Sob pressão popular, o Congresso Nacional decretou e a presidente da República sancionou a lei 13.269, em 13 de abril deste ano, autorizando o uso da substância fosfoetanolamina sintética – a chamada "pílula do câncer" - por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna. A medida atendeu aos anseios de muitos cidadãos afetados por diversos tipos de cânceres e seus familiares, mas desagradou os cientistas, que questionam a eficácia da substância, bem como exigem pesquisas e testes antes da liberação de qualquer produto farmacêutico. Pois bem, se os cientistas, que são as principais autoridades nessas questões, foram contra a liberação, os políticos tinham o direito de contrariá-los, criando uma lei, por assim dizer, contrária aos princípios da ciência? Sobre questões de saúde, quem deve dar a última palavra: a Política ou a Ciência? Apresente sua opinião sobre a questão, defendendo sua posição com argumentos. A coletânea de textos que integra essa proposta de redação pode ajudá-lo a refletir sobre o tema.
Pressão popular
Entre as manifestações de brasileiros que saíram às ruas no fim de 2015, um protesto na Avenida Paulista chamou a atenção por defender uma causa diferente às usuais demandas políticas. Com máscaras cirúrgicas, as pessoas ostentavam faixas com dizeres como "tomara que você não precise da fosfo" e "a cura do câncer existe". Pediam fervorosamente a liberação da "pílula do câncer". Uma mulher sem o seio esquerdo pintou o corpo de azul e branco, em referência às cores da pílula, e sobre o peito mutilado escreveu: "Foi preciso, mas foi necessário?".
Protestavam pela regularização da fosfoetanolamina sintética – a chamada "pílula do câncer" –, um composto criado por pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo em São Carlos e defendido por eles e por muitos portadores de tumores malignos como um objeto de tratamento bem-sucedido contra o câncer. O remédio foi objeto de estudo por mais de duas décadas do professor Gilberto Orivaldo Chierice, hoje aposentado, junto com outros cinco acadêmicos, e distribuído empiricamente a pacientes por 10 anos. Seu uso estava proibido devido à falta de testes definitivos sobre sua eficácia. Desde o dia 13, não está mais: Dilma Rousseff sancionou neste dia uma lei que libera o porte, o uso, a distribuição e também sua fabricação. Seus defensores comemoram a medida, enquanto cientistas criticam a presidente por um ato que consideram "populista".
Câncer não é doença
Quem pede pela liberação da fosfoetanolamina sintética fabricada e distribuída na USP São Carlos acredita que a substância pode curar qualquer tipo de câncer. Mas é possível um único composto tratar mais de cem tipos de doenças? Segundo os oncologistas consultados pelo UOL a resposta é não.
"É errado chamar o câncer de doença porque na verdade é um conjunto de mais de cem doenças que são tratadas de forma específica", afirma Gustavo dos Santos Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Bastante arriscado
"Compreendo que a pressão das pessoas que têm câncer e de seus familiares possa ter movido tanto a Câmara e o Senado quanto a presidente a endossar esse tipo de norma. Porém, é bastante arriscado aprovar uma droga que não tem sequer passagem pelas etapas mínimas de pesquisa farmacêutica", diz Mauro Aranha, presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
Para Aranha, uma substância só pode ser liberada para fins terapêuticos após verificados quesitos como sua efetividade, segurança e a interação com outros medicamentos que o paciente esteja tomando.
Quatro pontos a favor
Quatro pontos a favor
1 – Tratamento alternativo: Muitos pacientes são desacreditados pelos médicos devido a terem descoberto o câncer em um estágio muito avançado, quando já não é possível fazer quimioterapia ou cirurgias. Nesses casos, a fosfoetanolamina entraria como um tratamento alternativo da doença, garantindo assim uma possibilidade de melhora e até mesmo cura, de acordo com o que for descoberto após todas as pesquisas que precisam ser feitas.
2 – Qualidade de vida para pacientes no estado terminal: Algumas pessoas que fizeram o uso da fosfoetanolamina disseram ter notado uma melhora significativa mesmo quando a sentença de morte já era praticamente certa. Assim, a substância poderia ser utilizada para garantir uma maior qualidade de vida, mesmo que não com o fim de cura ou tratamento.
3 – Efeito placebo: Isso explicaria a melhora de alguns pacientes com câncer que fizeram uso da fosfoetanolamina caso a substância na verdade não possua toda a capacidade que o professor Chierice afirma que ela tem. Não é muito aconselhável, porém já representa alguma coisa para muitas pessoas que precisam lidar com a doença, tanto a sua própria quanto de alguém próximo e querido.
5 – Pesquisas já feitas apontam resultados promissores: Apesar de terem sido realizadas apenas em culturas de células e animais de laboratório, a substância apresentou resultados promissores em ambos os casos. O organismo do ser humano é sim mais complexo, mas com a realização de todas as pesquisas necessárias pode-se chegar a um resultado satisfatório, e quem sabe um dia a fosfoetanolamina realmente venha a fazer parte do tratamento de pelo menos alguns tipos da doença.
Observações
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;
Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 25 e no máximo 30 linhas escritas;
De preferência, dê um título à sua redação.
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