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14 de março de 2014

Escrever bem? Somente com muito treino, leitura, leitura.


A redação talvez seja a disciplina escolar - ou atividade humana - das mais complexas e problemáticas de todas, não à toa os grandes escritores rareiam no mundo. Um dos fatores que se associam a essa ideia é porque ela é totalmente cognitiva, mental. Uma atividade subjetiva, em que o redator lida somente com a folha em branco e o próprio conhecimento, sem ou com poucas interferências externas.
O professor de redação pode, quando competente, lançar ao aluno algumas técnicas -regras- de composição de alguns gêneros textuais: narrativo, descritivo, dissertativo, jornalístico, epistolar. Porém, o docente jamais interferirá no texto propriamente dito, não poderá dizer ao discente o que escrever, o como, o jeito de fazê-lo, do contrário a autoria será do professor e não do aluno.
Para aprender a escrever bem, ao contrário de andar de bicicleta, por exemplo, só com treino, bastante prática e muita leitura. O ato de começar a pedalar é feito apenas uma vez, cai da bicicleta no primeiro momento, suja-se, mas o sujeito morre sabendo, aprende para sempre! Já com a redação, não. O sujeito tem que treinar, escrever, suar, assim como pensar, ler, pesquisar. São atividades que se completam na complexidade da escrita.
Outra ajuda viável que o professor-leitor pode dar ao escrevente iniciante ou intermédio é corrigir os seus possíveis erros, dizer onde pecou, alertar para possíveis interpretações equivocadas do tema, idéias superficiais usadas, deslizes gramaticais. Mais importante do que frequentar as aulas de redação, muitas vezes, é ter um especialista, um amigo, um colega, que possa ler o texto alheio e mostrar como melhorá-lo. Depois, óbvio, reescrevê-lo até ficar bom.
Até mesmo professores  - sem falar dos escritores profissionais e dos jornalistas- necessitam estar a todo instante escrevendo, reescrevendo e lendo: primeiro para ser exemplo, exemplo que pode, que é possível, que não é nada de outro mundo; segundo, porque o exercício é fundamental, só se aprende fazendo e refazendo!
As melhores redações, no entanto, que se tem feito por vestibulandos e concurseiros no Brasil afora são as que extrapolam qualquer regra, qualquer técnica prévia. É uma mescla de texto demiúrgico com um objetivo proposto no enunciado, focado na questão que está abordando. São redações incríveis, com idéias superiores, muito acima da média dos que prestam vestibular ou concurso. Para se chegar a esse estágio, porém, só há uma única regra a seguir: fazer da escrita um sacerdócio! Eis um belo desafio para nós mesmos!
Assim, não estaremos criando meros escreventes ou redatores em ambientes superficiais das escolas, cursos e pré-vestibulares – algumas vezes de forma até coercitiva. Mas, estaremos preparando o sujeito para ser cidadão através da sua escrita; estaremos criando luzes nas consciências; estaremos ampliando visões de mundo e jorrando sabedoria por todos os cantos. É só lapidar o diamante bruto!

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