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21 de setembro de 2017

GURIZADA, LEIAM MUITO SOBRE ESTES TEMAS


A página do Portal Nacional da Educação (PNE), numa rede social, divulgou no último dia 18 de setembro uma foto com quinze possíveis temas da proposta de redação da edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Apesar de a própria página, em sua descrição, afirmar que não faz parte das redes sociais do Governo Federal nem é ligada com os canais de comunicação do Ministério da Educação e do Inep, pensamos que seria interessante discutir tal lista  sobre a prova de redação do Enem.
Primeiramente, antes de discuti-la, gostaríamos de ressaltar duas coisas: em primeiro lugar, de nada adianta ler sobre ou estudar possíveis temas de propostas de redação para o Enem  ou para qualquer outro exame, concurso ou vestibular e se esquecer ou deixar de lado o estudo da prática da leitura e da escrita, já que não há salvação para uma dissertação-argumentativa que não obedece à norma culta da Língua Portuguesa, que é incoerente, em que falta coesão textual, que não progride no que concerne a temática etc.
Em segundo lugar, é preciso considerar que, caso algum desses quinze temas seja o contemplado na proposta de redação do Enem 2017, talvez ele não seja colocado com esses comandos, ou seja, do mesmo modo em que foi escrito nesta publicação da página do PNE (imagem), já que todos eles podem ser abordados sob diferentes pontos de vista, sempre visando ao viés social no contexto histórico, político e social do Brasil.
Vamos a uma pequena discussão sobre cada um dos temas listados na publicação da página do PNE. Hoje, abordaremos sete temas e, na próxima semana, abordaremos os demais.

1. Consumismo e Ostentação

Na sociedade capitalista neoliberal em que vivemos, o consumo é um dos aspectos mais importantes, pois relaciona-se com a economia de uma país, já que se a população diminui o consumo por conta de uma crise, a indústria freia a produção, os empregados perdem seus empregos e este processo torna-se uma verdadeira bola de neve. Deste modo, o consumo faz parte da vida de todos, pois é necessário consumir para comer, beber, morar, vestir, locomover-me etc. Mas quando este consumo passa do que é item de primeira necessidade para o supérfluo, o consumismo pode ser encarado inclusive como transtorno psicológico, uma válvula de escape para os problemas. Considerando o contexto imediatista e de alta exposição que vivemos atualmente nas redes sociais, a ostentação atrela-se ao consumismo de tal modo que pode criar uma sociedade altamente exposta, consumista e que ostenta bens desnecessários.

2. Analfabetismo funcional no Brasil

O número de analfabetos funcionais no Brasil ainda é expressivo, infelizmente. O analfabeto funcional é aquele que não consegue interpretar e compreender, de maneira proficiente, um texto, não sendo hábil em estabelecer relações entre textos, formular hipóteses e inferências etc. A educação e os hábitos de leitura e de escrita estão intimamente ligados com essa questão, o que gera consequências catastróficas para o país em vários sentidos (social, econômico, cultural, educacional etc). A alfabetização é o primeiro passo para a cidadania e uma pessoa analfabeta tem esse direito privado.

3. Bullying nas escolas

bullying é, infelizmente, um problema comum nas escolas de todo o mundo e no Brasil não é diferente. Casos de violência verbal, física e sexual que humilham, ofendem, machucam e magoam crianças e adolescentes devem ser tratados com muito cuidado pelas famílias e pelas escolas, que precisam trabalhar de maneira conscientizadora junto ao agressor, ao alvo e aos demais alunos que nada fazem para combater os atos de bullying. O suicídio está aumentando entre os jovens e uma das maiores causas é a depressão recorrente de bullying.

4. Desigualdade entre homens e mulheres no Brasil

A questão do gênero já foi abordada pelo Enem quando este colocou como tema da proposta de redação a violência persistente contra a mulher no Brasil e pode ser abordada novamente com este tema. Pesquisas comprovam que mulheres, no geral, estudam mais tempo do que os homens, mas mesmo assim ganham, no geral, cerca de 30% a menos do que homens em cargos equivalentes. Mulheres são chefes de milhões de famílias, mas ainda são os homens que mais ocupam cargos de chefias nas empresas. Homens legislam causas femininas, como a legalização do aborto, por exemplo; as mulheres são a minoria em cargos políticos no Brasil. Como reverter essa situação injusta? Como arrancar o machismo da sociedade?

5. Os limites de humor e a liberdade de expressão

Humoristas têm sido alvo de processos judiciais de pessoas que sentem-se ofendidas e humilhadas por piadas propagadas em canais de televisão, rádios e internet. Eles dizem ser apenas uma piada, que esta não incentiva nenhum tipo de preconceito, mas ela sempre tem um alvo. As pessoas ofendidas sentem-se no direito de não gostar da piada, assim como o humorista sente-se no direito de fazê-la. O humor tem limites? O humorista deve, necessariamente, estar pronto para as respostas e rebatidas do público? O politicamente correto ameaça a liberdade de expressão do humor?

6. A nova constituição familiar no Brasil

A família típica de propaganda de margarina – pai, mãe, filhos e cachorro, numa manhã alegre de sol, em volta da mesa, felizes – não é mais a única formação familiar presente na sociedade brasileira. Há mães solteiras (divorciadas ou viúvas), pais solteiros (nas mesmas situações), pais divorciados que compartilham a guarda dos filhos, crianças que são criadas por avós, tios, madrinhas; há famílias que adotam filhos, há famílias sem filhos; há famílias compostas por duas mães, outras compostas por dois pais; há ainda famílias cujo pai ou mãe são transexuais… Ou seja, além dos laços biológicos, devemos considerar os laços de afeto e de amor que unem as pessoas, porém, a cada dia que passa, vemos um projeto teológico de Estado (mesmo este sendo laico de acordo com a Constituição Federal de 1988) que legisla em favor de sua causa e contrário à minorias e isso resvala nas novas constituições familiares. É mais um tema no qual o respeito deve estar acima de tudo. O que é teológico, deixemos para a teologia. O que é social e coletivo, deve ser política pública de um Estado laico.

7. Consciência ambiental

Há tempos o Enem prioriza os temas de viés social e não aborda temas voltados à questão do meio ambiente, da preservação da natureza e da consciência ambiental. Quando vemos que grande parte da Amazônia pode ser “leiloada” para grandes empresas, temas com esse viés são de suma importância. E engana-se quem pensa que a questão ambiental não afeta o lado social, pois afeta, e não só os índios que estão sendo mortos e perdendo suas terras, mas a todos nós, pois, até onde se sabe, não há condições de vida em outra planeta. Há até quem pense e diga que o efeito estufa é uma invenção mentirosa…
Por hoje, ficamos por aqui. Na próxima semana discutiremos os demais temas possíveis para a proposta de redação do Enem 2017 publicados pelo PNE.

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