NO INICIO DO BLOG

6 de abril de 2010

Leitura, gurizada...ler..ler... e ler... tema de redação 2010

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do estado de Washington, enviou essa carta ao presidente dos Estados Unidos, Francis Pierre, depois de o governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz 144 anos. Mas o desabafo tem uma incrível atualidade.
(...) Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do chão?
A ideia não tem sentido para nós. se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis querer comprá-los?
Qualquer parte dessa terra é sagrada para meu povo, qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo. A selva que percorre o interior das árvores há em si as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a terra do seu nascimento, quando vão navegar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é mãe do homem vermelho. Somos da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os gamos, os cavalos, a majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrãncia dos bosques, a energia vital do pônei e do tudo pertence a uma só família.
Assim quando o grande Chefe em dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O grande Chefe manda dizer que nos reservará um sítio onde posamos viver confortavelmente por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós. A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de lembrar a vossos filhos que ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fase da vida do meu povo. O marulhar das águas e a voz dos nossos ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. se vendermos nossa terra a vós, deveis vos lembrar e ensinar a vossas crianças que os irmãos, vossos irmão também, e então dispensar aos rios a mesma espécie que dispensais a um irmão.
Nós mesmo sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outra qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova de seus pais é a herança de seus filhos, ele os esquece. Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu, como coisas a serem roubadas, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos. Isso eu compreendo. Nosso modo de ser é completamente diverso do vosso.A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e como tal nada possa compreender. Nas cidades do homem branco não há um lugar onde haja silêncio, paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa compreender.
O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume dos pinhos.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver ele é insensível ao mau cheiro. Mas se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que eles vivem. (...)
Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos.
... ... ... ... ...
Leia a seguir um trecho atual sobre o ambiente. Gostaríamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos há bilhões de anos está vencendo, porém temos que acertar alguns pontos fundamentais.
1- Você precisa pagar a conta de energia. Está muito alta! Como você gasta tanto?
2- Antes eu fornecia água em abundância, hoje não disponho mais dessa quantidade. Precisamos renegociar o uso.
3- Por que alguns na casa comem o suficiente e outros estão morrendo de fome, se o quintal é tão grande? Se cuidar da terra, vai ter alimento para todos.
4-Você cortou as árvores que dão sombra, ar e equilíbrio. O sol está quente e o calor aumentou. Você precisa replantar novamente !
5-Todos os bichos e as plantas do imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e não os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam.
6-Precisa verificar que cores estranhas estão no céu ! Não vejo o azul !
7- Por falar em lixo, que sujeira, hein??? Encontrei objetos estranhos pelo caminho ! Isopor, pneus, plásticos.
8- Não vi os peixes que moravam nos rios e lagos. Vocês pescaram todos? Onde estão? Bom é hora de conversarmos. Preciso saber se você ainda quer morar aqui, o que você pode fazer para cumprir o contrato?
Você pode mudar?
Sua casa - A terra
Elabore uma redação traçando um parâmetro sobre o que levou o homem a esquecer que sem o ambiente de nada valerá estar por aqui. Compare com a carta enviada em 1855, e a enviada, hoje, de forma irônica, porém mostrando uma realidade, nas entrelinhas, que nos deixa inseguros quanto ao futuro. Seja objetivo, nada de clichês, lugares comuns.

Nenhum comentário: