Figuras de Linguagem - Teoria
A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da língua.
Acontece que as normas estabelecidas pela gramática nem sempre são obedecidas pelo falante que, muitas vezes, delas se desvia.
Estes desvios podem dar-se por dois motivos:
1) o falante quer reforçar a mensagem, construindo uma nova, original.
2) o falante não conhece ou não concorda com a norma padrão.
Os desvios da norma culta, enquanto reforço da mensagem, vão constituir as figuras de linguagem. São recursos especiais utilizados na comunicação e se dividem em três grupos= Figuras de Construção ou Sintaxe, de Pensamento e de Palavras.
DIFERENÇA ENTRE LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA
Dependendo do seu emprego e da situação na frase, elas se chamam:
1) METÁFORA
É entendida como uma comparação abreviada, em que o termo comparativo está subentendido.
Na figura acima há uma comparação entre chutar o balde e não resolver nada, fugir. Existe uma comparação, mas não a palavra COMO.
"Meu cartão de crédito é uma navalha.”(Cazuza)
A navalha serve para cortar e a comparação existente é que o cartão de crédito também corta as minhas finanças, a minha vida,etc. Depende da interpretação de quem lê.
Também não existe a palavra COMO.
2) COMPARAÇÃO
Há uma identificação entre as palavras através de nexos comparativos explícitos – como, tal, qual, assim.....
O celular da Nokia é tão bom quanto o da LG.
"E se acabou no chão feito um pacote bêbado.” (Chico Buarque)
3) IRONIA
Afirma-se o contrário do que se pensa, geralmente num tom depreciativo e sarcástico.
4)HIPÉRBOLE
É o recurso pelo qual se engrandece ou se diminui de forma exagerada uma afirmação.
Já te falei um milhão de vezes: arruma o teu quarto.
Ensopei o travesseiro de tanto chorar.
Estou morta de fome.
5)CATACRESE
Emprega-se uma palavra no sentido figurado por hábito ou esquecimento de sua etimologia.
Minha mãe embarcou no avião da TAM para Porto Seguro.
Os braços do mar.
O pé da montanha.
Ninguém coça as costas da cadeira.
6) EUFEMISMO
É o recurso utilizado para atenuar um pensamento desagradável ou chocante.
Ele passou dessa para melhor.
Era deficiente visual.
7) PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
Consiste em emprestar ação, voz ou sentimentos humanos a seres inanimados, irracionais ou imaginários.
O relógio dançava no compasso das batidas do meu coração.
8) ANTÍTESE
É o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.
"Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...”
(Alphonsus de Guimaraens)
9) SINESTESIA
É o emprego de palavras que nos transmitem sensações físicas, atiçam nossos sentidos.
As derrotas do Grêmio deixam um gostinho de prazer nos adversários.
"... Os homens, esses não se preocupavam em molhar o pelo, ao contrário, metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas das mãos.”
(Aluísio de Azevedo)
10) METONÍMIA
Consiste numa transposição de significado, isto é, uma palavra que significa algo e passa a ser usada com outro significado por haver entre elas algum relacionamento.
Pediu a mão da moça em casamento.
( A mão resume o todo)
Adora Machado de Assis.
(Gosta da obra, dos livros)
11) PERÍFRASE
É uma expressão que designa um ser através de algumas de suas características ou atributos.
Moro na Fronteira da Paz.
(Não preciso dizer que é em Livramento.)
O ouro negro jorrou na bacia de Santos.
(o petróleo)
12) ONOMATOPEIA
Consiste no emprego de uma ou mais palavras que sugerem ruído.
O tique-taque do meu coração.
Zum, zum, zum faziam as abelhas.
13) PLEONASMO
É a repetição de uma idéia a fim de enfatizar a mensagem.
Este erro, jamais o cometerei.
OBS: Quando o pleonasmo perde seu caráter enfático é erro e, então, chamado de vício de linguagem.
Caí um tombo.
Vi com meus próprios olhos.
14) GRADAÇÃO
É a sequência de palavras que intensificam uma mesma idéia.A
"Porque gado a gente marca,
Tange, ferra, engorda e mata,
Mas com gente é diferente.”
(Geraldo Vandré)
Um degrau, uma escada, uma escadaria...
15) PARADOXO
É uma antítese aparente. Na realidade, reforça a expressão.
A flor, quebrando o asfalto, era uma horrenda delícia.
Rio um doloroso riso.
16) ELIPSE
Ocorre quando se omitem termos facilmente identificáveis.
Acabamos brigando.
(= Quem? Nós)
"A tarde talvez fosse azul,
Não houvesse tantos desejos.”
(Faltou a palavra SE, mas se entende facilmente sem ela.)
(Carlos Drummond de Andrade)
17) ALITERAÇÃO
Ocorre quando fonemas consonantais se repetem ordenadamente nas frases.
O vento vazava zunindo pelos vãos das velhas venezianas.
"Será que ela mexe o chocalho ou é o chocalho que mexe com ela.”
( Chico Buarque)
18) ASSONÂNCIA
Ocorre quando fonemas vocálicos se repetem ordenadamente nas frases.
Sou Ana, da cama, da cana, fulana, bacana.
"Sou mulato nato no sentido lato
Mulato democrático do litoral.”
( Caetano Veloso)
19) SILEPSE
Consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se entende, com o que está implícito.
É a chamada concordância ideológica.
Ela pode ser:
A) de gênero – Vossa Excelência está preocupada?
B) de número – Os Lusíadas exaltou a literatura portuguesa.
C) de pessoa – O inacreditável é que os brasileiros persistamos em dormir mal.
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15 de março de 2014
Figuras de linguagem
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