Redação no ENEM: A Importância dos Adjetivos Enem |
O adjetivo é uma classe de palavra que modifica outra classe de palavra, o substantivo, acrescentando a este uma qualidade, uma extensão ou ainda uma quantidade àquilo que ele nomeia. A qualidade acrescida, por sua vez, pode ser uma qualidade positiva ou negativa, pois não é sempre que o adjetivo modifica, positivamente, um substantivo. Por isso, recomendo que pensemos que o adjetivo caracteriza um substantivo ao invés de qualificar um substantivo. Além dos adjetivos, temos também as locuções adjetivas e os adjetivos substantivados, ou seja, adjetivos que têm funções sintáticas de substantivos.
A conceitualização do adjetivo é conhecida da maioria das pessoas que sabe identificar tal classe de palavra e que a usa, sem maiores problemas, no dia a dia ao falar e ao escrever. Porém, na maior parte das vezes, não nos damos conta de que os adjetivos que usamos indicam, de antemão, nossa opinião sobre um determinado assunto ou uma determinada pessoa. Dependendo do contexto no qual estamos inseridos, usamos adjetivos para expressarmos posicionamentos, posturas, ideias e opiniões e, no contexto da redação do ENEM, portanto, os adjetivos são fundamentais para construirmos nossas estratégias argumentativas a fim de elaborarmos uma tese embasada.
Em uma dissertação-argumentativa, como a proposta de redação do ENEM, devemos, como autores, opinar, de maneira consistente, acerca de uma determinado tema, sempre respeitando os direitos humanos. Deste modo, somos postos em uma situação de escolha de lados, como por exemplo, na proposta de redação do ENEM sobre a publicidade infantil em questão no Brasil; o candidato, nesse caso, tinha duas opções: ser contra ou favorável às propagandas para as crianças.
Neste sentido, o uso dos adjetivos no momento do embasamento crítico e argumentativo é essencial para indicar as opiniões do autor acerca do referido tema em relação à publicidade infantil propriamente dita, à regulamentação das mesma, às famílias, ao papel do governo, da escola e dos pais etc.
Para exemplificarmos de uma maneira mais objetiva, e até divertida, usaremos uma tirinha da Mafalda, personagem do cartunista argentino Quino:
No primeiro quadrinho da tirinha, Mafalda refere-se ao Cavaleiro Solitário (personagem do gibi que Filipe está lendo) por meio da expressão “esse cara” que, por sua vez, é usada quando não conhecemos um referido homem ou rapaz ou quando o conhecemos, mas temos uma impressão ruim do mesmo. Vale lembrar que, obviamente, também depende da forma como pronunciamos tal expressão, da nossa entonação, do nosso interlocutor e do contexto no qual estamos inseridos.
Já no segundo quadrinho, Filipe responde a Mafalda que o Cavaleiro é solitário (adjetivo) porque o super-herói luta sozinho (adjetivo) contra os maus (adjetivo). No terceiro quadrinho, como sempre contestadora e questionadora, Mafalda inverte o sentido que usualmente damos à palavra “solitário”: ao invés de despertar pena ou dó do personagem por ele ser solitário ou, ainda, ao invés de Mafalda o elogiar porque “ele luta sozinho contra os maus”, a menina o caracteriza como tonto (adjetivo) porque ele não sabe que é mais positivo (adjetivo) trabalhar em grupo, chamando-o de “ignorante” (adjetivo) no fim da tirinha. O que para a maioria das pessoas é um ato de bravura, para Mafalda é uma ignorância e uma bobagem.
Neste caso, os adjetivos contribuem para com o efeito de humor da tirinha, já que a compreensão de Mafalda e a expressão facial de Filipe geram risos, já que o menino fica atônito com as conclusões da amiga. Já no caso de uma dissertação-argumentativa, os adjetivos expressam, assim como Mafalda fez, a nossa apreciação de valor sobre determinado assunto e, portanto, devem ser usados com precisão vocabular.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário