Estrutura básica de uma Carta Argumentativa:
- Cabeçalho:
na margem do parágrafo, colocam-se a cidade e a data; - Vocativo: também na margem do parágrafo, define-se o grau de formalidade entre locutor e interlocutor do texto. Há a saudação e o tratamento dispensados ao interlocutor (Prezado Senhor…, Caro Presidente…, Ilmo. Senhor… etc.). Usa-se a vírgula, normalmente.
- Corpo do Texto: inicia-se na margem de parágrafo. Diferentemente do modo a que o aluno está acostumado, no corpo da carta dissertativa há o espaço da argumentação: não basta a estrutura, é preciso defender a tese, atender à proposta, selecionando os argumentos, sem esquecer que há uma situação de interlocução (nesse caso, há a necessidade do uso da 3ª pessoa sempre, seja no modo verbal – “imagine”, “veja”, “repare” – seja na invocação, com os pronomes de tratamento – mantendo o respeito a quem se dirige). É preciso também que seja usada a 1ª pessoa. Lembre-se de que o número de linhas exigido pela banca deve ser respeitado no Corpo e não na estrutura toda.
- Despedida: na margem de parágrafo, na linha abaixo da que termina o corpo da carta. Mantém-se o padrão de linguagem definido. O mais comum é usar a expressão “atenciosamente”, mas é possível escrever uma despedida criativa.
- Assinatura: usa-se a margem de parágrafo, abaixo da despedida. O candidato não pode assinar o nome na redação do vestibular, mas há sempre uma indicação da banca sobre como fechar a carta. Há as opções de usar somente as iniciais do nome do aluno (M.N., por exemplo) ou usar a expressão “Um estudante”, “Uma estudante”. É importante prestar atenção ao que a proposta vai solicitar a você.
Exemplo de carta argumentativa:
(O vocativo, ou seja, a pessoa a quem é endereçada a carta)
PREZADOS SENHORES,
Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.
Antes de qualquer coisa, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores.
Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.
Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.
Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa.
Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante.
Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida.
Atenciosamente – (despedida formal)
Um estudante
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