É comum aparecerem algumas dúvidas de ortografia no momento da escrita. Existem, no Português, alguns sons registrados por diferentes letras, o que pode causar dificuldades e erros. Isso acontece porque a base da ortografia de nosso idioma é fonético-etimológica, o que significa que leva em conta o som, a pronúncia da palavra, e também a origem dela. Daí haver sons iguais com escrita diferente. E, para não errarmos, existem dois jeitos de estudar ortografia: o jeito fácil e o difícil!
Falemos primeiro sobre o jeito fácil: esse, todos colocamos em prática desde que começamos a ler. Como assim? É que quando desenvolvemos o hábito da leitura e a fazemos com atenção (não basta ‘passar os olhos’ sobre o texto para saber mais ou menos do que ele trata), acionamos um mecanismo de ‘memória visual’: mesmo sem nos darmos conta, nosso cérebro registra a ‘aparência’ daquelas palavras.
É isso que nos possibilita verificarmos a ortografia escrevendo o termo de dois modos e escolhermos a ‘mais bonita’ ou a ‘mais simpática’… Ela não foi escolhida pela beleza, mas porque seu cérebro reconheceu a forma com que ele já se deparou algumas vezes, durante a atividade da leitura. Assim, fica a dica: leia bastante, mas textos bem escritos. E consulte o dicionário sempre que encontrar termos desconhecidos, o que também fixará a grafia na sua memória.
Agora, passemos ao segundo jeito. É estudar e memorizar as regras. Como eu mencionei, a base da ortografia de nosso idioma é fonético-etimológica, mas não é aleatoriamente que se escolheu escrever o vocábulo com uma e não com outra letra. Existe um padrão, que resulta nas regras apresentadas na Gramática.
Será empregado Ç:
1) Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer”
ater– atenção
deter– detenção manter– manutenção
contorcer– contorção
distorcer-distorção contorcer– contorção
2) Na conjugação de alguns verbos
nascer – nasço, nasça crescer- cresço, cresça descer- desço, desça
Aqui a presença do Ç se justifica, pois o verbo no infinitivo já apresenta a letra C, que tem som sibilante diante de vogal E e para manter a mesma letra e o mesmo som, acrescenta-se a cedilha.
3) Na correlação t > ç, c: quando o termo primitivo apresenta um T, o derivado apresentará Ç (pela etimologia: o T está presente na palavra em Latim, geralmente)
Ato – ação, Canto – cancioneiro, Ereto – ereção, Isento – isenção Exceto – exceção Deter – detenção infrator – infração trator – tração redator – redação introspectivo – introspecção relativo – relação
Exceção: dissentir/dissensão e a correlação rt > ers: divertir/diversão
4) Em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a desinência R:
reeducar – reeducação importar – importação repartir – repartição fundir – fundição
5) Após ditongo quando houver som de s:
eleição traição
6) Em vocábulos de origem árabe, italiana, tupi e africana:
açúcar, muçulmano, açafrão, açoite, açougue
muçarela, carroça araçá, açaí, Iguaçu, Juçara, Guaçu bagunça, cachaça, caçula, miçanga
Propositalmente, deixei por último as palavras de origem estrangeira, pois a pergunta que me fazem é sempre a mesma: “Como vou saber que o termo vem de outra língua?”
E para responder, volto ao jeito fácil de aprender ortografia… Não é preciso saber, se a palavra for incorporada na nossa bagagem vocabular e cultural por meio da leitura!!!
E o conhecimento detalhado das regras servirá apenas para resolver questões, pois nem os professores de Língua Portuguesa, quando estão redigindo textos, ficam pensando em cada uma das regras… Nós lançamos mão de nosso estoque de palavras guardado na memória. E recorremos ao dicionário, quando a memória dá uma falhada, afinal, apesar de tudo, somos humanos, como os alunos hehe!
|
NO INICIO DO BLOG
22 de maio de 2016
Surgiu a dúvida: É com “Ç”? Por quê?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário