A proposta de redação do Enem 2014 – “A publicidade infantil em questão no Brasil” – foi assunto na mídia na semana passada pela suspeita do vazamento do tema e da coletânea, no Piauí e no Ceará, horas antes da realização do exame. O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsáveis pelo Exame Nacional do Ensino Médio, declararam apoio e auxílio às investigações da Polícia Federal (PF) e afirmaram que o Enem 2014 não será anulado.
Diante deste cenário, continuo o trabalho sobre a 16ª edição do Enem e sobre a proposta de redação “A publicidade infantil em questão no Brasil”. Na publicação anterior, analisei o tema e a coletânea de textos motivadores da proposta e sinalizei algumas abordagens possíveis. No texto de hoje, analiso a abordagem de uma leitora que enviou uma mensagem perguntando se fugiu do tema ou não.
Antes de iniciar a análise, gostaria de ressaltar que tudo o que afirmo a respeito da proposta de redação do Enem 2014 é baseado, somente, na prova de produção textual do exame, já que não faço parte da banca corretora, ou seja, não conheço a grade de correção que está sendo aplicada no processo de correção da redação do Enem deste ano.
Voltando à mensagem da nossa leitora, esta nos contou que abordou o tema “A publicidade infantil em questão no Brasil” pelo viés do trabalho infantil na mídia como meio de vender produtos infantis, isto é, utilizando crianças em propagandas e/ou em programas televisivos.
Tendo em mente a coletânea, é possível citar como exemplo de publicidade infantil propagandas de produtos (brinquedos, roupas, pacotes turísticos, alimentos etc) que utilizam crianças para atrair outras crianças, mas o trabalho infantil na publicidade e na mídia não era o foco do tema da proposta de redação do Enem 2014. O tema dizia respeito à publicidade voltada para o público infantil e não ao trabalho infantil na publicidade e na mídia como um todo (em novelas, filmes, programas de TV em geral, em propagandas etc).
Portanto, as crianças, na redação do Enem 2014, eram o público alvo de um determinado tipo de publicidade e não mão de obra de um determinado tipo de trabalho. Para tratar do trabalho infantil nas mídias, o tema deveria conter a palavra “trabalho”, o que não é o caso.
Assim, infelizmente, os candidatos ao Enem 2014 que abordaram o trabalho infantil nas mídias não atenderam às expectativas das bancas elaboradora e corretora, já que colocaram as crianças como mão de obra da mídia e não como público alvo que, por sua vez, pode ser influenciado por propagandas.
Novamente repito e enfatizo que citar como exemplos peças publicitárias que utilizam crianças para atrair outras crianças é válido, já que este é um recurso muito usado pelas agências de propaganda, mas escrever uma dissertação-argumentativa sobre o trabalho infantil nas mídias é não atender às expectativas da prova de redação do Enem 2014.
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