a precede, mas também”.
(C) retomar o termo “imposição” em “das regras que regem nosso modo de produção”.
(D) retomar a expressão “todas elas” em “que, certamente, é aplicável a toda sociedade”.
(E) retomar o termo “perspectivas” em “na direção do que está por vir”.


(TRT/16ª REGIÃO – FCC) 2 - Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados em:

(A) Enfraquecida, a cultura caipira cujos valores tanta gente se encantou, cede lugar às modas citadinas, de que quase todos tomam como parâmetro.
(B) A moda sempre existiu, sempre haverá quem a adote, assim como sempre haverá quem não lhe poupe o aspecto de superficialidade.
(C) A moda, cujos os valores são sempre efêmeros, define as maneiras de vestir e pensar de que se comprazem os citadinos.
(D) Vive-se num tempo onde as mudanças são tão rápidas que fica difícil acompanhar-lhes em sua velocidade.
(E) Os modos de ser com que se apropria a gente da cidade são os que lhesparecem mais civilizados.


A questão a seguir baseia-se no texto apresentado abaixo.

A correspondência oficial não dispensa nem os protocolos de rigor que lhe são próprios, nem a máxima objetividade no tratamento do assunto em tela. Não cabendo o coloquialismo do tratamento na pessoa você, é preciso conhecer o emprego mais cerimonioso de Vossa Senhoria e Vossa Excelência, por exemplo, para os casos em que essas ou outras formas mais respeitosas se impõem. Quanto à disposição da matéria tratada, a redação deve ser clara e precisa, para que se evitem ambiguidades, incoerências e quebras sintáticas.

(Diógenes Moreyra, inédito)

(TRT/16ª REGIÃO – FCC) 3 - Quanto ao emprego das formas de tratamento, está correta a seguinte construção:

(A) Sempre contaremos com os préstimos com que Vossa Senhoria nos tem honrado, razão pela qual, antecipadamente, deixamos-lhe aqui nosso profundo reconhecimento.
(B) Vimos comunicar a Vossa Excelência que já se encontra à vossa disposição o relatório que nos incumbiste de providenciar há cerca de uma semana.
(C) Diga a Vossa Senhoria que estamos à espera de suas providências, das quais não nos cabe tratar com seu adjunto – grande, embora, seja a consideração, meu caro senhor, que lhe dispensamos.
(D) Esperamos que Vossa Senhoria sejais capaz de atender aos nossos reclamos, ao nosso ver justos e precisados de toda a vossa atenção.
(E) Se preferires, adiaremos o simpósio para que não nos privemos de sua coordenação, Excelência, bem como das sugestões que certamente tereis a nos oferecer.


A questão a seguir baseia-se no texto abaixo:

Bolsa-Floresta

Quando os dados do desmatamento de maio saíram esta semana da gaveta da Casa Civil, onde ficaram trancados por vários dias, ficou-se sabendo que maio foi igual ao abril que passou: perdemos de floresta mais uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Ao ritmo de um Rio por mês, o Brasil vai pondo abaixo a maior floresta tropical. No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruição.
O Estado do Amazonas é o que tem a floresta mais preservada. O número repetido por todos é que lá 98% da floresta estão preservados, 157 milhões de hectares, 1/3 da Amazônia brasileira. A Zona Franca garante que uma parte do mérito lhe cabe, porque criou alternativa de emprego e renda para a população do estado. Há quem acredite que a pressão acabará chegando ao Amazonas depois de desmatados os estados mais acessíveis.
João Batista Tezza, diretor técnico-científico da Fundação Amazonas Sustentável, acha que é preciso trabalhar duro na prevenção do desmatamento. Esse é o projeto da Fundação que foi criada pelo governo, mas não é governamental, e que tem a função de implementar o Bolsa-Floresta, uma transferência de renda para pessoas que vivem perto das áreas de preservação estadual. A idéia é que elas sejam envolvidas no projeto de preservação e que recebam R$ 50 por mês, por família, como uma forma de compensação pelos serviços que prestam. [...]
Tezza é economista e acha que a economia é que trará a solução:
— A destruição ocorre porque existem incentivos econômicos; precisamos criar os incentivos da proteção. [...]
Nas áreas próximas às reservas estaduais, estão instaladas 4.000 famílias e, além de ganharem o Bolsa-Floresta, vão receber recursos para a organização da comunidade.
— Trabalhamos com o conceito dos serviços ambientais prestados pela própria floresta em pé e as emissões evitadas pela proteção contra o desmatamento. Isso é um ativo negociado no mercado voluntário de redução das emissões — diz Tezza.
Atualmente a equipe da Fundação está dedicada a um trabalho exaustivo: ir a cada uma das comunidades, viajando dias e dias pelos rios, para cadastrar todas as famílias. A Fundação trabalha mirando dois mapas. Um mostra o desmatamento atual, que é pequeno. Outro projeta o que acontecerá em 2050 se nada for feito. Mesmo no Amazonas, onde a floresta é mais preservada, os riscos são visíveis. Viajei por uma rodovia estadual que liga Manaus a Novo Airão. À beira da estrada, vi áreas recentemente desmatadas, onde a fumaça ainda sai de troncos queimados. [...]

LEITÃO, Miriam. InJornal O Globo. 19 jul. 2008. (adaptado)


(TJ/RO – 2010 – FUNDAÇÃO CESGRANRIO) 4 - Indique a opção em que a expressão em destaque pode ser substituída por “lhe”, assim como em “...uma parte do mérito lhe cabe,” (2º parágrafo)

(A) O economista chamou o colega de benfeitor da natureza.
(B) A Fundação convidou o professor para o cargo de diretor.
(C) O projeto pertence ao renomado cientista.
(D) O governo criou recentemente o Bolsa-Floresta.
(E) A diretora gosta muito de sua assistente.


(TJ/RO – 2010 – FUNDAÇÃO CESGRANRIO) 5 - Assinale a afirmativa em que a palavra “onde” está usada corretamente.

(A) Trabalhamos com o conceito de serviços onde o fator ambiental é preponderante.
(B) Durante a discussão dos técnicos foi levantado um novo argumento onde o diretor não gostou.
(C) Nas áreas próximas às reservas, onde estão instaladas famílias, haverá grandes investimentos.
(D) Alguns estudos apontam o ano de 2050 como decisivo, onde ocorrerá uma grande devastação.
(E) As propostas onde se encontram as soluções mais econômicas para a melhoria do ambiente serão aprovadas.


Leia o texto para responder às próximas 3 questões.

Sobre os perigos da leitura

Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.

(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 6 - A palavra “a”, em – ...no entanto, não foi a esperada. (3.º parágrafo), refere-se a

(A) candidatos.
(B) pergunta.
(C) reação.
(D) falar.
(E) gostaria.


(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 7 - As palavras que, no 3.º parágrafo, retomam o termo “os candidatos”, são:

(A) eles, outros, próprios.
(B) eles, isso, próprios.
(C) aquilo, eles, seus.
(D) eles, lhes, sua.
(E) aquilo, isso, próprios.


Leia o texto para responder à questão a seguir.

Os eletrônicos “verdes”

Vai bem a convivência entre a indústria de eletrônica e aquilo que é politicamente correto na área ambiental. É seguindo essa trilha “verde” que a Motorola anunciou o primeiro celular do mundo feito de garrafas plásticas recicladas. Ele se chama W233 Eco e é também o primeiro telefone com certificado CarbonFree, que prevê a compensação do carbono emitido na fabricação e distribuição de um produto. Se um celular pode ser feito de garrafas, por que não se produz um laptop a partir do bambu? Essa ideia ganhou corpo com a fabricante taiwanesa Asus: tratase do Eco Book que exibe revestimento de tiras dessa planta. Computadores “limpos” fazem uma importante diferença no efeito estufa e para se ter uma noção do impacto de sua produção e utilização basta olhar o resultado de uma pesquisa da empresa americana de consultoria Gartner Group. Ela revela que a área de TI (tecnologia da informação) já é responsável por 2% de todas as emissões de dióxido de carbono na atmosfera.
Além da pesquisa da Gartner, há um estudo realizado nos EUA pela Comunidade do Vale do Silício. Ele aponta que a inovação “verde” permitirá adotar mais máquinas com o mesmo consumo de energia elétrica e reduzir os custos de orçamento. Russel Hancock, executivo-chefe da Fundação da Comunidade do Vale do Silício, acredita que as tecnologias “verdes” também conquistarão espaço pelo fato de que, atualmente, conta pontos junto ao consumidor ter-se uma imagem de empresa sustentável.
O estudo da Comunidade chegou às mãos do presidente da Apple, Steve Jobs, e o fez render-se às propostas do “ecologicamente correto” – ele era duramente criticado porque dava aval à utilização de mercúrio, altamente prejudicial ao meio ambiente, na produção de seus iPods e laptops. Preocupado em não perder espaço, Jobs lançou a nova linha do Macbook Pro com estrutura de vidro e alumínio, tudo reciclável. E a RITI Coffee Printer chegou à sofisticação de criar uma impressora que, em vez de tinta, se vale de borra de café ou de chá no processo de impressão. Basta que se coloque a folha de papel no local indicado e se despeje a borra de café no cartucho – o equipamento não é ligado em tomada e sua energia provém de ação mecânica transformada em energia elétrica a partir de um gerador. Se pensarmos em quantos cafezinhos são tomados diariamente em grandes empresas, dá para satisfazer perfeitamente a demanda da impressora.

(Luciana Sgarbi, Revista Época, 22.09.2009. Adaptado)


(CREMESP – 2011 - VUNESP) 8 - Assinale a alternativa em que o uso do pronome, entre parênteses, refere-se corretamente à expressão destacada.

(A) … a Motorola anunciou o primeiro celular… (anunciou-lhe)
(B) … basta olhar o resultado de uma pesquisa… (olhar-lo)
(C) Preocupado em não perder espaço… (perdê-lo)
(D) … também conquistarão espaço pelo fato de que, … (conquistarão-o)
(E) … e se despeja a borra de café no cartucho. (despeja-na)


Leia o texto para responder às próximas 2 questões.

Quanto veneno tem nossa comida?

Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde humana. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns trabalhadores rurais apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura (para determinar o grau de resíduos do pesticida na comida), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece os valores máximos de uso dos agrotóxicos para cada cultura. Esses valores têm sido desrespeitados, segundo as amostras da Anvisa. Alguns alimentos têm excesso de resíduos, outros têm resíduos de agrotóxicos que nem deveriam estar lá. Esses excessos, isoladamente, não são tão prejudiciais, porque em geral não ultrapassam os limites que o corpo humano aguenta. O maior problema é que eles se somam – ninguém come apenas um tipo de alimento.

(Francine Lima, Revista Época, 09.08.2010)


(CREMESP – 2011 - VUNESP) 9 - Para avaliar o risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A expressão em destaque refere-se aos

(A) alimentos consumidos pelos trabalhadores.
(B) ratos usados para testes.
(C) cães que ingerem alimentos com agrotóxicos.
(D) pesticidas sintéticos e agrotóxicos.
(E) alimentos in natura.


(CREMESP – 2011 - VUNESP) 10 - Assinale a alternativa correta, quanto à colocação pronominal e ao uso dos pronomes.

(A) Não pediram-me o recibo do pagamento.
(B) Se constatou que há erro no relatório médico.
(C) O diretor disse que era para eu entregar o formulário ao paciente.
(D) Entre eu e o novo funcionário não há diálogo.
(E) A secretária confirmou que é para mim atender às solicitações.


Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

A Carta de Pero Vaz de Caminha

De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu nos do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.

(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações)

Considere o período a seguir.

“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos.”

(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 11 - Sobre as estruturas linguísticas do trecho em destaque, assinale a afirmativa correta:

(A) Os pronomes “nela” e “as” se referem à nova terra.
(B) Uma opção correta de acordo com a norma culta seria substituir “nem as vimos” por “nem vimos elas”.
(C) É possível trocar a expressão “nem as vimos” por “nela” na ordem em que aparecem no período preservando a coerência do texto.
(D) O pronome “nela” tem como referência a “terra”.
(E) Neste trecho, a palavra “nem” pode ser suprimida a partir do 2º registro sem que haja prejuízo de coesão ou coerência textual.


Leia o texto a seguir para responder às próximas 2 questões.

Convivas de boa memória

Há dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique. Um antigo dizia arrenegar de conviva que tem boa memória. A vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto a prova de ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome de tal antigo; mas era um antigo, e basta.
Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram! Eu não atino com a das que enfiei ontem. Juro só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.
E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as coisas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.
É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

(Assis, de Machado. Dom Casmurro – Editora Scipione – 1994 – pág. 65)


(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 12 - O emprego da palavra “o” em “O que faço, em chegando ao fim...” (3º§) é o mesmo que se encontra em:

(A) “[...] com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição.”
(B) “Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram!”
(C) “Eu não atino com a das que enfiei ontem.”
(D) “[...] é cerrar os olhos e evocar todas as coisas que não achei nele.”
(E) “Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.”


(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 13 - “... mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.” A palavra sublinhada nessa frase se refere:

(A) À precária memória do narrador.
(B) Às pessoas que viveram em hospedarias.
(C) À vida dos convivas.
(D) Às pessoas que passam a vida na mesma casa de família.
(E) Ao narrador não se lembrar da cor das calças.


Leia o texto a seguir e responda à próxima questão.

Os dicionários de meu pai

Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca havia visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão numa estante giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era como se ele,cansado, me passasse um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários, para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclopédias, é um traço infantil de caráter de um homem adulto.
Palavra puxa palavra, e escarafunchar o dicionário analógico foi virando para mim um passatempo. O resultado é que o livro, herdado já em estado precário, começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante das relíquias ao descobrir, num sebo atrás da sala Cecília Meireles, o mesmo dicionário em encadernação de percalina. Por dentro estava em boas condições, apesar de algumas manchas amareladas, e de trazer na folha de rosto a palavra anauê, escrita a caneta-tinteiro.
Com esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo dar sinais de fadiga, saí de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro para me garantir um dicionário analógico de reserva. Encontrei dois, mas não me dei por satisfeito, fiquei viciado no negócio. Dei de vasculhar livrarias país afora, só em São Paulo adquiri meia dúzia de exemplares, e ainda arrematei o último à venda a Amazom.com antes que algum aventureiro o fizesse. Eu já imaginava deter o monopólio (açambarcamento, exclusividade, hegemonia, senhorio, império) de dicionários analógicos da língua portuguesa, não fosse pelo senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta também tem um quiçá carcomido pelas traças (brocas, carunchos, gusanos, cupins, térmitas, cáries, lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros).
A horas mortas eu corria os olhos pela minha prateleira repleta de livros gêmeos, escolhia um a esmo e o abria a bel-prazer. Então anotava num Moleskine as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com que embasbacaria as moças e esmagaria meus rivais.
Hoje sou surpreendido pelo anúncio desta nova edição do dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade, revirassem meus baús, espalhassem ao vento meu tesouro. Trata-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra, atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.

(Francisco Buarque de Hollanda, Revista Piauí, junho de 2010)


(FAETEC/RJ – 2010 – CEPERJ) 14 - Em “Isso pode te servir” (meio do primeiro parágrafo), o pronome demonstrativo tem como referente:

(A) o dicionário analógico
(B) o dicionário Caldas Aulete
(C) os livros de consulta
(D) a estante giratória
(E) os cinco grandes volumes


(TRF/4ª REGIÃO – 2010 – FCC) 15 - Houve muitas discussões sobre medidas para se minimizar o aquecimento global, já que todos consideram oaquecimento global uma questão crucial para a humanidade, embora poucos tomem medidas concretas para reduzir o aquecimento global, não havendo sequer consenso quanto às verbas necessárias para mitigar os efeitos do aquecimento global.

Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo- se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

(A) lhe consideram - reduzi-lo - mitigá-los aos efeitos
(B) o consideram - reduzi-lo - mitigar-lhe os efeitos
(C) consideram-no - reduzir-lhe - mitigar-lhes os efeitos
(D) o consideram - reduzir-lhe - mitigar-lhe os efeitos
(E) consideram-lhe - o reduzir - mitigar-lhe seus efeitos


Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

Colisão entre caminhão e carro deixa 4 mortos em Pernambuco

Ana Lima Freitas – Texto adaptado

Uma colisão, na qual um caminhão foi de encontro a um carro, deixou 4 pessoas mortas e 2 feridas na noite desta terça-feira na cidade de Salgueiro, a 530km do Recife, no sertão de Pernambuco. Entre as vítimas fatais, estavam engenheiros responsáveis pela construção da Ferrovia Transnordestina.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o caminhão com placa do Rio Grande do Norte, o qual a Polícia recolheu ao depósito, colidiu com o carro, um veículo Gol, com placa do Ceará. Dos 4 ocupantes do Gol, 3 morreram. Entre eles estavam engenheiros responsáveis pela construção da Ferrovia Transnordestina. O motorista do caminhão também morreu no local do acidente. Ao Hospital Regional de Salgueiro as vítimas do referido acidente foram levadas.

acesso em 26 ago. 2009.


(PRF – 2009 – FUNRIO) 16 - Do texto, considere apenas o trecho: “...o caminhão com placa do Rio Grande do Norte, o qual a Polícia recolheu ao depósito, colidiu com o carro”. Em relação ao termo “o qual”, é correto afirmar que

(A) promove a coerência textual apontando o termo que o precede, sendo portanto catafórico.
(B) é tido como sujeito da frase, uma vez que substitui tal termo.
(C) pode ser substituído por “cuja” sem comprometer a coesão textual.
(D) é pronome relativo e pertence à segunda oração do período destacado.
(E) é pronome relativo, portanto, não poderia referir-se a um substantivo.


Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

Olhar o vizinho é o primeiro passo

Não é preciso ser filósofo na atualidade, para perceber que o “bom” e o “bem” não prevalecem tanto quanto desejamos. Sob a égide de uma moral individualista, o consumo e a concentração de renda despontam como metas pessoais e fazem muitos de nós nos esquecermos do outro, do irmão, do próximo. Passamos muito tempo olhando para nossos próprios umbigos ou mergulhados em nossas crises existenciais e não reparamos nos pedidos de ajuda de quem está ao nosso lado. É difícil tirar os óculos escuros da indiferença e estender a mão, não para dar uma esmola à criança que faz malabarismo no sinal, para ganhar um trocado simpático, mas para tentar mudar uma situação adversa, fazer a diferença. O que as pessoas que ajudam outras nos mostram é que basta querer, para mudar o mundo. Não é preciso ser milionário, para fazer uma doação. Se não há dinheiro, o trabalho também é bem-vindo. Doar um pouco de conhecimento ou expertise, para fazer o bem a outros que não têm acesso a esses serviços, é mais que caridade: é senso de responsabilidade. Basta ter disposição e sentimento e fazer um trabalho de formiguinha, pois,como diz o ditado, é a união que faz a força! Graças a esses filósofos da prática, ainda podemos colocar fé na humanidade. Eles nos mostram que fazer o bem é bom e seguem esse caminho por puro amor, vocação e humanismo.

(Diário do Nordeste. 28 abr. 2008)


(AGENTE MUNICIPAL DE TRÂNSITO – 2009 – IEPRO/UECE) 17 – A colocação pronominal está correta em

A) o povo de Acopiara não havia afastado-se da cidade
B) entregaremos-lhes as propostas do curso de português
C) nada me haviam dito sobre a cidade de Acopiara
D) nos lembramos das propostas do curso de português
E) ninguém machucou-se no jogo em Acopiara


GABARITO
1 - B
2 - B
3 - A
4 - C
5 - C
6 - C
7 - D
8 - C
9 - D
10 - C
11 - D
12 - B
13 - E
14 - A
15 - B
16 - D
17 - C

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